domingo, 14 de novembro de 2010

A TAVERNA NÃO MORREU!




Galera, passo aqui pra avisar que não larguei o blog. Tô tendo pouquíssimo tempo pra resenhar algo digno a vocês e prefiro não postar a colocar qualquer coisa mixuruca para vossas prestigiadas pessoas.

Peço desculpas pelo inconveniente mas prometo que, em breve, voltaremos com força total!
AEAEAEAE

Abraços!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon

PINK FLOYD | Música de verdade | Psicodelia | Álbum Conceitual


  1. Speak To Me - Breathe
  2. On The Run
  3. Time
  4. The Great Gig In The Sky
  5. Money
  6. Us And Them
  7. Any Colour You Like
  8. Brain Damage
  9. Eclipse
Esses dias a única coisa que veio à minha cabeça foi: POSTAR PINK FLOYD NA TAVERNA. Mas Pink Floyd é um caso raro. RARÍSSIMO! Como escolher qual álbum postar primeiro? Todo mundo precisa de um ponto inicial pra entender a arte que é a música do Pink Floyd, logo, acho que pra quem não está acustumado com a psicodelia BRABA, é melhor eu não postar os primeiros CDs logo de cara. Resolvi então, colocar um álbum do ápice da carreira deles, que é pra mim de 1970 - 1980, mas pra outros fãs não, mas vamo lá. Eu tinha diversos álbuns dessa época pra postar! Meddle, Dark Side, Wish You, Animals, The Wall.... E por diversos dias de pensamento, resolvi começar do álbum mais simples, mais conceituoso e mais famoso do Pink Floyd.
O Dark Side Of The Moon vai ser um ótimo álbum pra você que nunca ouviu Pink Floyd, começar a ouvir. Músicas pequenas, refrões e riffs contagiantes, mas num deixa de ter toda a crítica e filosofia que o Floyd tem.

Vou começar contando uma história. Em meados de 1964, quatro garotos ingleses que estavam entrando para o rumo da música montaram uma banda. Esses eram: Syd Barret (Guitarra), Roger Waters (Baixo), Richard Wright (Teclado) e Nick Mason (Bateria). Os moços começaram então a criar música e logo o principal compositor, Syd Barret, começou a botar suas influências da psicodelia americana nas músicas. Um exemplo de música da época é "Astronomy Domine" que mostra exatamente o sentimento de psicodelia espacial, que syd amava mais que seu tão querido LSD. Syd além de escrever as músicas todas do primeiro CD da banda, deu também o nome à banda. Pink Floyd é em homenagem à dois cantores de blues, Pink Anderson e Floyd Council que Syd gostava muito. Mas nem tudo são flores na vida da banda.
Syd Barret e sua personalidade esquizofrênica, começaram mais e mais a se enfiar no LSD e tinha momentos em que Syd, durante shows ao vivo, mal conseguia tocar! Por isso então chamaram pra ajudar na banda, um guitarrista, amigo pessoal deles: David Gilmour (Guitarra).

Da esquerda pra direita: Nick Mason, Syd Barret, David Gilmour, Roger Waters e Rick Wright.

Quando David Gilmour entrou eles gravaram então, o segundo disco. A Saucerful Of Secrets, que botava mais psicodelia no rock e dessa vez com algo novo: Experimentações. A partir dessa época toda música do Pink Floyd até o momento do apogeu, era de fato para experimentar coisas novas nas músicas. Chegou um momento que Syd já estava insuportável! Ai por decisão da banda, tiraram Syd, e Syd então, se retirou, e por enquanto foi fazer seus álbuns sozinho.

Dai pra frente foi só DESPIROCAÇÃO. O negócio era experimentar, viajar, fazer. Todos os álbuns agora tinham composições variadas entre os membros da banda. Os álbuns como o Atom Heart Mother e o Ummagumma, são demonstrações claras da experimentação da banda. Essas experiências foram essenciais para o que ia vir mais pra frente, muitos artificios usados nas músicas experimentais, foram usadas nas músicas conceituais mais pra frente da história. A partir do disco Meddle, Roger Waters, começou a mostrar mais força em suas composições, as letras se mostravam críticas, melancólicas e isso exaltava um sentimento que passava pelo mundo. Letras sobre a loucura, a alienação, a guerra, a fama, o dinheiro. E é ai que entra o Dark Side Of The Moon.

Formação na época do Apogeu

O Dark Side foi o primeiro álbum conceitual do Pink Floyd (Álbum conceitual é um álbum em que todas as músicas contribuem para o mesmo efeito final ou para uma história única). Logo, já vou recomendando por aqui. NADA DE BAIXAR O ÁLBUM E OUVIR AS MÚSICAS SEPARADAS OU FORA DE ORDEM NÃO! Isso atrapalha no desenvolvimento das músicas e tira a magia que o álbum representa.

O Dark Side Of The Moon começa com "Speak To Me - Breathe". Uma batida cardiaca começa a soar, e de pouco a pouco vc vai ouvindo outros elementos em volta daquilo. Breathe é uma música que podemos dizer, tem uma carga filosófica gigante. "Run, rabbit run. Dig that hole, forget the sun, and when at last the work is done, don't sit down it's time to dig another one." A música fala sobre a verdade inevitável que é a morte representa e sobre como a alienação faz o ser humano viver uma vida vazia e sem significado. Pesado. Isso é só o começo da cabeça do Waters. Logo depois vem uma música instrumental (resquício da psicodelia) que se chama "On The Run" que mostra ao tempo em que rola um som MALUCO do sintetizador, dá pra ouvir pegadas e uma fuga intensa de alguém (?). Em seguida, pra mim, a melhor do disco. "Time" é uma música marcante, contagiante, bem montada, harmônica, com um solo de cair os cabelos. Além de mais um pouco daquele sentimento melancólico sobre a morte e o tempo pra viver ser curto. Agora, vem a calmaria. "The Great Gig In The Sky" é uma música linda. Você realmente sente que está nas nuvens ouvindo um anjo cantando. Ou gritando. Totalmente Explosão de sentimentos, no melhor estilo Luan Santana de ser (Brinks).

Agora virando o LP. Começamos coma Famosa "Money" que lida de uma forma irônica, sobre o mal corruptivel da fama e do dinheiro. E acho que em análise músical e não só poética é extremamente pensada. A música contem um tempo irregular, o riff do baixo não completa os 4 tempos, o solo de sax mostras as influências pesada com o jazz. E em um momento específico do solo, a música muda para o compasso 4/4 normal do rock n' roll e Gilmour manda um solo explosivo para as caixas de som. Ai chega a calmaria de novo. "Us And Them" é uma música que remete ao sentimento anti-guerra de Waters (Waters tem suas razões pra odiar a guerra, pois seu pai foi um soldado que morreu na 2GM), a música é felomenal. "Any Colour You Like" outra música instrumental de alto teor ritmico e cheio de groove, ótima música e ótimo momento para começar o crescendo da nossa pequena ópera. "Brain Damage". A Loucura sendo levada ao ápice. O Sentimento que mostra que a única saida para a caverna de platão é a loucura, que Syd Barret se enfiou! Música mais marcante do álbum, que já emenda e vai para a última música do disco. "Eclipse" é a finalização dos pensamentos de Waters é o desfecho do pensamento sem fim que nosso artista da insanidade representa. E com as sábias palavras "There is no Dark Side Of The Moon really, matter of fact is all darkness", o disco encerra sua FODELANÇA.

Cara, não é fácil pra um disco se manter 14 anos direto no topo mensal da Billboard. O Dark Side é um disco histórico, é o conceito dos conceitos conceituais. É a história de uma geração inteira.
Ouçam, apreciem, se deliciem com essa maravilha do Rock Clássico.

Não postarei vídeo dessa vez, por que como já disse: pra ouvir o álbum inteiro.

Mediafire: Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon

domingo, 31 de outubro de 2010

Pata de Elefante - Na Cidade

Instrumental | Brasil | Power Trio Of Doom

1 - Diga Me Com Quem Andas E Te Direi Se Vou Junto
2 - Squirt Surf
3 - Grandona
4 - Um Pouco Antes De Dormir
5 - Pesadelo No Bambus
6 - Sai Da Frente
7 - De Volta Pela Manha
8 - Psicopata
9 - Vazio Na Cerveja
10 - Arthur
11 - A Luz De Velas
12 - Reforma No Banheiro
13 - Grande Noite


Mas olhe que vergonha: 10 postagens no mês. Puta merda... Acontece, meus caros, que essa semana foi realmente foda. Não somente nesta, mas também na passada, estive bem ocupado com um milhão de coisas, além de voltar meus estudos com os ditos modos gregos pra guitarra e, também, treinar até perder o ar na escaleta, peguei alguns livros para ler, como Werther, os dois volumes de Musashi (1808 págs) com nosso amigo Tito e um exemplar em letras bem pequenas de Os Irmãos Karamázov, de nosso colega Dostoiévski. Tudo isso uniu-se ao curto prazo de pouco mais de duas semanas para o tão filho da puta esperado ENEM. Logo, não tive tempo nenhum para a nossa tão estimada página virtual. Desde quarta eu estava querendo postar alguma coisa digna, porém nada vinha na minha cabeça e eu já estava ficando entediado em ter que achar bandas nacionais para resenhar. A questão é que eu já tinha todas aqui, só estava procurando de forma vaga e, como sempre, ignorando as coisas já conhecidas.

