segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Darondo - Let My People Go


Funk | Soul | Groove | Soul As Shit

1 - Let My People Go
2 - Legs
3 - Didn't I
4 - I Want Your Love So Bad
5 - How I Got Over
6 - My Momma And My Poppa
7 - Sure Know How To Love Me
8 - Listen To My Song
9 - True


     Boa noite Taverneiros! Como vão? Aqui tá indo tudo bem, tirando o trabalho que suga minha alma a cada dia de 8 às 18, haha. Mas as coisas tão indo bem. Nós temos nosso primeiro show marcado pra dia 12 desse mês e as minhas expectativas estão bem altas, hehe. Tô saindo um pouco da pala do Cream agora que eu já ouvi e praticamente decorei tudo também, mas não acho de todo ruim parar de ouvir um pouco e mergulhar nos aproximados 1.500 discos que tenho baixado (para polícia da internet: é mentira viu?). Mas a real é que eu estava voltando um dia desses de madrugada pelo centro de BH, voltando de um pub às 5 da manhã e, só pra constar, meu carro só toca CD, então tenho vários gravados com tudo quanto é tipo de música. Então botei em um que tinha 100 música aleatórias e coloquei no aleatório ainda por cima. Não é que tocou três músicas seguidas do Darondo? Pensei: "É um sinal divino". Então eis que aqui estou!

     Quem foi Darondo? Sinceramente não sei lá também muita coisa dele, mas que ele foi (infelizmente ele morreu em junho desse ano) um puta personagem é, sem sombra de dúvidas, uma verdade indiscutível:




     Darondo atuou bastante nos anos 70 na Califórnia, estado aonde nasceu e viveu até a sua morte. Não conseguiu um pingo de sucesso até 2007, aonde a música "Didn't I" foi descoberta e colocada como trilha sonora do quarto episódio da primeira temporada de Breaking Bad. Nasceu chamando William Daron Pulliam e viveu até os 67 anos, quando morreu de parada cardíaca. A música dele é resumida em duas palavras: feeling e groove. O cara simplesmente tem muito dos dois. Consegue fazer o melhor do Soul com sua voz cantada no falsete e, em outras músicas, chamar o feeling derivado de James Brown pros ritmos mais rápidos. O som tem uma qualidade bacana e um timbre bem único, como o primeiro disco do Tim Maia, que parece que foi bezuntado por uma camada de GROOVE.

    Infelizmente, como não foi reconhecido no início e meio da sua carreira, Darondo não gravou muitas coisas. Ele possui uma coletânea chamada Listen To My Song, lançado no ano retrasado e este disco aqui, que é de 2006. Apesar da maioria de suas composições serem da década de 70, existem pouquíssimas gravações de tal data, somente as de 90 pra frente que tem uma qualidade decente para podermos apreciar a genialidade incompreendida desse cara. A mitologia envolvendo Darondo conta que ele foi um P.I.M.P. nas décadas de 70 e 80, apesar dele recusar tal título, mas convenhamos: mesmo que ele recuse assumir tal denominação, a sua música e estilo vão de encontro ao contrário do que ele afimava.


     Esse disco pode ser dividido entre funk e soul em seus estados puros. A paulada já começa com a primeira música que, de tão foda, a gente tá até tocando ela na nossa banda de funk, haha. É seguida pela animadíssima "Legs" que, se você ouvir enquanto anda pela rua será impelido a dançar enquanto caminha. Seu maior sucesso, "Didn't I" é um exemplo de como seu soul consegue ser tão sofrido na sua única voz. Darondo tem um falsete característico que, depois que você ouvir essa música nunca mais esquecerá. Separo também "I Want Your Love So Bad" e "How I Got Over" que, sinceramente, é uma das músicas mais bonitas que eu conheço, tanto a letra quanto a melodia em si. Ouçam com cuidado "My Momma And My Poppa", aonde um sax destrói a música inteira junto com Darondo no vocal.

