domingo, 28 de julho de 2013

Tim Maia - 1970


MPB | Soul | Groove | Épico | Funk | Deus

1 - Corone Antonio Bento
2 - Cristina
3 - Jurema
4 - Padre Cicero
5 - Flamengo
6 - Voce Fingiu
7 - Eu Amo Você
8 - Primavera (Vai Chuva)
9 - Risos
10 - Azul da Cor do Mar
11 - Cristina Nr. 2
12 - Tributo a Booker Pittman

Bônus:
13 - These Are The Songs (Bônus)
14 - Sentimento - Compacto 68
15 - Meu País - Compacto 68 CBS
16 - What You Want To Bet
17 - These Are The Songs


     Olá meus jovens! Estou aqui novamente pelo ânimo de trazer coisas novas aos seus ouvidos! Hoje lhes apresento o primeiro longplay do mestre Tim, o que transformou o seu nome em um mito e rendeu um dos melhores álbuns da história do mundo. Pra começar, vamos ouvir:



     Tito volta essa semana e nossa banda de funk finalmente vai ser encaminhada pra o SUCESSO. Muitas das coisas que pretendemos tocar são canções do Tim Maia. Obviamente que eu, sendo o baixista de uma banda de funk (puta responsabilidade, podemos dizer) piro nas linhas de baixo de muitas musicas do Tim Maia e confesso que essa postagem aqui na Taverna é uma das tentativas de forçar a minha banda a tocar mais músicas dele, hehe. Ele começava a compor suas músicas pelo baixo, o que realmente conseguimos perceber pelo destaque que o baixo tem em relação aos outros instrumentos. Esse álbum aqui é uma das pérolas musicais que eu guardo no fundo da minha alma, um daqueles discos que a gente ama de coração e não consegue abandonar ele independente do que aconteça.

     Tim Maia passou um tempo nos EUA absorvendo as influências dos verdadeiros soul e funk americanos, tentando gravar algumas coisas por lá, porém nunca conseguiu algo de concreto... Mas quando voltou para o Brasil foi indicado pelos Mutantes a gravar com a Polydor, selo da antiga gravadora Polygram. Foi um álbum com uma das melhores repercussões da história: 24 semanas consecutivas no topo das listas do Rio de Janeiro. Foi um dos álbuns mais vendidos no ano seguinte ao seu lançamento (competindo com lançamentos pesadíssimos de 1971). Posso garantir pra vocês que não é sem motivo que esse disco foi um sucesso, pois para um álbum de estréia, o nome TIM MAIA explodiu por todo o país através da qualidade sem precedentes de um Soul/Baião/Funk/MPB que ninguém aqui na terra tupiniquim tinha ouvido antes.



     Existe o mito de que quando esse disco foi gravado, ele passou por um processo chamado "envernização cremosa", aonde todas as notas gravadas são processadas por uma camada de CREMOSIDADE, dando uma textura única ao som, porque não é possível... Em toda a minha vida eu nunca ouvi um disco que tivesse um timbre tão único quanto esse. É tocar qualquer pedaço de qualquer música desse disco que você pode identificar, sem sombra de dúvidas, que se trata do primeiro disco do Tim Maia. É uma textura sonora muito difícil de explicar, de verdade... É como se esse disco fosse TODDYNHO e todos os outros fossem qualquer chocolate de caixinha que se vende por ai: são gostosos, mas o Toddynho tem alguma coisa especial que ninguém sabe direito o que é. É exatamente isso que acontece nesse disco.

     Esse disco tem quatro composições do mestre Cassiano, sendo que "Primavera (Vai Chuva)" é a mais famosa delas. Essa canção ficou tão famosa na voz de Tim Maia que Cassiano conseguiu verba suficiente, somente com os direitos autorais dessa música, pra poder financiar todo o seu disco de 73: Apresentamos o Nosso Cassiano. O álbum já abre com uma das músicas mais pauleras do disco, "Corone Antonio Bento", que é uma mistura de baião com funk que te chama a dançar. "Cristina" tem um groove pesadíssimo, mas é mais violento ainda na segunda versão da música, penúltima faixa do disco. Uma das minhas paixões nesse disco é a faixa "Flamengo", composta por Tim Maia. Tudo bem que a letra não é lá muito criativa, mas o groove é constante e imutável, dando uma vontade de dançar ou torcer pelo Flamengo. "Eu Amo Você" é, sem dúvidas, uma das músicas mais bonitas do disco: melancólica até não poder mais, sofrida de coração. Uma daquelas confissões amorosas narradas por Tim Maia que puxam, mais do que o necessário, o Soul verdadeiro que existe em sua voz. "Azul da Cor do Mar" foi o maior sucesso do disco, sendo composição própria dele. Separo também "Tributo a Booker Pittman", que é o único jazz e uma das minhas canções preferidas de todo o disco, com uma linha de baixo de chorar, uma linda letra e uma harmonia entre os instrumentos que fica até difícil de explicar.