Eu fico numa cisma de postar os desconhecidos a fim de dar uma maior notoriedade para o som dos caras e acabo esquecendo o pessoal que já alcançou um nível relativo de reconhecimento. Assim como ocorreu no caso com o Andrei Machado, pior ainda foi com Pata de Elefante: enquanto procurava gente ainda escondida, o bom som estava batendo na minha cara com uma placa de "RESENHE-ME" estendida na porta da minha casa. Ouço a banda praticamente toda semana (nem que sejam cinco músicas) e por simples falta de atenção, acabo deixando passar a oportunidade de mostrar o excelente trabalho desse trio de Porto Alegre.


Tocando junto desde o começo da década, Pata de Elefante lançou o primeiro disco, homônimo, em 2004 e outro em 2006: Um Olho No Fósforo, Outro Na Fagulha. É formada por Daniel Mossmann, Gabriel Guedes e Gustavo Telles. Interessante lembrar que, sendo Telles baterista fixo, a responsabilidade do baixo e da guitarra fica entre os outros dois membros que intercalam entre si a posse dos instrumentos, dando uma estética realmente interessante nas apresentações ao vivo. E, falando nessas, ouvi dizer que os shows desses caras são uma coisa do outro mundo. Suas músicas passam variando do relaxante ao contagiante e deixando traços de inúmeras influências como Hendrix e Cream, que deram a eles a verdade concreta de que é possível fazer um puta som somente com três pessoas num palco.

Acho a sonoridade um tanto singular. Conheço a banda tem bastante tempo e, de cara, percebi que não poderia encher de estereótipos em relação ao âmbito musical em que eles atuam, tanto é que deixei as tags sinalizando que se trata de uma banda brasileira de música instrumental. Porém tomo a liberdade e classifico como um rock "bem humorado, leve e simples". O baixo bem limpo e a guitarra trabalhada em efeitos leves como drive, wah-wah e, às vezes, um delay. Porém a essência da música fica atada somente à interação entre os poucos três membros dessa incrível banda.


Na Cidade foi lançado nesse ano, recebendo excelentes críticas, saindo de sua popularidade restrita ao sul do país e atingindo uma quantidade bem maior de admiradores de boa música. Com treze suaves faixas (em sua maioria, aviso), Pata de Elefante cria um ambiente que mistura o clássico com a bossa nova e o surf com o bom e velho rock 'n roll. Como já tinha dito lá em cima sobre a transparência dos instrumentos, eu realmente gosto do timbre da guitarra deles, que consegue usar a quantidade certa de efeito para dar a imagem de um som limpo e de qualidade. Não somente a guitarra, mas também violão e teclado em algumas faixas, tocado por Daniel Mossmann e Gabriel Guedes, dão uma certa característica que, quando eu coloco o pra tocar músicas aleatórias aqui, ao ouvir dez segundos de música consigo afirmar que esse é o som de Pata de Elefante.

Abrindo o disco (e sendo, também, minha preferida), "Diga Me Com Quem Andas E Te Direi Se Vou Junto" é empolgante, animada, swingada e, por que não, bem humorada? Talvez seja apenas uma impressão que tive ao tentar caracterizar esse disco, rs. Mudando totalmente, "Squirt Surf" faz vir, em minha cabeça, alguma situação onde pessoas estão surfando e fazendo aquela clássica pose em cima da prancha (sabe-se lá por quê!). Separo também a excelente "Grandona" que, assim como a primeira música, tem um ritmo único e é empolgante em sua simplicidade. Tente, nessa faixa, perceber o belíssimo timbre da guitarra que fica na médica do excelente. Por último destaco a quinta "Pesadelo No Bambus": Misteriosa, animada e que, quando chega nos dois terços de sua duração, aparenta que alguém puxa o cabo da guitarra e liga em um Fender Bassman '59, porque vai ter um timbre tão foda assim lá na...


(Para constar, no disco existem guitarras e teclados sobrepostos, logo o som é BEM mais cheio em relação à apresentação ao vivo)

Então deixo aqui essa excelente banda com vocês e que aproveitem esse disco sem moderação. Vou deixar aqui o link para baixar no site do Álbum Virtual, porém, como disse em alguma postagem anterior, tem que fazer um cadastro. Então, se estiver com tempo de sobra aí, cadastre e faça o download de Na Cidade e, claro, os outros excelentes álbuns disponibilizados lá! Porém deixo também links de fácil acesso pros preguiçosos, mas sugiro que vá no site do Álbum Virtual e aproveite enquanto é de graça, rs! Bom proveito!

Pata de Elefante - Site Oficial
Pata de Elefante - MySpace

Download - Álbum Virtual

Download

domingo, 24 de outubro de 2010

Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro

Instrumental | Post Rock | Brasil | Power Trio Of Doom

1 - Amendoin
2 - Fuck You Lady
3 - Noise James
4 - Shift
5 - Black´s Fuck
6 - Rancho
7 - Bananas For You All
8 - Belezza
9 - Compasso em Ferrovia
10 - vamodahmaisuma


      Poxa, mais de sete dias sem postar nada aqui. Essa semana ficou complicada de visitar e resenhar algo com dignidade para vocês e acabou coincidindo com a necessidade que tive de fazer uns estudos sobre algumas técnicas de guitarra que deixei de aprender quatro anos atrás (veja a cagada) para aprender somente hoje. Fiquei envolvido demais e, além disso tudo, comprei o que tanto queria: a escaleta.

      Sim, meu caro, a melódica escaleta. Eu já gostava desse instrumento havia bastante tempo, então fui no show do ruído/mm e Constantina e, uma certa hora da apresentação, o tecladista do ruído tirou aquele pianinho e tocou de um modo tão belo que fiquei mais chocado ainda. A mesma coisa aconteceu quando Constantina se apresentava. A única diferença foi que fora o guitarrista que tocou a escaleta. Então pensei: Eu tento toco guitarra, por que não tento? Tudo isso coincidiu com o fato de'u ter conhecido Bardella, que é um som baseado em apenas dois instrumentos: Guitarra e a bendita da escaleta. No final das contas comprei a bichinha a preço de banana e fiquei me deliciando com o som dela e acabei esquecendo de escrever por aqui. Então vamos embora pro próximo disco!

      Ainda seguindo a ideia de postar coisas nacionais, acabei relembrando de uns caras que tinha conhecido faz um tempo e deixei criando teias de aranha de tanto tempo que não ouvia. Pata De Elefante, Eu Serei A Hiena, Guizado e, entre eles, Macaco Bong. Relembrei mesmo por causa de um amigo que foi num show do Black Drawing Chalks, no dia mundial do rock, e esta banda aqui ter feito uma apresentação (e, porra, isso tem três meses já). Eu não pude ir. A cagada tinha sido feita. Dizem que foi um puta show o do Macaco Bong. Então estou aqui postando esse incrível disco justamente para vocês conhecerem e falar pra mim: que burro, dá zero pra ele.


      Macaco Bong foi formado em 2004, em Cuiabá, tendo quatro integrantes como formação inicial, porém no ano seguinte a banda acabou se estabelecendo como um power trio, ainda mantendo a essência da música instrumental com conteúdo musical. Seu som é baseado na desconstrução dos diversos gêneros musicais que existem, passando do jazz ao fusion, pelo pop ao heavy metal, indo post ao avant-garde. Destruindo rótulos e reconstruindo somente uma coisa: música. A criatividade dos caras é inimaginável, transmitindo, através de guitarra, baixo e bateria, um fluxo (aparentemente) inesgotável de sons diferentes, tanto na melodia, na harmonia ou apenas no silêncio.

      Eu classifico a musica como "bem dançante, realmente empolgante e incrivelmente inusitada". Rapaz, são incontáveis as mudanças de tons e ritmos que acontecem ao longo das músicas, quebrando sua expectativa e dando uma nova atmosfera ao som que você ouve. Além disso, os arranjos elaborados, a quantidade de efeitos na guitarra e a composição, em si, são muito bem trabalhadas e fazem de Macaco Bong um dos peso-pesados em questão de rock instrumental aqui no Brasil, ficando lado a lado com Hurtmold. Dou parte do crédito ao guitarrista Bruno Kayapy, que tem técnicas incríveis reproduzidas ao longo do disco, alterando a estética da música inúmeras vezes juntamente com o baixo de Ney Hugo e Ynaiã Benthroldo na bateria.


      Foram notóriamente reconhecidos com este primeiro disco. A complexidade do som é notória e, em questões técnicas, ao meu ver, são músicos de alto nível e entrosamento. Melhor dizer ainda deles ao vivo. Shows incríveis e desmontados: quebra de ritmos, arranjos estranhos e um som, como eu disse, "bem dançante". Eles tocaram no SWU e colo aqui um trecho do Estadão sobre a apresentação:

"O show do trio de Cuiabá Macaco Bong começou na hora marcada, 16h51. E foi, de fato, a primeira a apresentação que levantou o público no SWU. Assim como no Planeta Terra, no ano passado, os três músicos despejaram sua muralha sonora na plateia, com inventivos temas próprios. Sem querer reinventar a roda do rock, o Macaco Bong parece estar muito à frente de seu tempo. São tantas mudanças de andamentos e ritmos que o público, desavisado, empolga-se, mas custa a entender tamanha genialidade em forma de porrada. Com encerramento às 17h35, até o momento, entre as atrações brasileiras, é uma das fortes candidatas à melhor apresentação do festival."