     Bem, ouçam e tirem suas próprias conclusões! Vou tentar postar mais nessa semana alguns rolês sonoros que eu não ouvia a eras, mas ainda estou pra decidir o que vai ser, hehe. Qualquer sugestão de resenham que vocês quiserem podem comentar nos posts ou mandar um e-mail pra mim. Enjoy!



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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Cream - Goodbye


Blues | Improviso | Rock N' Roll | Deuses

1 - I'm So Glad
2 - Politician 
3 - Sitting On The Top Of The World
4 - Badge
5 - Doing That Scrapyard Thing
6 - What a Bringdown


     Bommmm diaaa Taverneiros! Já cansei de dar desculpas da falta do que postar, mas finalmente gravei um disco definitivo com um bilhão de músicas (metade é do Cream) e agora consigo ouvir tudo que eu quero enquanto dirijo. Eu não tinha ouvido esse disco dirigindo porque eu não achava link pra baixar, até eu pedir à boa alma do Tito e ele upar panóis. Eis que agora sou uma pessoa feliz, ouvindo meu Cream e furando alguns sinais vermelhos. Falando em pessoa feliz, o nosso som tá cada vez mais legal. O Tito comprou um gravador de ambiente top de linha e agora a gente tá gravando todos os nossos ensaios, inclusive uparei aqui alguma coisa de nosso ensaio de domingo passado pra vocês conferirem. O som tá bem legal, a gente tá conseguindo trocar de instrumentos pra fazer improvisos: eu vou pra guitarra, o vocal vai pro baixo, o teclado vai pra batera, o batera (Tito) vai pra gaita (o microfone que ele comprou é só MUITO DOIDERA FI) e assim a coisa vai andando. O negócio mesmo é improvisar. E é por isso que tô aqui hoje resenhando o último disco do Cream, o melhor exemplo de improviso que vocês vão encontrar na vida.

     Como vocês já sabem do Cream nos últimos posts, a banda teve uma duração relativamente pequena. Para a habilidade dos músicos, individual e em conjunto, e o sucesso que tiveram, a banda poderia ter durado beeem mais. Mas com a crescente disputa pessoal e musical entre Ginger Baker e Jack Bruce, a situação estava se tornando insuportável. Clapton dizia que às vezes ele parava de tocar durante os shows e os outros dois estavam tão imersos disputando o som entre eles que nem percebiam que Eric tinha parado de tocar. Além disso, todo mundo tava ficando surdo. Cream foi uma banda criada com o propósito de tocar em estádios e lugares muito grandes. Não existia a tecnologia de suporte para o som, então os únicos amplificadores eram aquelas parede de Marshalls e Fenders cobrindo todo o palco. Ginger diz que Cream prejudicou sua audição em um nível sem precedentes e até hoje Clapton sofre uma ligeira surdez devido aos anos de quebradeira com Jack e Ginger.



     O disco tem apenas seis faixas, sendo que foi lançado em 1969, depois que o Cream já tinha terminado. Três das faixas são gravações inéditas do Cream não lançadas antes e as três primeiras foram gravadas ao vivo, só pra dar aquela amostra de improviso clássico deles. Em minha humilde opinião, essa versão de "I'm So Glad" é perfeita. Os caras tocam menos de um minuto e meio da música e já cai num improviso de seis minutos. É genial. Depois vem a clássica "Politician", com um solo violentíssimo de Clapton. A última faixa ao vivo é "Sitting On The Top Of The World" aonde o o baixo sai ESTOURANDO nos graves. É incrível como Bruce tira um timbre tão estourado de um baixo em 1968. As outras três faixas são as inéditas de estúdio. "Badge" você já pode ter ouvido, ficou bem famosa na voz do Clapton depois do Cream. "What a Bringdown" é uma música bem interessante. Dá pra ver um influência do que seria o Blind Faith nessa faixa (que foi lançada já durante o Blind Faith).