     Coloquei alguns bônus de gravação pra vocês ouvirem também. Uma versão gravada por Tim Maia e Elis Regina da música "These Are The Songs". É um belíssimo dueto, contrastando a voz gravíssima de Tim e a suavidade da voz de Elis. Algumas músicas do compacto de 68 de Tim, uma das poucas gravações antes deste álbum de lançamento e mais uma versão de "These Are The Songs", dessa vez cantada apenas por ele. Não perca tempo leia o livro O Universo Em Desencanto e baixe logo esse álbum que deveria ser uma das 7 maravilhas musicais brasileiras. Ouçam e comentem! Abraços!

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Erasmo Carlos - Carlos, Erasmo... (1971)


MPB | Groove | Rock | Dificil de definir | Tiozão

1 - De Noite, Na Cama
2 - Gloriosa
3 - Masculino, Feminino
4 - É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo
5 - Dois Animais Na Selva Suja da Rua
6 - Gente Aberta
7 - Agora, Ninguém Chora Mais
8 - Sodoma E Gomorra
9 - Mundo Deserto
10 - Saudosismo
11 - Não Te Quero Santa
12 - Ciça, Cecília (Tema De Ciça)
13 - Em Busca das Canções Perdidas Nº2
14 - 26 Anos De Vida Normal
15 - Maria Joana
16 - A Semana Inteira
17 - Coqueiro Verde


Ouça isso:



     Não foi o suficiente pra te convencer a baixar esse álbum? Puts... Quando eu ouvi essa música pela primeira vez a única coisa que passou pela minha cabeça foi "COMO QUE EU NUNCA TINHA OUVIDO ISSO NA MINHA VIDA, MEU AMIGO?". E até hoje a maioria das pessoas pra quem eu mostro essa música (ou até mesmo o álbum inteiro) também pensa do mesmo jeito que eu. Como que tal qualidade musical feita aqui, no nosso país tupiniquim, não chega ao ouvido do público comum? É algo que sempre me intriga... Mas já que a mídia não mostra esse tipo de música, a Taverna existe. E estou aqui hoje pra resenhar um dos melhores discos que já ouvi na minha vida.

      "Erasmo Carlos? Quem é ele? É parente do Roberto Carlos?"

     Coincidentemente acabei conhecendo Erasmo pelo seu companheiro Roberto Carlos. A uns anos atrás eu escavava o excelente blog sacundinbenblog e descobri uma seleção feita pelo dono do blog sobre composições de ALTÍSSIMA qualidade gravadas na década de 70 pelo próprio Roberto Carlos. Eu me espantei por quebrar a cara em relação a um artista que eu tinha uma noção completamente diferente. Roberto é FUNK, é GROOVE. O que a gente conhece dele é, infelizmente, o pior do trabalho do Rei. Fiquei muito feliz de fazer tal descoberta e mais feliz ainda quando, vendo que Erasmo Carlos compunha junto com Roberto, tive a curiosidade de procurar sobre essa figura e me espantar mais uma vez, para a minha felicidade.



     Já não basta a surpresa de ouvir um som novo, quando a gente vai a fundo acaba descobrindo mais surpresas aonde achava impossível ter mais alguma. Erasmo era amigo de infância de Tim Maia, que chegou a ensinar Erasmo a tocar violão. Em 57, Tim Maia montou uma banda chamada The Sputniks, sendo que um dos integrantes da banda seria um dos maiores parceiros na carreira de Erasmo como arranjador e compositor: Roberto Carlos. Houve uma briga de proporções épicas entre Tim e Roberto e banda se desfez. Após o fim dos Sputniks, Erasmo formou, com mais alguns integrantes, o The Snakes, que acompanha tanto Tim Maia quanto Roberto Carlos, ambos em suas respectivas carreiras solo.