      Violento, caras. Violento.

      O disco é foda. Tipo, fodão. Dez faixas doentias, desandadas e com mudanças tão repentinas que chegam a te deixar desesperado. Começa com a pesada "Amendoin" que, ao longo dos segundos, vai diminuindo e dá espaço pra dançante "Fuck You Lady", que possui (e como) incríveis arranjos de guitarras sobrepostas uma após a outra. Gostaria de separar apenas algumas músicas, como a mais do que fodona "Bananas For You All", que fica no meu top 10 de músicas nacionais com os seus 8 minutos e 20 segundos de pura criatividade plugada num amplificador. Fica também a complexa "Belezza", oitava faixa do álbum, que deve ter umas quatro mil alterações em seu andamento ao longo de seus quase exatos sete minutos, mostrando o lado sombrio, depois o empolgante e, enfim, o dançante, rs. Por último deixo a desconcertada "vamosdahmaisuma" que é a única que possúi trecho com voz e uma harmonia indecente entre os instrumentos. Também lembra muito, em seu começo, alguma música do Hurtmold que não recordo agora. Deixo aqui "Bananas For You All" para vocês curtirem.




      O disco dos caras foi lançado apenas pela internet, sem nenhuma cópia física a venda. O download pode ser feito através do Álbum Virtual (e também pelo Trama Virtual) e eles ainda ganham uma grana, porém existe uma burocracia de cadastro para poder baixar o disco inteiro, então deixarei um link para o site do Álbum Virtual e do Trama (que, para quem se interessar, ambos têm excelentes discos para download gratuito) e outro link de acesso mais fácil, mas sugiro que confiram o site também. Então fiquei aí com o incrível som de mais uma excelente banda brazuca e, com toda licença, vou-me embora tirar um som na escaleta, haha! Bom proveito!


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Macaco Bong - My Space

Macaco Bong - Álbum Virtual

Macaco Bong - Trama Virtual

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cartola - Cartola [1976]


Samba | Mangueira | Poesia | Mestre da cultura nacional



  1. O Mundo É Um Moinho
  2. Minha
  3. Sala de Recepção
  4. Não Posso Viver Sem Ela
  5. Preciso Me Encontrar
  6. Peito Vazio
  7. Aconteceu
  8. As Rosas Não Falam
  9. Sei Chorar
  10. Ensaboa
  11. Senhora Tentação
  12. Cordas De Aço

        Continuando com a idéia de postar no blog artistas brasileiros, me vi na iminência de publicar, meu artista brasileiro preferido. O Mestre do Samba, Cartola.
        Angenor de Oliveira, nome de batismo, de uma criança nascida no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Angenor passou a infância no Bairro das Laranjeiras aprendendo a tocar cavaquinho e violão com o pai, mas por dificuldades financeiras, teve de se mudar com toda sua família para o bairro da Mangueira, uma potencial favela em crescimento.
        Com 15 anos, após a morte de sua mãe, decidiu abandonar os estudos e trabalhar como servente de pedreiro. O seu apelido "Cartola" foi dado a ele por seus colegas de trabalho, por ele usar um chapéu-coco durante o trabalho, para se proteger do cimento que caia em seu cabelo.
        Em 1928 juntou com seu grupo de amigos e fundou a "Estação Primeira de Mangueira", escola de samba ultraprestigiada nacionalmente.
        Após um tempo, nada mais se ouviu falar de Cartola. Foi dado como desaparecido, e até mesmo morto por uns. Dizem que brigou com seus amigos da mangueira, dizem que contraiu uma doença grave, ou dizem que se retirou em luto da perda de sua amada, Deolinda.
        Mas em 1956, Cartola foi achado por um jornalista, lavando carros em Ipanema. Logo o jornalista decidiu levar Cartola de novo ao Samba. Daí Cartola começou a compor de novo e logo foi redescoberto por inúmeros interpretes.
        Em 1964, abriu, com Dona Zica, sua nova esposa, o restaurante Zicartola, que abrigava amantes do sambas e colegas para ali se deliciarem.
        E só a partir de 1974 gravou o seus quatro discos, que tiveram repercussão nacional e até hoje abrigam o hall da fama dos melhores discos brasileiros.


        Esse disco aqui é o segundo dele, feito em 1976, que pra mim, tem as músicas mais bonitas que eu já ouvi. O cara era um poeta! Acho que num tenho palavras pra descrever a beleza de suas composições. Só ouvindo pra entender mesmo.
        Destaque essencial nas músicas: "O Mundo É Um Moinho" e "As Rosas Não Falam".


        Sobre eu, um roqueiro de carteirinha, ter postado um samba, num é novidade. Eu gosto é de música boa, e temos que aproveitar a enorme cultura que o Brasil tem. Esse país abriga milhares de culturas diferentes em um povo só, e a gente tem mais é que aproveitar isso, pois nossa identidade está na cultura! E é de essencial importância que preservemos ela pra e não deixarmos nossa cultura totalmente americanizada, ou colorida. Sei lá.
        Baixem, ouçam e disseminem a cultura nacional.

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Andrei Machado - Lacuna

Ambiente | Instrumental | Minimalismo | Piano | Para dias chuvosos

1 - Uma Breve História do Tempo
2 - La Mi Realidad
3 - Campo de Centeio
4 - Después de Muertos
5 - Sou, das Verdades, a Maior Farsa
6 - Eu Sei que Sou Fraco
7 - O Mundo em Meus Dedos
8 - Relapso


      Uma amiga me disse que se apaixonou por Bardella e que desejava um som parecido, porque apenas as seis faixas de Passagem não eram suficientes para encher um dia chuvoso por completo. Continuei minha busca por músicas minimalistas, calmas, que poderiam ser parecidas com o tal projeto. Também queria algo mais, diferente, não exatamente igual mas bem próximo. Então procurei bem a fundo e consegui encontrar alguns discos que poderiam até ser estagiários para o serviço, mas nenhum tão bom quanto Lacuna. Certamente este não seria estagiário.

      É divertido encontrar artistas desconhecidos e ficar surpreendido a cada nova faixa e se perguntar sobre a razão de tais pessoas não serem reconhecidas pela sua criatividade e criação. Às vezes fico tão fissurado pelos desconhecidos que acabo ignorando o pessoal que já está acima. Foi o que aconteceu desta vez. Andrei Machado não é famoso, mas também não é desconhecido. Eu, realmente, não tinha a mínima ideia de quem era, porém me surpreendi quando pesquisei sobre o cara e fiquei sabendo que ele já estava a algum tempo no meio musical e, não obstante, é bastante conhecido por sua música característica: simples e singela.



      De brasília, Andrei sái da capital brasileira e atinge todo o contigente de pessoas realmente apaixonadas por música. Posso tentar definir o tipo de som com algumas palavras, fica difícil, mas sairia algo como beleza, suavidade, simplicidade, calmaria, vento, chuva, sono, felicidade, amor e piano. Tristeza também, mas só pra quem a deseja. Sua música mistura o clássico ao novo, fazendo uso da tecnologia em suas belíssimas composições em piano. Há também o uso de instrumentos de sopro como a flauta e a escaleta (um dos motivos para estar postando).

      Não achei muita coisa sobre o cara. Em seu perfil no Last.fm, está a frase: "Andrei Machado é um compositor nascido em Brasília, Distrito Federal." e mais nada. Pouquíssimas fontes de referência sobre ele, porém possúi 13 mil ouvintes no site, tornando-o significantemente mais conhecido do que as bandas que postei nessa semana. Reconhecimento muitas vezes é a pior forma de se analisar alguém, mas Andrei está até bem na fita para um artista que faz uma música deste tipo e, além disso, disponibiliza seus discos para download gratuito. Este tipo de situação é algo que me agrada e me deixa satisfeito por saber que, apesar de não necessário, o reconhecimento é sempre um grande prêmio por um trabalho bem feito.


      É complicado falar sobre música, eu devia ter pensado nisso antes de fazer o blog, rs... Realmente complicado. É como tentar ler as mãos de alguém, tudo pode variar e mudar drasticamente por causa de um risco a mais ou a menos. O parecido acontece na música. Uma nota vã a mais pode mudar o ritmo da melodia e te levar para um ambiente totalmente diferente do que você estava cinco segundos atrás. Isso acontece com mais força ainda quando se trata de música minimalista, onde cada nota é tratada de modo importantíssimo, contribuindo para a construção de uma harmonia habitada por poucos instrumentos que, unindo-se uns aos outros, formam um som singularmente único.