     Eu ando ouvindo só Cream, confesso. Todos os meus amigos que não são músicos não conseguem entender a pala que Cream é, porque quando você sabe quanto é difícil, musicalmente falando, eles fazerem o que você tá ouvindo, a gente desacredita e toda vez que ouve acha mais incrível. Ainda mais eu, começando a tocar baixo a alguns meses, conheço o baixo do Jack Bruce... É como se me escondessem uma verdade por toda a minha vida e hoje eu sei que o baixo é um instrumento MUUIIIIITOOOO mais dinâmico no processo do improviso. Assim como na bateria e guitarra, o baixo entra na construção da harmonia e, ao mesmo tempo, nas linhas do improviso. É por isso que o timbre de Bruce é muito mais identificável do que a maioria dos outros baixista: aparecer em 1966 com um rock n' roll tão pesado no baixo era demais pra época. E confesso que eu me apaixonei por esse disco por causa da primeira música, aonde o baixo tem um timbre, cara... um timbre inexplicável.

 


     Vou tentar postar mais aqui mas confesso que tá difícil. Todo o tempo livre que tenho é pro contra-baixo, mas se eu achar alguma coisa que me coloque no ânimo de postar aqui, postarei. O problema é que já postei todos os do Cream e agora tenho que descobrir uma nova pala musical, HAHA. Espero que tenham gostado de todos (ou pelo menos de um) disco deles. Ouçam o fim do Cream e me digam se não foi genial do início até o último momento, haha. Baixem e ouçam! Abraços!

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*Update (15/11)
A gente gravou algumas coisas no nosso último ensaio, só que não configuramos o microfone e o som estourou um pouco. Dei uma arrumadinha mas pelo menos da pra vocês conhecem um pouquinho da ideia, hehe. Na gaita arrastadíssima tá o Breno (Dot), guitarra da banda, na batera tá o próprio Tito, nos teclados é o monstro do Juliano e eu mesmo no baixo. Espero que gostem, hehe.




E nesse aqui é Tito na gaita, eu na guitarra, Juliano na batera e Paco no baixo.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

B.B. King - Live At The Regal


Blues | Clássico | Feeling | Deus

1 - Every Day I Have The Blues

2 - Sweet Little Angel
3 - It's My Own Fault
4 - How Blue Can You Get
5 - Please Love Me
6 - You Upset Me Baby
7 - Worry, Worry
8 - Woke Up This Morning (My Baby's Gone)
9 - You Done Lost Your Good Thing Now
10 - Help The Poor



Boa noite Taverneiros! Como andam vocês?
Ando sumido, não? Confesso que tô até com vergonha de voltar aqui quase um mês depois da última postagem, mas confesso, também, que ando meio complicado em várias situações. Meu tempo tá curtíssimo, estou estudando e trabalhando como um escravo e passei, recentemente, por um término de namoro complicado. Acabou que a Taverna voltou para o segundo plano na minha lista de prioridades, já que ando entusiasmando também com a banda que, juro pra vocês, o som tá ficando EXCELENTE. Conseguimos um tecladista MUITO virtuoso e fomos ensaiar nesse sábado com ele num sítio próximo aqui de Belo Horizonte. O som foi sensacional, muito mais do que eu esperava. Conseguimos mandar várias músicas que estão no nosso repertório e, além disso, rolaram vááárias jams aonde todo mundo improvisou e o som fluiu naturalmente. A gente vai começar a ensaiar mais toda semana e provavelmente daqui um mês já teremos alguma coisa gravada em áudio de qualidade.



Mas vamos ao que interessa! Desde a última resenha que fiz aqui na Taverna, eu continuei ouvindo Cream sem parar, haha. Porém eu acabei entrando numa bad total na semana passada e precisei me afundar em alguma coisa menos virtuosa. Foi daí que o Tito me emprestou esse disco. O que eu conhecia de B.B. King era a maioria de discos gravados em estúdio e muita pouca coisa ao vivo. Eu já até tinha esse disco baixado, porém nunca tinha dado uma devida atenção à ele. Há algumas semanas eu fiz uma viagem pra Lapinha da Serra, aqui perto de Belo Horizonte, e passamos três dias ouvindo só blues. B.B.King, Albert King, Howlin' Wolf, etc... Eis que então eu entro no meu carro, coloco esse disco pra tocar e simplesmente entro numa viagem distante, aonde o Blues parece ser o sentido de tudo, ainda mais na voz do rei do blues.