    Erasmo Esteves adotou o nome artístico de Erasmo Carlos em homenagem ao amigo Roberto e o seu produtor Carlos Imperial. Conheceu Jorge Ben, Wilson Simonal e João Gilberto. Quando a Bossa Nova nasceu, Erasmo foi fortemente influenciado por ela ao mesmo tempo em que mantinha seus pés fixos no rock 'n roll e ao blues. Tais influências começaram a se mesclar quando, em 70, ele assina com a Polydor e, com a presença musical de Tim Maia e Cassiano, ambos trazendo o Soul para a MPB, Erasmo começa a gravar seus melhores trabalhos, trazendo uma mescla de MPB, Bossa Nova, Soul, Rock 'N Roll e Blues. E, como eu já falei em algumas outras resenhas aqui na Taverna, o ano de 1971 foi o ano mais fodelância da música brasileira, com lançamentos de discos INSANOS como o melhor disco do Gilberto Gil, o do Novos Bahianos e Baby Consuelo, Tim Maia, Chico Buarque, o melhor disco de Gal Costa, Caetano, Elis Regina e outros cantores.


Erasmo Carlos aprova este post.

     O disco já abre com uma canção de Caetano Veloso que foi composta especialmente pra Erasmo: "De Noite, Na Cama", que trás uma fortíssima apologia à maconha. Outro fator que poucos podem negar é que Erasmo gostava, até demais, da santa erva, tanto é que "Maria Joana" é uma declaração explicita do amor que Erasmo tinha em relação à maconha. "Masculino, Feminino" é uma belíssima canção na qual Marisa Fossa acompanha Erasmo no vocal, bem suavemente, quase como uma declaração de amor um para o outro, como um dueto. Não preciso nem falar sobre "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", não é? O groove dessa música é pesado demais, quase insuportável quando acompanhado pela letra melancólica. E quando você acha que a música não pode melhor, tem um solo de guitarra E um solo de sax. Pesadíssimo.

     Ouçam também "Gente Aberta", um sambinha com um groove tropical, uma belíssima letra e uns metais deliciosos que aparecem no fim da música, quando o rock 'n roll quebra e o baixo começa a fazer as linhas mais inusitadas. Pena que dura pouco mais de dois minutos de música... "Sodoma E Gomorra" é quase como uma canção religiosa, acompanhada numa harmonia medieval e uma letra arrastadíssima na voz de Erasmo. "Não Te Quero Santa" é uma daquelas canções da MPB que todos nós já ouvimos, que não sai da cabeça e, ainda por cima, é uma delícia de música! Finalizando a seleção fica "Coqueiro Verde", um puta samba arranjado no violão, no bongô e na cuíca, que é a última música do álbum só pra mostrar que Erasmo também conhece o samba.




Quem não tem nada com isso
Vê a vida e não o amor
Gente certa, gente aberta
Se o amor chamar, eu vou
Eu vou, eu vou, eu vou...

Ouçam essa delícia musical vinda diretamente do nosso Brasil da década 70 e me digam se só gostaram ou se estão apaixonados por esse álbum igual eu, HAHA. Espero que gostem! Até o próximo álbum!

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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Tim Maia - 1973


Soul | Funk | Samba | MPB | Groove Infinito | Deus

1 - Réu Confesso
2 - Compadre
3 - Over Again
4 - Até Que Enfim Encontrei Você
5 - O Balanço
6 - New Love
7 - Do Your Thing, Behave Yourself
8 - Gostava Tanto De Você
9 - Música No Ar
10 - A Paz No Meu Mundo É Você
11 - Preciso Ser Amado
12 - Amores
13 - Coragem -Trilha Sonora Dos Irmãos Coragem (Bônus)
14 - Chocolate (Bônus)
15 - Paz (Bônus)


     Boa tarde, Taverneiros! Como vão vocês? Eu cai na realidade um dia desses quando percebi que não tinha NENHUM disco do mestre Tim. Fiquei até meio triste por pensar que vocês podem acabar deixando beldades musicais como esse álbum fora do conhecimento de vocês, então eu estou aqui hoje pra fazer uma resenha rapidíssima desse maravilhoso disco que tem uma composição PERFEITA em toda e extensão da obra. Pra quem não conhece NADA de Tim Maia e não viu a belíssima animação feita para a comemoração do lançamento (póstumo, para a infelicidade do Tim) do primeiro disco com lançamento internacional dele, narrado pela voz de ninguém menos que Devendra Banhart, The Existential Soul of Tim Maia, vejam:




     Triste e bonito, não? Dá uma resumida bacana na vida dele, que era um cara sem comparações no seu estilo de vida louco. Mas ao mesmo tempo que existia essa loucura, existia também uma paz interior que é claramente vista nas suas composições, principalmente na era Racional. Tim Maia inventou esse estilo de buscar no Soul a sua voz para cantar na MPB, com fortes influências de samba e do funk norte-americano, principalmente nas linhas de baixo de suas músicas (que, convenhamos, são uma tetéia para os ouvidos). As linhas de baixo das músicas dele são tão importantes que ele começava a maioria de suas composições por elas. Tim teve vários baixistas na composição da sua banda, que era sempre inconstante devido ao comportamento imprevisível dele, mas todos eram muito habilidosos e Beto Cajueiro (que tem um projeto solo) acabou tomando a linha de frente no baixo da banda por vários anos, executando perfeitamente as linhas que o próprio Tim compunha. Tim tocava do baixo à cuíca, do violão à bateria (quase um Zappa brasileiro, não?) e compunha todos os instrumentos para que sua banda somente executasse, bem ao estilo Tim Maia.

     Tim ficou ultra famoso na década de 70, com a sua volta dos EUA e a gravação do seu disco no mesmo ano (um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos, em minha humilde opinião). Depois ele gravou um disco em cada ano: 71, 72 e 73. Três discos VIOLENTOS sonoramente. Acabarei, ao longo do tempo, postando todos aqui, que fazem parte do ápice da criatividade musical de Tim junto com algumas composições da sua era Racional (1974 ~1976) e do disco de 76 também. Poucos discos dele tem títulos, como o Tim Maia - Disco Club, de 78, que já é da época Dance dele, com baladinhas. O resto do discos vem com sua foto e a data, acompanhada em letras garrafais: TIM MAIA.




     Este disco, de 73, é um dos meus preferidos de toda a discografia de Tim. Você vai encontrar menos álbuns de qualidade a partir da década 80, devido a vários motivos: Tim ficou descontente com as gravadoras, mudou seu estilo de composição desse MPB/SOUL/FUNK para algo mais brega, entupido de arranjos de violinos e cellos, além dos problemas com drogas e obesidade. Por outro lado,  alguns LPs dessa época são excelentes, como Descobridor dos Sete Mares e algumas canções do seu disco de 1986. Mas essa época aqui que a gente está tratando, quase toda a década de 70, foi um berço para a criatividade musical de Tim. Foram tantas, mas tantas composições de uma qualidade nunca antes vista no Brasil que eu não consigo nem escolher as palavras certas pra poder tratar disso. Tim tem um estilo inconfundível. Aonde quer que toque alguma música dele, não é possível confundir com outro cantor. E eu aqui, treinando bastante no baixo pra poder tocar tranquilamente na minha futura banda de Funk, fico aprendendo as linhas de baixo das músicas dele e posso dizer: não existe nada mais gostoso do que tocar uma música do Síndico do Brasil, título que Jorge Ben deu pra Tim na canção W/Brasil.

     O álbum já abre com um clássico dos clássicos: Réu Confesso, que resume muito bem o que você vai ouvir pela próxima hora: um groove com molejo, bem abrasileirado, com toques do Soul e do Funk norte americano, mas inconfundível na voz do mestre Tim. Eu nunca imaginei que seria possível sambar ouvindo Soul, mas isso é possível em "Compadre" (e várias outras músicas). Eu quero até separar mais algumas músicas marcantes desse disco, uma delas é "O Balanço", que segue com a linha de baixo mais deliciosa do disco, com a voz arrastadíssima de Tim Maia repetindo a seguinte estrofe:

Deixo de viver o compromisso,
Longe de qualquer opinião.
Farto de conselho e de chouriço,
Maltratando o velho coração.

Ovo de galinha magra, gora.
Todo mundo que eu conheço, chora.