      Este disco conseguiu se tornar algo extremamente difícil de disertar. Estou aqui tem mais ou menos uma hora e agora que consegui medir as palavras certas para descrevê-lo. Sabe aquela sequência correta de músicas que te preenche? Lacuna canta sobre os espaços vazios que a vida vai deixando e esquece de preencher. Ele realça toda a periferia de sentimentos que cai no esquecimento, como a própria saudade, e conversa com o ouvinte sobre isso. É um trabalho a ser escutado com cuidado e calma, para que você não o vejo como um disco auto-destrutivo, mas sim como um diálogo, uma experiência. Uma luz.

      O título das faixas são belíssimos. A música, então, fala por si própria. Só posso destacar a belíssima "Campo de Centeio", que é, de longe, uma das mais belas músicas que já ouvi por essas bandas brasileiras. Seu dedilhado preciso nas teclas do piano, o violino saindo devagar no fundo e a melodia que nasce aos cinquenta segundos são quase como uma luz, preenchendo o vazio entre o vazio. Também separo "Después de Muertos", uma composição incrível, extremamente simples e tocante. As calmas notas do piano unidas ao timbre singular da escaleta conseguem destruir qualquer muro pessoal e entrar (com o pé na porta) nos sentimentos de cada um. E por último mas não menos importante, fica "Eu Sei que Sou Fraco", uma música auto-explicativa que faz uso de uma flauta-mais-do-que-doce.





      O download é disponibilizado gratuitamente pelo sinewave (bendito seja!), deixarei também os links do myspace e trama virtual para quem quiser conferir. Então termino por aqui esta postagem e espero que todos vocês curtam o disco! É uma ótima dica para quem gosta de Yann Tiersen ou, simplesmente, um piano bem agradável, rs. Bom proveito!

Download - Link Direto

Andrei Machado - Myspace

Andrei Machado - Trama Virtual

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Perdeu a Língua - Mamparra

Experimental | Post Rock | Brasilsilsil | Instrumental Of Doom

1 - Visão Periférica
2 - Queda Livre
3 - Mamparra
4 - Zen
5 - Nasce, Cresce, Reproduz e Morre
6 - Alto Relevo
7 - Sinal Vermelho
8 - Controle Remoto
9 - Homem Bomba
10 - Numa Tranquila, Numa Relax, Numa Boa
11 - Algodão Doce


      Desde o final de semana eu venho com essa cisma das bandas nacionais e ela está crescendo cada vez mais. Eis que antes de ontem eu, unindo essa fissura cin o TOC que possúo por organização musical, fui reorganizar as tags de gênero no meu itunes. Separei, em suma, somente as bandas nacionais em três divisões: Experimentais, Instrumentais e Alternativas. Aí já imagina a confusão que ficou, né? A que me deu maior problema em separar foi essa aqui, Perdeu A Língua.

      Apesar de não gostar de classificar os tipos de som, como disse em alguma postagem anterior, a bagunça estava tão grande que mereceu uma varrida geral. Desenterrei essa banda aqui que, não lembro como, já estava na minha biblioteca fazia eras e tinha ouvido pouquíssimas vezes. Então prometi ouvir novamente, com cautela e muito amor. Saí todo serelepe ouvindo pelas ruas (com um fone que fazia com que eu parecesse um atendente de call-center) e me surpreendi pra caramba. Veio novamente aquele sentimento: COMO NÃO OUVI ISSO ANTES? O pior foi que eu ouvi e não dei a devida atenção ao som dos caras.


      A banda foi formada em 2006 a partir das cinzas da extinta Triste Fim de Rosilene, que acabou no mesmo ano. Antes composta por cinco pessoas e um vocal feminino, os caras saíram de lá sem a menina e montaram Perdeu a Língua, que lançou este disco no ano passado, sendo seu primeiro trabalho em estúdio. Do extremo nordeste, o som do grupo saiu de Aracaju, Sergipe, e atingiu (e com força) um nível de qualidade musical que quase nunca vi. Um som milimétricamente bem cuidado, que consegue se "deixar deixando" sem que você nem perceba que é uma banda brasileira, porque este disco, meu caro, é uma beleza.

      Duas guitarras, baixo e bateria. Criatividade de sobra e vontade de fazer algo que realmente preste. Acabou, isso é o suficiente para sair um trabalho de qualidade e que, enquanto espero o ônibus, me faça ficar chocado de tão bom que é. Você abre a pasta, bota "Visão Periférica" pra tocar e, aos 1:20, quando o ritmo começa e o solo sái, você nem percebe mas já está balançando a cabeça pra frente a para trás. Incrível! Não subindo nota, mas eles tem um swing extremamente bem trabalhado. Uma harmonia entre bateria e baixo que é difícil de se encontrar. As duas guitarras em arranjos totalmente diferentes, ditonando notas que são reproduzidas com uma fieldade quase lírica pelos fones/amplificadores. Essa junção dos instrumentos fica perfeitamente vista em "Zen", que combina percussão e contra-baixo de um modo bem singular e agradável. Mudando completamente do zen pro agitado, fica "Sinal Vermelho", sétima faixa bem agitada e metronometrada nos instrumentos. Um trabalho profissional em questão de tempo e arranjo, sendo, ao mesmo tempo, complexo e agradável, fica evidente em "Numa Tranquila, Numa Relax, Numa Boa" que faz jus ao seu nome: tranquila, relax, na boa. O baixo leva nos slaps e depois se deixa guiado pelos incríveis arranjos das guitarras. Agora, de que adianta falar? Só ouvindo mesmo, rs!

Ainda fazendo barzinho, hein.

      Não tenho mais como saber como estão andando os downloads porque estou usando links de fora para não receber reclamações da APCM ou da DMCA, que deletaram algumas postagens devido a hospedagem dos links em uma conta no mediafire, então estou com fé que vocês estejam baixando bastante, haha! Perdeu A Língua também faz parte da web-label sinewave, possuindo apenas 323 ouvintes no Last.fm. Agora é hora de sair ouvindo por aí e parar de enrolação! Bom proveito!


Download - Link Direto

Download - MEGA

My Space - Perdeu A Língua

Este Silêncio - Ouroboros

Post Rock | Ambiente | Experimental | Brasileiro

1 - Genesis
2 - People Who Fall In Love With Each Other Rarely Stay Together
3 - Vida Futura, Nós Te Criaremos...
4 - Milagre
5 - Ouroboros
6 - Different Pain of Men
7 - Distance
8 - In the Image of God He Created Him
9 - Gather Ye Rosebuds While Ye May
10 - The Cross and the Silence
11 - Let No Handle Made From You Enter Into Anything Made From Me, and I Shall Be Powerless to Injure You


      Para esclarecer: Essa não é a capa do disco. "Daniel, mas por que você colocou outra imagem senão a capa do disco?". Simplesmente porque não achei a capa em um tamanho mínimo pra colocar aqui. É tão desconhecido que nem o google achou a porra de uma imagem. Então coloquei a imagem de trás do disco mais pela coisa estética mesmo, assim como farei com o encarte e etc, porque o trabalho gráfico dos dois compactos são bem parecidos.

      Mas, bora lá! Curtiram o Bardella? Lindo, não? Simples e belíssimo como deveria ser. Como se diz: se melhorar estraga. Eis que venho aqui com mais um inestimável trabalho musical chamado Este Silêncio. O projeto é totalmente pessoal de um sujeito chamado André "Anti" Ross, que é o baixista das bandas Gray Strawberries e S.O.M.A., fazendo parte e atuando no meio musical com mais uma dezena de caras que buscam essa dita renovação musical que (rezemos, oh deus!) virá. Estou postando esse disco, por basicamente duas coisas: a criatividade e, em suma, por uma música.

encarte


      Quando ainda estava procurando por bandas interessantes para conhecer, me deparei com o nome do André Anti várias vezes e fiquei meio intrigado. Então descobri que ele é o principal compositor e arranjador do Gray Strawberries, que é uma banda relativamente conhecida no meio da música independente (principalmente sob a influência do post rock) devido que, quando seu primeiro disco saiu foi extremamente bem recebido pela crítica, apesar da precocidade do grupo: o integrante mais velho possuía 22 anos e o mais novo, 17. Este projeto, com forte influência do shoegaze, teve a saída de Anti em 2008 devido a prioridade que deu a suas outras aspirações: S.O.M.A. e Este Silêncio.

      S.O.M.A. foi fundada no final de 2007 por um grupo de amigos e foi seguindo. Com fortes influências de God Is An Astrounaut, Explosions in the Sky, Mogwai e GYBE. Porém isso é papo pra outra hora, rs. O importante mesmo fica aqui: Este Silêncio teve seu primeiro disco em 2008, com um álbum homônimo que me surpreendeu bastante por ser algo feito por apenas um homem. No ano passado foi lançado Ouroboros. Um disco que, como o primeiro, mescla de uma forma única a música erudita com o moderno, uma junção que não poderia dar errado. Inegavelmente, eu me apaixonei pelo disco. Ou melhor, me apaixonei por uma música.