O mais tocante do B.B King não é o fato que ele toca pra caralho (te juro!) e nem o fato de que ele canta mais ainda, mas sim a presença que ele tem no palco. A força que o espírito dele tem quando você o vê em pé num palco, segurando sua queria Lucille semi-acústica preta e cantarolando com um timbre inexplicável, contando histórias e piadas pra o público e do nada gritando tanto na voz quanto na guitarra... Uau! Ouvi esse disco pelo menos umas trinta vezes nessa última semana e já decorei até os gritos da plateia a cada bend mais singular que ele fazia em palco. A energia do rei do blues é mais do que contagiante, é infecciosa. Todo mundo naquele lugar devia estar se sentido, no mínimo, iluminados. É uma quebradeira musical tão, mas tão intensa, que o pessoal dança, canta, grita, chama ele de gostoso e joga as calcinhas no palco.


Todo o álbum foi gravado em um tape só, dividindo as músicas naquele esquema de termina e já começa a outra emendando, no melhor estilo Dark Side Of The Moon. Com certeza é um dos melhores ao vivos que conheço. Dá pra sentir na música a presença que B.B. King exerce sobre tudo. Sua voz e guitarra guiam a música de N maneiras diferentes, tornando-a um groove carregado de paixão ou uma quebradeira com a guitarra encharcada de drive de um amplificador valvulado gigante. Se eu for pra separar algumas músicas, com certeza tenho que separar "Sweet Little Angel", que é uma canção tradicional do blues que ficou famosa na voz de B.B. King em 1956.

Separo também "It's My Own Fault", carregadíssima nos gritos de King. Tem um dos solos mais violentos de todo o disco também! Uma das linhas mais marcantes fica em "How Blue Can You Get?":





 I gave you a brand new Ford

and you just said I want a Cadillac

bought you a ten dollar dinner

let you live in my penthouse

You said it was just a shack

I gave you seven children

and now you wanna give 'em back


A platéia pira tanto na última frase que quase não dá pra ouvir mais a voz nem os instrumentos de tanta gritaria, haha. Quando a música acaba, temos uma surpresa pois já começa a tocar "Please Love Me", quebrando no ritmo mais veloz de todo o álbum. Por último mas não menos importante, destaco "Worry Worry" com seus quase seis minutos e meio de um blues cantado no falsete vindo da alma do B.B. King, porque não tem explicação pra o timbre que esse cara tira ao vivo com a voz dele.




Ouçam essa delícia e agradeçam ao Tito por ter me relembrado dessa beleza de álbum :D


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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cream - Fresh Cream


Blues | Rock | Clássico | Divina Trindade | Jack Bruce te amo

1 - I Feel Free
2 - N.S.U.
3 - Sleepy Time Time
4 - Dreaming
5 - Sweet Wine
6 - Spoonful
7 - Cat's Squirrel
8 - Four Until Late
9 - Rollin' and Tumblin'
10 - I'm So Glad
11 - Toad
12 - The Coffee Song
13 - Wrapping Paper

    Olá Taverneiros! Como vão vocês? Ando meio sumido, não? Meu tempo anda meio curto... Trabalhando das 8 as 18, tendo que treinar bastante meu baixo (as bolhas nos meus dedos estão épicas) e realizei um desejo que eu tinha a tempos: comprar um computador novo. Agora tô passando meu tempo jogando tudo que meu computador antigo não era capaz de rodar (diga-se de passagem: qualquer jogo). Tranquei minha faculdade e a partir de mês que vem meu tempo vai ficar mais curto ainda pois estarei estudando para alguns concursos públicos que vão rolar no ano que vem. Meu sonho é ganhar grana com música, mas até lá, preciso de um emprego melhor, haha.