     Uma das músicas deste disco que também explodiram de sucesso foi "Gostava Tanto De Você". Qual é... Quem nunca cantou essa música num buteco com mais 15 pessoas acompanhando ao som de um único violão da mesa? "Música No Ar" é um dilema na composição. Essa música não sabe o que ela quer ser: se é um bolerozinho romântico acompanhado de violinos ou se é uma carregada RECHEADA de groove, com arranjos na guitarra e gritos carregados do soul norte-americano, pois ela fica alternando entre os dois ritmos, trazendo uma sensação de satisfação completa só de ouvir essa música. "Preciso Ser Amado" quebra toda a composição do disco, ainda sendo uma bela música. É um desabafo na voz e violão, carregado de tristeza e saudade. Quase no fim do álbum a gente tem "Amores". Eu não sei nem o que vou comentar sobre essa música, na boa... PAULO PAULEIRA POWER no groove. Não tem voz, só a quebradeira de baixo, guitarra, bateria e um teclado. Quase três minutos só de improviso. Pra finalizar, separo também "Chocolate", que é um clássico também na voz de Tim. Detalhe para a linha do baixo que praticamente leva, junto com a voz, a música inteira.

     Pra lembrar que ele tem, também, um inglês impecável, Tim nos trás sua voz na língua do tio sam nas músicas "New Love", "Over Again" e "Do Your Thing, Behave Yourself", sendo que esta última é, com certeza, um dos maiores destaques do disco inteiro. Uma linha de baixo mais do que cremosa, uma voz mais do que carregada de Tim, um groove constante e imutável da bateria e os back vocais explodindo na hora do refrão. E pra quem não tinha botado fé do Tim tocando outros instrumentos, aí vai um vídeo dele cantando, ao vivo, "Do Your Thing, Behave Yourself" e com um bônus dele tocando bateria ao fim do vídeo (acompanhado de um percursionista mergulhado no ácido).



     Enfim... Não sei o que dizer mais sobre esse disco. Com certeza estarei resenhando o disco de 70 e mais alguns do Tim Maia. Praticamente não consigo ouvir outra coisa, hehe. Espero que vocês gostem dessa overdose de groove que vão encontrar nesse álbum. Ouçam, deleitem-se e comentem. Aproveitem! 

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Blind Faith - Blind Faith (1969)

Blues Rock | Clássico | Experimental (?) | Clapton & Baker

Disco 1:
1 - Had To Cry Today
2 - Can't Find My Way Home
3 - Well All Right
4 - Presence Of The Lord
5 - Sea Of Joy
6 - Do What You Like
7 - Sleeping In The Ground
8 - Can't Find My Way Home
9 - Acoustic Jam  [Bonus Track]
10 - Time Winds  [Bonus Track]
11 - Sleeping In The Ground #2

Disco 2:
1 - Jam No.1: ''Very Long & Good J
2 - Jam No.2: ''Slow Jam #1''
3 - Jam No.3: ''Change Of Address
4 - Jam No.4: ''Slow Jam #2''

       Para ler o resto do post, já deixo aqui um vídeo do Blind Faith tocando ao vivo em 69, na Inglaterra. Sintam-se a vontade para assistir o show inteiro (que é MUITO BOM!). Tem um videozinho falando sobre a banda no começo, então pulem para os 11 minutos que é aonde começa o som. 



       Olá Taverneiros! Desculpem pela demora a postar algo por aqui, é que fim de semestre na faculdade é foda. Vou postar rapidinho aqui hoje porque estou apaixonado, simplesmente, pelo meu baixo. Ando aprendendo a tocar umas linhas deliciosas no baixo e mês que vem a minha banda de funk finalmente vai sair, haha! Eu falei para o Tito postar algo por aqui, mas amanhã ele viaja pra Europa e só volta no fim do mês, então vou ter que abastecer melhor o conteúdo desse nosso querido blog.

       A verdade é que eu não iria resenhar esse álbum, o Tito iria, mas como já faz quase um mês desde a última postagem e ele viajou, resolvi escrever sobre esse álbum que é, sonoramente, um pedacinho da bunda de jesus. Vocês lembram do Wheels Of Fire, do Cream, que resenhei mês passado? Então, seguindo a mesma linha de som, apresento-lhes o Blind Faith, que era uma parada que eu não tinha conhecido até conhecer o Cream. Sim, eu  era um n00b nesse assunto até começar a gostar e conhecer de verdade. Blind Faith nasceu pelo acaso. Clapton convidou Steve Winwood (Traffic, The Spencer Davis Group, participações com Howling Wolf e altas galera) pra fazer umas jams na casa dele, só de zueira mesmo. Ginger Baker ficou sabendo da brincadeira dos dois e resolveu entrar, o que deixou Clapton meio relutante, já que com Baker ele tinha uma longa história no Cream e "aquilo ali" que eles estavam fazendo era uma reunião entre amigos. Mas por insistência dos dois, Baker entrou e juntos começaram a gravar umas parada la na casa do Clapton. Com a evolução dos ensaios, sentiram a necessidade de um baixista e chamaram Rick Grech, do Family, pra tocar com eles.