      Você dá play, começa "Gênesis". Vozes saem e você se imagina numa igreja. É apenas um apêndice para o que está vindo. Com um dos mais belos nomes possíveis, a segunda faixa, "People Who Fall In Love With Each Other Rarely Stay Together", dá seu piano, bateria, guitarra, violinos e violoncelos, varrendo o chão, preparando o terreno e abrindo as cortinas para uma das músicas mais incríveis, tocantes e belas que ouvi em toda minha vida. Rapaz, quando ouvi isso me veio aquele sentimento de: COMO NUNCA ESCUTEI ISSO ANTES?? Fiquei quase revoltado por não ter conhecido anteriormente, porém vamos aprendendo a buscar as coisas com o tempo, nos acostumamos e, depois de pensar, conseguimos até entender que se tivéssemos ouvido tal melodia antes, poderíamos não ter entendido o sentido. Então, não venha me questionar se eu apertei o botão de "overrated", porque o que é bom para você pode não ser para mim, mas tudo bem, nós aprendemos.

      O que acontece quando coloca uma melodia incrível, habitada por violinos, cellos e piano, num ritmo calmo, suave, e uma voz cansada sussurando um poema de Carlos Drummond de Andrade? "Vida Futura, Nós Te Criaremos..." é uma experiência única. Pode ter sido apenas comigo, mas é uma criação próxima da perfeição musical. Bem próxima. Não dá nem pra falar nisso. Talvez tenha sido aquela coisa que só vem pra nós em uma época certa da vida e ilumina algo que precisava de uma luz de razão no momento de maior desespero. Paro por aqui. Não obstante, continuo colocando medalha para "Milagre", que, se não fosse dividida pelo nome e pela duração, mesclaria de uma forma sublime com a faixa anterior. De beleza descomunal e única, toca o fundo do poço e preenche o vazio entre os vazios.

André Anti, primeiro da esquerda pra direita.


      
Esta temática da poesia de Drummond é explorada em todos os trabalhos dele, sendo a obra Mundo Grande, tem um trecho no primeiro disco, é bem definida neste e é comentada no terceiro. Mas fiquemos com esta. Bem, o download fica aí embaixo para vocês e, digo: é poesia em música, então ouça o som, ouça a letra e sinta a coisa, senão tudo perde sentido e isso vai acabar indo pro esquecimento na sua pasta, rs. Bom proveito!


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Myspace - Este Silêncio

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Bardella - Passagem

Instrumental | Post Rock | Experimental | Para ouvir em dias chuvosos

1 - Liza
2 - Lujin
3 - O Jardim
4 - Deixai Entrar A Morte
5 - 21 de Agosto
6 - Precipitação, Tempestade


      Eu não devo ter o mínimo senso de direção. Ontem postei bossa nova. Hoje posto algo totalmente diferente. Não tô com um sentido em mente nem uma progressão de coisas pra escrever aqui. Primeiramente porque não faz sentido seguir a mesma linha e, em segundo lugar, porque meu humor musical varia tanto quanto eu troco de roupa. E, antes de escrever qualquer coisa sobre essa banda, vou abrir espaço para um questionamento aqui: Existe música de QUALIDADE no nosso país?

      Você, caro ignóbil, que respondeu um não à pergunta, merece estudar mais um pouco sobre isso. Tudo que é divulgado, que fica famoso e que toca no "Jovem Pan" não passa, afirmo, de lixo comercial. Ninguém ali quer música. Querem dinheiro. Isso mesmo, meu jovem, você está ouvindo DINHEIRO. Cada mente lavada, cada gota de cultura escorrendo desse pano frágil que a mídia torce todo dia, cada novo agregado do exército de mentes vazias que nasce, é mais peso nos bolsos e mais algarismos nas contas correntes dos grandes magnatas da mídia. Fico indignado porque nunca vi um ser humano com um daqueles sons de carro tocando algo que preste. O dia que eu der de cara com um sujeito desses, vou apertar sua mão e nomeá-lo como herói nacional. É incrível como a maioria da sociedade é manipulada de um modo tão sutil e suave (em certos âmbitos) que continuam a viver suas vidas sem que nada tenha acontecido enquanto suas mentes são drenadas para um único objetivo: pagarem impostos e consumir o desnecessário. Inclusive música.

  Me pergunto todo dia: que merda é essa?

      Acho que todo mundo já está careca de saber das modinhas e etc e designações e etc e de classificações e etc. Disso até minha mãe sabe. Porém ainda tem gente que reclama do nosso país no âmbito musical. Meu caro colega, se você soubesse da absurda quantidade de bandas independentes, originais e que estão aí querendo mudar esse cenário que dá dinheiro, você ficaria com vergonha de afirmar que Amarante foi o maior compositor que já nasceu aqui e que as bandas que prestam já acabaram. O maior problema é que ninguem pouquíssimas pessoas se importam na divulgação de música de qualidade, original e com sentido. É muito mais fácil vender dinheiro do que vender cultura, então "vamos deixar de lado os projetos independentes e vamos vender as coisas digeríveis e de baixo calão". Sim! É simples demais, não? Tudo tem seu lado bom e ruim. Me entristeço ao ver essa absurda realidade musical que é divulgada, porém agradeço todo santo dia pela capacidade que tive de reogarnizar as coisas e fugir desses padrões que saem da TV, rádio e celular de favelado no ônibus. Então, pensei: Já que obtive essa capacidade, por quê não passá-la para frente?

      Não menosprezando você, caro leitor, pois sei que a maioria das pessoas que acessam o blog tem uma vasta noção e conhecimento sobre música, porém escrevo aqui para os que não tem isto. Não digo que entendo de música. Perguntei pra minha namorada ontem qual era a definição pra "indie" porque eu realmente não sabia. Não gosto de classificar, nomear e criticar, mas tudo tem seu limite e abusar da paciência de quem quer mudar algo é como dar tiro no pé de anão. Não sou crítico e nem pretendo ser, porém a música continua sendo a minha maior fonte de prazer e pretendo até viver disso no futuro. Apenas amo a música. Então, a partir de hoje, postarei aqui uma quantidade pesada de artistas brazucas, quase desconhecidos, mas que possuem um som tão belo que deveriam ser reconhecido por todo o mundo.

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      Então, findo este protesto, vou dedicar as próximas linhas a este belíssima disco que coloco aqui. Baderlla é um projeto formado em 2008, em Cabo Frio, pela dupla Gabriel Novaes, na escaleta, e Guilherme Mello, guitarra. Exatamente isto, meu colega: Guitarra e escaleta. Mais nada. Minimalismo puro. Achei-os através de uma profunda busca nos confins do post rock nacional, indo a partir de caras como Blanched e Pequeno Céu (postado por mim aqui), e me surpreendi bastante. Composições singelas, simples, belíssimas e melódicas. A banda tem pouco mais de dois anos de carreira e, até agora, possuem apenas 388 ouvintes no Last.fm.


      Achei muito pouco sobre o projeto dos caras, nada mais de que o disco fora gravado em 2009 através da web-label sinewave (que, por acaso, é um site realmente incrível!) e faz parte de um conjunto de bandas independentes que, através do experimentalismo, buscam uma renovação musical pela divulgação na internet, tanto é que todos os trabalhos feitos através do sinewave são disponibilizados para downloads gratuitos. Realmente incrível, não?

      Ao disco, não posso falar muita coisa. Só faltava o barulho de chuva, um café quente e alguém para ser lembrado, que a melancolia desce e faz com que Passagem seja muito mais do que um disco, mas, sim, uma experiência. Seis faixas absurdamente singelas, simples e lindas. Tentarei falar um pouco de cada uma. "Liza" são dois minutos de amor, os acordes na guitarra reverberam aos poucos, dando um ritmo um tanto suave enquanto a melódica escaleta vai, aos sopros, levantando um poeira no fundo de cada um. Nostálgico, diria eu. "Lujin" é mais instrospectiva, densa, a guitarra leva mais a melodia e, com sobreposições, enche o ambiente com formações profundas ao mesmo tempo que o característico timbre do 'tecladinho' vai guiando a melodia. A terceira faixa, "O Jardim", fica como preferida. Suave e única. Apenas isto. O troféu de densidade vai para "Deixai Entrar A Morte", que mais parece um hino de tristeza do que uma música. De tão nostálgica, "21 de Agosto" te dará saudades desse dia (apesar de você nem conseguir lembrar o que almoçou ontem, rs.) Fechando o disco com "Precipitação, Tempestade", Bardella mostra, em quase sete minutos, uma das composições mais mínimas que já ouvi. Fica assim.


      Um disco belíssimo, resumo. Com apenas 24mb você confere um áudio impecável e composições altamente originais dessa dupla. Ao ouvir você vai entender o por quê do "Para ouvir em dias chuvosos", haha! Como o disco é bem levinho, colocarei apenas o myspace para futuras consultas. Deixei o link oficial do sinewave para baixar porque é de graça, fácil e os caras ainda descolam uns centavos com cada download (também deve ser o único link que existe, porque vai ser desconhecido lá na). É só clicar alí embaixo no link do sinewave e em "download", do lado da capa do disco que vai aparecer! Aproveite! Lembrando que nosso maldito querido Tito está se fodendo se divertindo no SWU lá em São Paulo, logo quem vai encher as páginas disso aqui nessa semana serei eu.