       Eu e o Tito andamos com umas ideias bacanas. Ele tá mandando bem na gaita e a gente tá pensando em mandar uns blues às vezes, mas só de zoeira mesmo. Um dia desses encontrei com ele e um amigo nosso, o Magma, que toca bateria e baixo demaaaaissss. A gente foi fazer um som com dois violões e uma gaita na mão do Tito, e saiu um som bem bacana. É raro a gente gravar alguma coisa (até mesmo no celular, como foi o caso) mas, como prometido, estarei mostrando aqui pra vocês alguns sons nosso. Pra quem quiser ouvir:



       Esse domingo foi o dia mais quente no último ano em Belo Horizonte. Tive a excelente ideia de pedir um delicioso creme de açai e, claro, enquanto esperávamos ficar pronto essa delícia gelada, ouvimos Cream. E ouvi com muita atenção o primeiro disco deles e simplesmente estou apaixonado. Conheço bastante do segundo e do terceiro discos do Cream. Sou totalmente fanático com eles, mas o primeiro não era um dos meus preferidos, até esse domingo, haha. Pra te convencer de ouvir esse disco, vou colocar a música que eu ouvi e falei: NU.



       Pelas duas resenhas que já fiz sobre o Cream, vocês já devem conhecer um pouco da história desses caras. O incrível do Fresh Cream é que, pra um disco de 1966, é um som muito original e virtuoso pra época. Tudo que Clapton queria era tocar blues e, antes mesmo do Cream ser formado, ele já era o maior guitarrista de toda o Reino Unido quando tocava no John Mayall & The Bluesbreakers. E o primeiro disco é recheado de blues do começo ao fim. Rollin' and Tumblin' se tornou, automaticamente, uma das minhas músicas preferidas do Cream, mas não é somente essa música que é quebradeira sonora, mas sim, quase todo o disco.

       É um disco bem rápido. O Lado A tem 21:41 de duração e o Lado B em apenas 19 minutos. O disco já abre com a paulera de "I Feel Free", que tem uma das linhas de baixo mais violentas de todo o disco. Imagino a reação das pessoas ao ouvirem a primeira música do primeiro disco da talvez primeira super banda da história. A expectativa era grande pois os três músicos já eram consagrados antes mesmo do Cream ser formado. Colocar o LP do Fresh Cream num toca disco e ouvir algo que, antes deles, nunca tinha sido tocado dessa maneira, foi realmente marcante. "N.S.U." é uma puta gritaria harmônica, digna de ser antecedente do blues de "Sleepy Time Time", aonde a guitarra derrete nos bends e vibratos característicos do Clapton. Terminando o Lado A tem o blues de Spoonful, um dos maiores clássicos do blues, composto por Willie Dixon. Não preciso nem comentar o quanto eles tocam nessa música, né?




       Abrindo a segunda parte, na faixa sete, está "Cat's Squirrel", que é um bluzão tradicional que foi gravado por várias bandas bacanas (como Jethro Tull). Destaco também, no Lado B do disco, "Rollin' and Tumblin", aonde Jack Bruce DESTRÓI na gaita. Simplesmente destrói. A bateria dessa música também é animal, impossível de acompanhar se você não for o próprio Ginger Baker. A guitarra vai te dar vontade de chorar de tão divino que é o som. Pra mim, a melhor música de todo o álbum. Depois dela, vem a baladíssima "I'm So Glad". A única composição de Baker fica em "Toad", que tem um dos riffs que eu mais odeio (por ser tão simples e tosco), mas tem um puta solo de bateria. No final tem o piano tocado por Jack Bruce em "Wrapping Paper", cantada em conjunto com um coral de Clapton e Baker.

      Ouçam esse disco e se apaixonem como eu apaixonei. Vou tentar postar mais vezes aqui, mas realmente o tempo ta corrido (escrevi a resenha no meu trampo, haha). Abraços!




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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Cream - Disraeli Gears

Blues | Rock N' Roll | Psicodélico | Clássico | DEUSES

1 - Strange Brew
2 - Sunshine Of Your Love
3 - World Of Pain
4 - Dance The Night Away
5 - Blue Condition
6 - Tales Of Brave Ulysses
7 - Swlabr
8 - We're Going Wrong
9 - Outside Woman Blues
10 - Take It Back
11 - Mother's Lament


Uma breve prévia deste disco, ao vivo!
   