O avião do cover do álbum, no teclado de Winwood, no show no Hyde Park.

       A notícia de que esses 4 caras estavam tocando juntos vazou e, claro, houve uma expectativa imensa em cima do que seria lançado para o público. Inicialmente Clapton não queria lançar nada, apenas gravar seus jams e ficar de boa, só que todos acharam melhor o lançamento de um único, definitivo e epônimo álbum. Eis então que nasce o primeiro e único disco do que seria o primeiro supergrupo da história (se Cream não contar, né). O álbum teve a capa censurada nos EUA e lançada com a fotografia de Bob Seidemann na Inglaterra, que tem uma história curiosa sobre essa capa: Clapton encomendou uma capa para seu novo álbum e Seidemann disse que precisaria de uma garota virgem para fotografar junto a uma miniatura de um avião futurista recoberto da cor prata (embaladíssimo pela era espacial de 1969). Nem Clapton nem ele conheciam alguma garota virgem, ainda mais nessa altura da revolução sexual. Reza a lenda que Seidemann andava pelo metrô e viu uma garota de 13 anos usando uma roupa colegial, chegou para ela e entregou seu cartão e pediu para ela contactar ele pois ele queria fazer uma sessão de fotografia para uma "famosa banda de rock". A garota gostou da ideia e marcou um encontro de Seidemann com seus pais, que concordaram com a ideia (diz-se que os pais da garota eram amigos do Allen Ginsberg). Seidemann achava que a garota já era muito velha para o conceito que queria abordar na fotografia mas, a irmã dela, com apenas onze anos de idade, era perfeita para a capa do álbum. Seidemann batizou a foto de Blind Faith e enviou para Clapton, que adorou a ideia e aproveitou o nome para a banda. A gravadora, Atlantic, recusou a capa quando apresentaram a arte final mas Clapton, relutante, disse: "Sem capa, sem disco". O resultado: quase um milhão de cópias na Inglaterra com a capa original, sendo que lançaram uma versão tosca e censurada de uma foto dos 4 músicas reunidos para a versão da capa norte americana. Aqui no Brasil, o álbum só chegou com a capa original na década de 80. Quem quiser dar uma conferida na história do próprio Bob Seidemann sobre essa capa, confiram no site oficial dele: http://www.bobseidemann.com/blind_faith_doc.html


Capa lançada nos EUA

       O álbum lançado originalmente tinha apenas quatro músicas no lado A e duas no lado B, sendo que "Do What You Like" (composta por baker) tem 15 minutos. Todas as outras músicas são gravações avulsas de excelente qualidade selecionadas pelos próprios músicos, que foram lançadas numa versão de luxo posteriormente. É um lindo disco, de verdade. Muito bem arranjado e produzido. Foi marcado, no lançamento e até hoje, pelas faixas "Presence Of The Lord" e "Can't Find My Way Home". Essa última foi tão foda que até o nosso ex-ministro e músico fodão da tropicália Gilberto Gil gravou uma versão no disco de 71 dele. "Presence Of The Lord" tem um solo violentíssimo rechado de wah-wah, um exibicionismo puro da virtuosidade e improviso do Clapton de encaixar um solo em QUALQUER COISA. 

       O disco 2 são quatro jams de aproximadamente 15 minutos cada uma. Paciência ao ouvir essas faixas, são longas e com muitos detalhes. Os improvisos são sensacionais, ora uma base de blues calma, ora um solo de teclado do meio do nada e, claro, uma guitarra violenta do Clapton descendo dos céus. É isso ai então, gente, espero que os que não conheçam comecem a gostar e quem já conhece ouça um pouquinho mais desse relicário musical. Coloquei um arquivo um pouquinho grande, mas sem choro porque a qualidade tá impecável, tudo bem? Haha! Abraço!

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