Download - sinewave

Myspace - Bardella

domingo, 10 de outubro de 2010

Frank Sinatra & Tom Jobim - Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim

Bossa Nova | Jazz | Clássico

1 - The Girl From Ipanema
2 - Dindi
3 - Change Partners
4 - Quiet Nights Of Quiet Stars
5 - Meditation
6 - If You Never Come To Me
7 - How Insensitive
8 - I Concentrate On You
9 - Baubles, Bangles And Beads
10 - Once I Loved


      Para falar desse disco é preciso falar de cada um por vez. Quem aqui nunca escutou a voz de Sinatra? Até os leigos já ouviram falar no nome dessa lenda. Sua voz característica, cadenciada e suave o tornou um fenômeno na década de quarenta, cinquenta e sessenta, colocando-o a par de grandes artistas como Elvis, por sua incrível influência no meio musical. Sem nenhum treinamento formal, desenvolveu um estilo altamente sofisticado para sua voz. Sua habilidade em criar uma longa e fluente linha musical sem pausas para respiração e sua manipulação de frases o fez chegar bem mais longe que o usual dos cantores populares da época. Seu sotaque sensual e melodias com forte influência do jazz o consagrou, chegando a gravar com gigantes como Louis Armstrong, Count Basie, Duke Ellington e os lendários duetos com Ella Fitzgerald. Além da música, Sinatra atuou em mais de cinquenta filmes de 1941 até 1990. Possuiu seu próprio programa de TV e continuou sua carreira musical até 1995, contabilizando cinco décadas de trabalho artístico. Morreu em 98, aos 82 anos, possuindo duas marcações na Calçada da Fama, uma pela música e outra pela televisão. Resumindo: Um mito.



      O que falar sobre Antônio Carlos Jobim? Compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista. Um dos maiores expoentes da música brasileira e é, em termos práticos, o criador da Bossa Nova. Unanimidade crítica em qualidade, composição, harmonia e sofisticação musical. Letrista incrível, fez ponte, utilizando fundamentos eruditos de caras como Radamés Gnattali e Villa-Lobos na década de setenta como discos épicos como Matita Perê e Urubu, ápices da sua união de compositor e letrista. Gravou com Elis Regina, Edu Lobo, Miúcha, Chico Buarque, João Gilberto, Sinatra e Vinicius de Moraes, com quem teve uma amizade fortíssima. Junto com Moraes gravou composições clássicas como "Garota de Ipanema", "Só Danço Samba" e "Ela é Carioca". Absorveu da grande poética de Vinicius um estilo singular que foi o estandarte para a consolidação da bossa nova como estilo único brasileiro. É até engraçado que, neste disco, a voz de Jobim lembra, em muito, a de Vinicius.

Os dois juntos. Em Ipanema, é claro


      A história desse disco começa do lado brazuca. Jobim estava famosão, extrapolando as linhas nacionais e influenciando (e muito) uma galera dos EUA e da Europa que ainda queriam voltar aos bons e velhos tempos das décadas de 40 e 50. Queriam o jazz e o swing de volta, porém reformulado. Então esticaram os ouvidos para o Brasil e encontraram alguns caras como Caetano, Rogério Duprat, Tom Zé e outros tropicalistas, porém grudaram mesmo ao som de Tom Jobim. A sofisticação de suas composições e harmonias chamaram a atenção e este recebeu um convite para gravar com Sinatra. As gravações duraram cerca de um mês (apesar de todas as músicas irem para uma versão em inglês) e saíram impecáveis. No mesmo período houveram inúmeras apresentações televisivas dos dois juntos com Claus Ogerman, autor de arranjos do disco. Em 1967 foi lançado o passo inicial de uma série de discos consagrados de Jobim, que foi seguido por Wave, no final da década de sessenta.

      Bem, vou parar de enrolar com essa aula de história. O disco é incrível, só isso. Arranjos em flauta, violão, piano e, claro, os clássicos violinos e cellos das músicas de Frank. Tudo incrível, uma mistura perfeita entre bossa nova e o jazz de Sinatra. Destaque para algumas faixas como "The Girl From Ipanema", abrindo o disco com mais do que chave de ouro, cantada também por Jobim (ou seria Vinicius? rs) e, em inglês, por Frank. Também "How Insensitive" é belíssima, em toda sua beleza e tristeza ela se faz uma faixa swingada, suave e sensual. Coloco aqui um trecho de uma apresentação ao vivo dos dois, também em 1969, começando pela incrível "Quiet Nights Of Quiet Stars", com umas partes faladas de Sinatra. A qualidade não tá muito boa mas é só uma amostra, rs.




      Eis um disco único, belo e suave. Algo para ouvir na enquanto balança na rede e vê o pôr-do-sol, rs. Postarei aqui outras coisas de Jobim e seu companheiro Vinicius e, te garanto, que dupla incrível os dois são, haha! Bom proveito!

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Janis Joplin - The Very Best Of (Coletânea)

Blues Rock | Blues | 60's | Deusa do mundo | Peace and Love Bro

  1. Me And Bobby McGee
  2. Cry Baby
  3. Kozmic Blues
  4. Move Over
  5. Piece Of My Heart
  6. Mercedes Benz
  7. Try
  8. Get It While You Can
  9. Down On Me
  10. Ball And Chain
  11. Summertime
  12. Mary Jane
Eu odeio coletâneas. De verdade. Acho que os Artistas perdem seu tempo pensando na ordem em que vão colocar as músicas em um CD, até preparam uma idéia em relação à continuidade delas. Coletâneas simplesmente estragam isso. Também sou contra ouvir uma música sozinha. TEM QUE OUVIR O CD TODO. Mas nesse caso é diferente. Primeiro, o CD ficou ótimo, e segundo eu ouço esse disco desde molequinho. Janis Joplin foi minha iniciação musical, foi por causa dessa mulher que eu descobri em mim a música.

Janis Lyn Joplin nasceu em Port Arthur, Texas. E cresceu cantando no coral da igreja e ouvindo belos blues. A garota descobriu a geração Hippie e se entregou totalmente, mudou se pra São Franscisco e lá foi entregue as droga e as BIBIDA. Essa mulher é simbolo da geração, ela é o que nois conhecemos de hippie, é o que nos esperamos de um hippie. Suas influências no Blues foram essencias para o crescimento musical da geração. As letras falavam sobre dor, sofrimento, repressão e guerra, que são fatos totalmente marcantes para a época dela. E por um infortúnio, há exatamente 40 anos atrás, Janis Joplin se entregou a heroína mais do que o normal, morreu de overdose, no dia 4 de outubro de 1970 em Los Angeles.


Essa Coletânea contem as melhores músicas da moça (ao meu ver), estas: "Me And Bobby McGee", "Piece OF My Heart" e "Move Over". Tem também um belo discurso no meio do cd, por isso ouçam com atenção até o fim do cd pra você ver como a mulé sabia repassar as idéias dela. Coisa Linda de DEUS. Minhas condolências pela morte dela, ela foi uma grande artista e esse post é uma homenagem à ela. Melhor. Acho que ouvir o que ela tinha pra passar é a melhor homenagem que se pode fazer. Então repassar o Cd, era o mínimo que eu posso fazer.

Ouçam com delicadeza e atenção.


domingo, 3 de outubro de 2010

Leonard Cohen - Songs of Leonard Cohen

Folk | Depressão | Compositor of doom

1 - Suzanne
2 - Master Song
3 - Winter Lady
4 - The Stranger Song
5 - Sisters of Mercy
6 - So Long, Marianne
7 - Hey, That's No Way to Say Goodbye
8 - Stories of the Street
9 - Teachers
10 - One of Us Cannot Be Wrong


      Aproveitando a linha do folk deixada aqui atrás por Cash, venho através deste apresentar-lhes Leonard Cohen (lê-se Bob Dylan + Dustin Hoffman). Na realidade, Cohen é um compositor incrivelmente conhecido pelas suas belíssimas letras, melodias suaves e pelo fato de estar há cinco décadas no meio musical. Estranhamente, passou a se dedicar à música somente após os 30 anos de idade, quando já era consagrado como autor de romances e livros de poesia. Hoje, com 76 anos, Leonard ainda faz concertos e é reconhecido mundialmente por, principalmente, seu primeiro disco: Songs of Leonard Cohen.

      Com quinze trabalhos de estúdio (alguns gravados ao vivo), suas músicas foram interpretadas ao longo dessas cinco décadas por uma pá de gente como Dylan, Jeff Buckley, Joan Baez, Nick Cave, U2, Ian McCulloch e até mesmo por Nina Simone. Em 2006, é lançado o aclamado documentário Leonard Cohen: I'm Your Man onde é interpretado pelo trilhista Rufus Wainwright e o líder dos Bad Seeds, Nick Cave. Em 1967, mesmo ano de lançamento deste disco aqui, ele participou do Newport Folk Festival, chamando a atenção de John Hammond que foi quem descobriu, entre outros, Bob Dylan e Billie Holiday. Este primeiro disco foi lançado no final do ano e, apesar do pouco reconhecimento musical que possuia, foi recebido com excelentes críticas. E com toda a razão de receber, pois é um puta disco.