     Bom dia Taverneiros! Como vão vocês? Tô me recuperando da cirurgia que fiz e tá indo tudo bem, tiro meus pontos terça feira e posso voltar à minha rotina normal com meu trabalho, faculdade e banda. Tirei onze dias de licença e a única coisa que tô fazendo nesse tempo é tocar baixo, juro pra vocês. Consigo ver, nitidamente, a evolução que acontece quando você senta por dias e passa 3, 4 horas por dia treinando em um instrumento, é realmente compensador o resultado. Mas, obviamente, tá impossível de tocar algumas música e posso afirmar que quase todas essas músicas que não consigo tocar são, adivinha de quem? Jack Bruce.



Esse cara toca demais, galera.

   
    Minha banda de funk resolveu, pra fins de diversão e pra poder brincar mais nos ensaios, colocar algumas músicas que, apesar de não serem funk, vão abrir espaço para nós ganharmos mais sinergia e entusiamo um com o outro. O nosso vocalista sugeriu tocarmos "You Don't Know Me", do Caetano e eu, pelo fato de só conseguir ouvir Cream e Band Of Gypsys, sugeri que tocássemos "Sunshine Of Your Love", deste disco do Cream. Se a gente chegar a gravar algo dessas músicas no estúdio, obviamente vou trazer aqui pra vocês, haha!

     Mas então... Ando ouvindo apenas esse disco. É um disco perfeito pra você acender um cigas e dirigir enquanto as luzes vão cruzando seu carro lentamente. Ele flui de uma maneira única e tem faixas realmente marcantes, que não saem da sua cabeça nunca. Considero esse o segundo melhor disco do Cream, porque o Wheels Of Fire merece estar em primeiro lugar por causa de músicas como "Politician", "Deserted Cities of the Heart", "Pressed Rat and Warthog" e, obviamente, a melhor versão já executada de "Crossroads" que já pôde ser tocada na existência humana neste planeta Terra. Disraeli Gears é, apesar da minha preferência pelo terceiro disco da banda, um PUTA álbum. Ao meu ver, tem uma levada mais experimental por causa de composições como "Swlabr", "We're Going Wrong" e "Blue Condition" (convenhamos, é experimental pra caralho pra 1967, não existia nem o conceito de experimental nessa época, praticamente).



     Como eu já disse naquela resenha que fiz sobre o Wheels Of Fire há algum tempo, Cream foi, ao meu ver, a primeira super banda da história (junto com o Blind Faith, logo depois). Os três integrantes tocavam demais, cara. É inacreditável o nível inalcançável de habilidade que cada um tinha separadamente e mais ainda em conjunto.  Ginger Baker é um viking ruivo magrelo de dois metros de altura, um dos melhores bateristas de jazz que já pisara na Inglaterra. Jack Bruce é outro monstro. O cara consegue fazer notas a uma velocidade inacreditável usando apenas os dois dedos da mão direita. Tem uma entrevista no documentário chamado "BEWARE OF MR. BAKER" aonde Ginger conta como que conheceu Bruce e como que a rivalidade musical deles começou: Baker, quando começou a tocar junto com Bruce, começou a fazer um jam extremamente veloz em um ensaio e, enquanto ninguém que ele conhecia conseguia acompanhá-lo, esse cara ao lado dele tocando o contra-baixo acústico conseguiu acompanhar. Ele ficou desacreditado.

    O outro integrante da banda não precisa de apresentações. Clapton já era considerado Deus, literalmente, bem antes do Cream começar. Na época de lançamento do Disraeli Gears eles já eram a banda mais famosa e requisitada de toda a Inglaterra. Lembrando que em 1967 não existia Led Zeppelin, The Jimi Hendrix Experience tinha apenas um ano de formação e a única banda no cenário que era "compatível" com o Cream era o The Who.



   
     Ouçam esse disco com calma, de preferência ligeiramente chapado, sentado em algum lugar confortável e acompanhado de um cigarro. Detalhes para a música que abre o álbum, "Strange Brew". Uma baladinha guiada por Clapton e Bruce nos vocais e que é seguida pelo clássico "Sunshine Of Your Love". Atenção também para "World Of Pain", aonde fica a marca de Jack Bruce cantando ".... Outside my window is a tree." Muito cuidado ao ouvir a delícia de música que é "Tales Of Brave Ulysses", que te leva em uma letra literalmente épica junto ao instrumental delicioso. Deixo pro final "Take It Back", que tem uma das melhores linhas de baixo de todo o disco. 