      Em suma, a música de Cohen é uma coisa singela ao extremo. Sua carreira literária, que conta com mais de quinze obras, o influenciou bastante em suas composições. Não apenas como autor de romances, mas também como poeta, lançou seis livros (e inúmeras folhas avulsas de poesia) antes do lançamento de Songs of Leonard Cohen. Essa experiência com as palavras, unida à sua voz suave e à sua criatividade musical, Leonard compunha músicas não apenas harmônicas e ritmadas, mas também com um conteúdo poético incrivelmente denso e profissional, consagrando-se, assim, como letrista, compositor, cantor e instrumentista.

      Durante toda a sua carreira manteve-se ligado ao folk e nunca abandonou a estética acústica em suas apresentações (apesar da tecnologia mudar bastante em cinquenta anos). Essa permanência em suas raízes musicais também mostrou algo a favor em relação ao seu reconhecimento, pois mesmo após tantos anos, seu trabalho continua confiável como o visto neste disco aqui, em 1967. Apesar disso tudo, seu verdadeiro reconhecimento no espaço musical só veio na década de oitenta, com o lançamento de "Hallelujah" no disco Various Positions, em 1984, que foi regravada por dezenas de nomes consagrados, ficando realmente conhecida na voz de Jeff Buckley.


      Este é um dos discos mais lindos e melancólicos que já ouvi. Singelo, belo, suave e tocante. Com letras incrivelmente instrospectivas e emocionais, Cohen toca cada um através de coros de vozes, um dedilhado rítmico em seu violão e sua voz cadenciada que vai ditando suas incríveis palavras sem esforço no ouvido de cada um. Fazendo o uso de uma quantidade pequena de recursos, Songs of Leonard Cohen é marcado pela onipresença do violão e da voz de Cohen. Atrás disto, as vozes em coros, os instrumentos de corda, de sopro, metais e, às vezes, uma guitarra elétrica, contribuem para o minimalismo desta obra, dando o toque certo na hora certa e a medida correta do que se deve acrescentar à música para ela sair com uma beleza única.

      Todas as faixas são lindas em sua singularidade. Todas são belas e fazem deste disco um trabalho completo, sem aquelas faixas que diferem da imagem dele e fogem totalmente da proposta mostrada. De certa forma é único, porém tem suas músicas que merecem o devido destaque como, por exemplo, abrindo o disco, "Suzanne" mostra o que você ouvirá durante os próximos 41 minutos: Harmonia, vozes suaves e uma letra que eu vejo como "linda de matar". "Master Song" são seis minutos de pura beleza, uma melodia com violão, contra-baixo, guitarra, teclado e piano. Fica também "Hey, That's No Way to Say Goodbye", que lembra bastante a primeira faixa, mas sua composição é diferente (e com razão) e, pra quem entende inglês, vai se emocionar com a delicadeza desta música. Por último, destaco "One of Us Cannot Be Wrong", fechando o com chave de ouro. Só ouvindo mesmo pra entender do que falo.




      Agora, neste domingo, se está afim de fazer nada mais além de ouvir isto aqui, é só baixar e sair por aí com a suave voz de Leonard Cohen em cada um de seus ouvidos. Cuidado pra não ficar depressivo e suicida (se bem que é meio difícil) ao ouvir este disco e lembrar que amanhã terá que trabalhar novamente, haha! Bom proveito!


Leonard Cohen - Site Oficial
Leonard Cohen - Poesias e poemas traduzidos em português


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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Johnny Cash - At Folsom Prison

Country | Folk | ÉPICO

1 - Folsom Prison Blues
2 - Busted
3 - Dark As The Dungeon
4 - I Still Miss Someone
5 - Cocaine Blues
6 - 25 Minutes To Go
7 - Orange Blossom Special
8 - The Long Black Veil
9 - Send A Picture Of Mother
10 - The Wall
11 - Dirty Old Egg-Suckin' Dog
12 - Flushed From The Bathroom Of Your Heart
13 - Joe Bean
14 - Jackson (With June Carter)
15 - Give My Love To Rose (With June Carter Cash)
16 - I Got Stripes
17 - The Legend Of John Henry's Hammer
18 - Green, Green Grass Of Home
19 - Greystone Chapel


      Tô a umas duas semanas ouvindo uma pancada de bandas instrumentais (ou não) japonesas. Ouvi Toe até cansar meu last.fm e ficar entediado por ter de ouvir apenas dois discos deles. Ouvi também uma tonelada de coisas e, de uma hora pra outra, percebi que, MAGICAMENTE, meu At Folsom Prison tinha sumido dos meus arquivos e fiquei com uma cara de tacho porque não ouvia aquele disco fazia muito tempo. Corri e fiquei possuído por uma satisfação tão grande ao ouvir a clássica frase no começo de todo show.

      "Hello. I'm Johnny Cash".

      Antes de Dylan arrancar um sól na sua velha Hohner, Cash já tinha sido preso N vezes, virado sherife de Davidson County no Tennesse e, claro, "atirado em um homem em Reno só para assistir ele morrer". Simplesmente uma lenda, tocou com Elvis, Dylan, Willie Nelson e, principalmente, June Carter.


      At Folsom Prison é um épico. Imagina: Você É Johnny Cash. Você faz letras sobre matar homens sem ter motivo, dar uma cheirada, ficar a vida inteira numa prisão, morrer na cadeira elétrica, ser jogado "pela privada do banheiro do seu coração" de sua mulher e seu companheiro de sela ser seu melhor amigo. Agora, imagina: Você tá tocando na prisão mais segura do Tennesse para presos que tem, em sua maioria, uma sentençazinha de 50 anos a, talvez, uma cadeirinha que estará ligada na tomada. Meio épico, não?

      Cash se consagrou com os shows em Folsom e San Quentin, ambas prisões de segurança máxima. Na época, o agente do "Homem de Preto" quase deu um tiro em seu próprio joelho por causa da decisão de tocar em prisões e foi com o papo de que o público de Cash não eram assassinos condenados à prisão perpétua e que ele ficaria com a imagem queimada e blá blá blá e ele disse: Ei, relaxa, sou Johnny Cash. Se eu não tocar com homens que fizeram o que eu teria feito em vários momentos da minha vida, pra quem vou tocar? Pra minha mãe?

Ele é Johnny Cash. Você não.


      Não tenho nem o que dizer sobre esse disco, sinceramente. É lindo, cômico e, por mais incrível que pareça, comovente. Canções sobre nunca mais sair para as ruas, ver a família ou então, simplesmente não poder ir na padaria comprar o cigarro de cada dia. Até assassinos choraram no show. Além disso, se você entende inglês e consegue acompanhar todas as palavras de Johhny, saberá o quão engraçado é. A quantidade de piadas de baixo nível e a intimidade criada instantâneamente entre Cash e os presos são incríveis. Se não consegue entender, basta as risadas de todos os homens e uma imaginação pra recriar uma prisão com o ator principal do country na frente de centenas de presidiários serelepes e felizes como nunca que terão aquele como o melhor momento de todas as suas vidas.

      Com a participação da incrível June Carter nas décima quarta e décima quinta faixas, Cash consagra sua fama de Homem De Preto nesse disco. É absurdamente genial. Você pode até achar meio chato pelo ritmo ser praticamente o mesmo durante todas muitas músicas, mas aí tu repara nas letras e pensa: Porra, mas esse cara tinha culhões. Letras realmente incríveis, filosóficas e, ao mesmo tempo, extremamente escrotas como em "Dirty Old Egg-Suckin' Dog", "Flushed From The Bathroom Of Your Heart" e a quase inacreditável "Cocaine Blues". Cara, não tem nem como destacar algumas músicas, praticamente todas são incríveis em algo. A voz sepulcral de Cash e seu ritmo característico levam a essência do country e do folk pra essa gravação em Folsom. Só destacaria mesmo a primeira faixa por ela possuir a costumeira frase de entrada de todos os shows de Johnny, mas terá de ouvir todas e chegar à conclusão de que se existe um músico de cadeias, ele é Cash.




      Bem, se nunca ouviu este épico, taí sua chance. Tô com um puta saco pra resenhar aqui e, melhor do que isso, enquanto (magicamente) chove aqui em BH desde uns 130 dias atras , a melhor coisa a fazer é aumentar o volume de "The Long Black Veil" ao máximo, ir pra janela ver essa chuva e dar uma rezadinha para que Johnny esteja bem lá no além, se matar mais ninguém em Reno, rs. Bom proveito!

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sgt. - Stylus Fantasticus


Post Rock | Instrumental | Experimental | Outros japas fdps

1 - すばらしき光
2 - 囚人達のジレンマゲーム
3 - 白夜
4 - 声を出して考える方法
5 - 再生と密室
6 - 記憶の島の月
7 - 銀河を壊して発電所を創れ
8 - ムノユラギ


Acho que não adiantou muito colocar a setlist, não é? Bem, deixa pra lá. Vamos ao som! Comentei sobre sgt. no último post sobre a (também japonesa) banda 3nd. Comentei também sobre seu incrível violino. Então aqui vai um discozinho com uma pequena grande amostra com o incrível trabalho desse quarteto. Todos os membros da banda são multi-instrumentistas, fazendo com que suas atuações no palco sejam totalmente inusitadas ao trocarem de instrumentos quase toda hora e, é claro, possuírem a presença feminina na liderança da banda.

sgt. é uma das veteranas no "underground" do post rock japonês. Em 2005 lançaram seu primeiro disco, Perception Of Casualty, com o auxílio de integrantes da instrumental Toe. Abriram dezenas de shows, incluindo a germânica CAN em seu tour pelo Japão. Com inúmeros splits envolvendo bandas mais recentes de Tokyo como 3nd, good music, OVUM, Boredoms, ROVO e ONJI, sgt. é uma das maiores referências da música instrumental mundial, inovando com sua mistura do clássico ao jazz e com a inserção de um belíssimo violino em suas composições.


O grupo possui uma quase onipresença no Japão, principalmente na capital. Tocando por quase uma década com a formação original, detonam críticas a cada lançamento, seja de compactos ou singles. Em 2005 deslocaram todo o foco para si ao lançarem seu primeiro disco e, em 2008, com o lançamento de Stylus Fantasticus, alcançou supremacia musical ao ser classificado pela Hear Japan como melhor disco do ano, superando For Long Tomorrow, do Toe.

Todos os trabalhos da banda possuem foco no violino, mas também um excelente trabalho, principalmente, na guitarra. Bateria monstruosa e baixo bem executado também. Porém sua singularidade é dada simplesmente pela presença de arranjos do violino que conseguem mesclar o clássico, o jazz e o post rock em uma só mistura. Stylus Fantasticus se consagrou muito, tornando um álbum com uma produção impecável e algo que, teoricamente, é impossível de ser tocado por apenas quatro pessoas. A única resposta possível para esta situação é que eles, simplesmente, são japoneses, rs.


O disco, em si, é belíssimo. Varia de faixa para faixa e não segue, exatamente, aquela progressão típica do post rock. Possui arranjos eletrônicos, samples de outras músicas e a inserção de outros instrumentos como trompete, vibrafone e outros. Algumas músicas possuem efeitos pesados enquanto outras seguem apenas guiadas pelo violino, dando, assim, uma variabilidade imensa à obra do compacto, levando o ouvinte a inúmeras atmosferas diferentes. Particularmente, não gosto da segunda faixa, onde o efeito pesado demais dá um contraste imenso com o resto do disco e não tem nada a ver com a estética do trabalho, no geral. Mas opinião é sempre um saco e aí vem aquela célebre frase de The Big Lebowski: Yeah, well, you know, that's just, like, your opinion, man.

Sem querer desmerecer, mas o crédito de todo o disco ficou com a sétima faixa, 銀河を壊して発電所を創れ (adiantou bastante, né?), que é simplesmente uma das melhores experiências musicais já feitas e que eu ouvi. É simplesmente linda. Mais do que linda, uma obra de arte de tamanho épico. Com quase dezessete minutos de música, ela vai progredindo ao som de um violino impecavelmente executado em cima de uma melodia digna de merecer um lugar no meu pódio das cinquenta melhores músicas que já ouvi. Mas gosto é algo indiscutivel e, enquanto eu estou viajando horrores nessa música enquanto escrevo sobre ela, você pode não gostar por simplesmente ser uma faixa um pouco longa (quero ver quanto postar Godspeed You! Black Emperror com suas músicas de meia hora). Bem, você só vai concluir se gosta ou não quando ouvir, mas é uma das melhores dicas pra quem gosta de música instrumental e post rock com uma pitada de um clássico violino.




Coloquei a primeira parte da música pra vocês conferirem, para ouvir o resto pode ir lá no nosso amigo youtube e ouvir, ou então simplesmente baixar no link que vou colocar aqui em baixo. Acho que essa invasão musical do Japão que estou tendo vai passar logo e daqui a pouco vou voltar a postar coisas mais convencionais (not). Bom proveito!

Myspace - sgt.

Hear Japan - sgt.

Download 81MB

domingo, 26 de setembro de 2010

3nd - View From Here

Instrumental | Post Rock | Math Rock | Japoneses fdps

1 - Clockworker
2 - Augustline
3 - Season
4 - Haruoto
5 - Walk in brown
6 - Into the water ~ water

      Quando eu comecei a ouvir Toe, deixei por aquilo mesmo. Uma banda daquela conseguia suprir minhas necessidades naquela época. Até que num belo dia fui fuçar os artistas relacionados a Toe através no nosso amigo Last.fm. Acabei conhecendo vários grupos insanos, como por exemplo Mouse On The Keys, que possúi um extraordinário piano, Mudy On The 昨晩, com suas incríveis três guitarras, a belíssima sgt. que possúi violino e, é claro, 3nd com um baixista simplesmente insano. Houveram outras, mas essas se destacaram por possuir singularidades. Então lá fui eu, todo serelepe, ouvir essa banda aqui. No começo da primeira faixa eu já fiquei assombrado com o baixo, pior ainda no final da música. Uma banda que tem um baixista que não usa pedais e consegue levar o som pra frente acima das duas guitarras cheias de efeitos não é nada mole. É realmente incrível o arranjo feito entre o baixo e as duas guitarras, algo singular e totalmente inovador. As guitarras são OK, possuem todo a sua beleza, a bateria também (mas nem se compara a Takashi de Toe) porém o baixo é realmente incrível. Não somente ele, mas a composição em que ele está e a atmosfera que a união dos quatro instrumentos emanam.


      3nd foi formada em 2007 e, até agora, com dois álbuns e alguns singles, slipts e EPs, vem seguindo a linha da nova geração musical do Japão e reforçando o movimento da música instrumental em Tokyo. Mantendo a formação original até hoje, até nos shows ao vivo, os caras fazem um som bem dançante, diferente de outros caras como sgt. e Toe, devido, em grande parte, ao seu baixista, Yamamoto. O nome dá banda dá muitas controvérsias e, em uma entrevista ao site Hear Japan, os caras disseram que a pronúncia certa é "Three N D".

      O som é afinado e sincronizado aos milisegundos, possuindo uma característica muito ligada ao Math Rock, aproximando-os de bandas como LITE, porém suas guitarras possuem efeitos clássicos que lembram o post rock de bandas americanas (tanto é que neste exato momento, eles devem estar tocando em algum lugar dos EUA em turnê). O som deles lembra, em parte, a banda americana And So I Watch You From Afar, de onde eles tiram bastante influência. Bem, é chato ficar dando classificações à música dos caras, mas se tem algo que é, é um instrumental foda pra caralho. E só.


Um salutar desjejum: Café e cigarros.

      Esse foi o disco de estreia deles, lançado em setembro de 2007, ganhando ótimas críticas dentro da capital japonesa devido aos seus excelentes arranjos, composições inusitadas e, claro, à grande complexidade de seu contra-baixo. É realmente um disco dançante, animado, com uma bateria veloz e um ritmo que assusta de tantas mudanças. A primeira faixa já dá um puta susto com a entrada, em slaps, do baixo. Melhor: Ele dobra o tempo no final da musica, inclusive as guitarras! "Augustline" já é uma música bem mais fragmentada, com os intrumentos levados unicamente e um grito de animação, talvez, é dado pelos membros lá pela metade da música. Realmente revigorante, rs.

      Outra linha de baixo ignorante fica em "Haruoto". Simplesmente incrível. Depois desta, "Walk In Brown" é a mais variada do disco (e minha predileta), com belas combinações entre as guitarras e um ritmo que vai do lento para o extremo do dançante. Totalmente empolgante. A última faixa fica marcada pelo delay das guitarras, que dão um echo durante toda a música e terminam o disco de uma modo quase épico.




      Esse foi o único vídeo que achei dos caras, não é desde disco mas sim de um single composto antes da banda ser lançada e que veio a ser gravado no ano passado. Achei o clipe horrível, mas o instrumental é que vale, dando ênfase em TODOS os intrumentos (pire no baixo). Bem, dá pra conferir algo através dele, mas deixarei alguns links para conferirem o som antes de baixarem. Postarei mais algumas bandas instrumentais vindas do Japão, todas com as suas peculiaridades. Bom proveito!

3nd - Hear Japan

3nd - Myspace

Download - 40mb

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ray LaMontagne - Trouble

Folk | Indie Folk | Indie | Voz Super Bacanildes

  1. Trouble
  2. Shelter
  3. Hold You In My Arms
  4. Narrow Escape
  5. Burn
  6. Forever my Friend
  7. Hannah
  8. How Come
  9. Jolene
  10. All The Wild Horses
      Ray LaMontagne, Cantor folk nascido em New Hampshire, um cara totalmente normal, com seus problemas e dificuldades normais, que um dia, voltando do trabalho na fábrica de sapatos, teve a idéia de se tornar um cantor folk. O cara tem uma criatividade absurda, e uma voz fodissima. Como é um cara envergonhado, prefere fazer seus shows no escuro e bem próximo ao público, pra melhor interação destes.


      O Disco é basicamente todo feito por ele, em seus mínimos detalhes. Esse é só o primeiro trabalho dele, que já tem atualmente 3 discos, e faz o próximo enquanto aproveita sua vida no campo. Destaque na música-nome do cd "Trouble" é coisa linda de deus.