     That's All, Folks! Pra quem conhece esse disco, ouçam ele mais! Pra quem não conhece, ouçam pela primeira vez esse pote de nutella musical trazido diretamente de 1967 pra vocês. Abraços! 

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domingo, 1 de setembro de 2013

Idaho - Hearts Of Palm


Indie | Slowcore | Alternative | Chill-out | Folk | Lo-Fi

1 - To Be the One
2 - Hearts of Palm
3 - Down in Waves
4 - This Cloud We're On
5 - Happy Times
6 - Dum Dum
7 - Astrida
8 - Evolution Is Cold
9 - Alta Dena
10 - Before You Go
11 - Under


Boa tarde, Taverneiros! Como vão vocês? Eu tô um lixo! Acabei de chegar em casa de um cirurgia de cinco horas e meia de septoplastia e rinoplastia conjunta e meu nariz não pára de sangrar. Mas já que não posso fazer nada além de ficar sentado ou dormir, vou escrever rapidinho aqui no blog, haha.



Conheci essa banda a poucos dias num grupo muito bom que um amigo me colocou lá no facebook. A voz é extremamente parecida com a do vocalista do Dinosaur Jr. porém com uma pegada mais folk, indie, sei lá. O som é muito agradável e eu realmente fiquei muito feliz de ter conhecido isso numa época em que eu não aguentava mais ouvir Fela Kuti e Cream, HAHA. Não encontrei muita informação sobre a banda, além do fato de que são da Califórnia e que a banda nasceu em 1991. Eles tem vários discos, pelo menos uns cinco e esse ai foi o primeiro com o qual tive contato, que é de 2000. A qualidade do trabalho dos caras é realmente muito boa para uma banda que não faz, relativamente, sucesso.

Ouçam o disco inteiro em algum dia que não esteja fazendo calor, de preferência chapados e com o seu amor do lado pra compartilhar o som. Disco aprovadíssimo para ouvir dirigindo, também. Separo os faixas "To Be the One", "Hearts of Palm", "Down in Waves" e "Alta Dena". Não vou falar muito aqui porque, realmente, preciso de repouso. Estarei postando mais nessa semana e nas próximas. Falando nisso, ando meio insatisfeito com a baixa quantidade de bandas que estou descobrindo recentemente. Se alguém quiser me indicar um som de alguma banda que não esteja aqui na Taverna podem me mandar um e-mail ou me adicionarem no facebook, sintam-se à vontade.

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sábado, 24 de agosto de 2013

Fela Kuti - Coffin For Head Of State


Afrobeat | Funk | Jazz | Fucking Fela Kuti

1 - Coffin For Head Of State


Bom dia Taverneiros! Como vão vocês? Esse disco que vou resenhar contem apenas uma música. Ouçam ela na íntegra nesse vídeo:



      Ando meio sumido por aqui e o motivo para tal é porque comecei a trabalhar em uma imobiliária aqui do lado de casa e estou sem tempo PRA NADA. Pra falar a verdade, estou resenhando esse disco daqui do escritório. É sábado, dez e meia da manhã. Punk! Nesse meio tempo o Tito voltou (finalmente!) e apareceu postando aquela paulera de Fela Kuti & Ginger Baker. Obviamente ele me contagiou com a onda. Desde que ele voltou da Europa a gente anda fritando nos afrobeats e procurando (sem sucesso) alguém pra tocar um sax barítono na nossa banda de funk, HAHA.

      Aproveitando a onda do Fela Kuti, estou aqui hoje pra fazer uma pequena resenha sobre essa belíssima música chamada COFFIN FOR HEAD OF STATE, que possui uma história curiosa e, infelizmente, trágica. Como o Tito já disse, Fela foi uma pessoa muito ativa nas questões políticas e sociais da Nigéria. Em 77 ele lançou, junto com o Afrika 70, o sucesso Zombie, que foi um soco no peito dos soldados nigerianos que, por suas práticas cruéis e sem piedade, eram chamados por esse nome pela própria população nigeriana.


       A revolta dos militares foi tamanha que eles começaram um ataque contra a República Kalakuta, que era uma comuna, com estúdio e casa para todos que eram conectados com a banda e que, após um tempo, tornou-se independente do estado da Nigéria. Fela foi atacado pelos militares e a mãe dele foi defenestrada atirada pela janela e faleceu. Queimaram a República Kalakuta, junto com o estúdio, todos os instrumentos e gravações originais. Fela ficou, obviamente, desolado. A resposta dele para o governo foi gravar essa música e levar o caixão da sua mãe para o quartel em Lagos, aonde estavam os responsáveis pela ordem de destruir a República Kalakuta. Fela entregou o caixão da sua mãe com o disco em cima.

      É realmente uma música incrível. Maravilhosa. São 22 minutos de um instrumental angelical. A linha do baixo é perfeita. O Tito trouxe o disco direto lá de Paris, de uma loja chamada Crocodisc, que tinha uma coleção inestimável de álbuns de funk. O primeiro lado é apenas instrumental, com inúmeros solos de sax e trompete. O segundo lado é outra vibe: é a mesma música, mas é o lado com voz. Te digo: que linda letra Fela compôs. Tocante, suave e muito bem orquestrada, apresentando as críticas, de uma bela maneira, que ele tem contra as pessoas que assassinaram sua mãe:


So I waka waka waka
I go many places
I go government places
I see see see
All the bad bad bad things
Them they do do do
Them steal all the money
Them kill many students
Them burn many houses
Them burn my house too
Them kill my mama
So I carry the coffin
I waka waka waka


A DMCA removeu esse post meu três vezes consecutivas por causa dos malditos direitos autorais. Acho imbecil uma atitude dessa levando em conta que é uma postagem sobre Fela Kuti, um artista nigeriano da década de 70 e que nem vivo está mais. Infelizmente não poderei deixar o link para download, mas como tem o vídeo com o disco inteiro lá em cima, espero que vocês ouçam e compreendam a situação. Obrigado :)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fela Ransome-Kuti & The Africa '70 with Ginger Baker - Live!

Afrobeat | Funk/Jazz/Afro Sax | Them DRUMS BOY | GINJAH BEIKAH!!!

  1. Let's Start
  2. Black Man's Cry
  3. Ye Ye De Smell
  4. Egbe Mi O
       Finalmente, depois de meses sem postar, comovido pela força de vontade do nosso amigo, Daniel, me convenci também a voltar a escrever para a Taverna. Durante meses em que passei ausente, fiz uma viagem pela europa, e nessa viagem, obtive muitas preciosidades pra minha singela coleçãozinha de LP's. E foi nessa viagem que esse LP apareceu novamente em minha vida. Eu já conhecia esse álbum previamente, por causa da participação especial do nosso amigo viking Ginger Baker (Cream, Blind Faith) nas duas faixas do lado B, e então, sempre foi um puta álbum pra mim. Aí, passando num Garage Sale em Berlim, me deparo com uma versão desse álbum, lançado por uma revista alemã que lançava algumas belezuras na DDR na década de 70. Considerei incrívelmente maravilhoso. Adquiri na hora.

      Por mais que se trate de um álbum do Fela Kuti, vou contar a história desse álbum na perspectiva do Ginger Baker, pois conheço mais a história dele do que a do Fela Kuti, mesmo conhecendo bem o Fela também. Possivelmente o próximo post da taverna será algum álbum do Fela...

       Nossa história então começa na Inglaterra, onde Ginger Baker estava quando sua banda, Blind Faith, terminou. Eric Clapton foi dar uns rolês com o pessoal do Delaney & Bonnie, deixando assim nosso caro viking louco, mais perdido que nunca. O que ele fez então? Foi procurar seu som nas suas raízes, Ginger, um cara que é totalmente do Jazz, foi realizar seu sonho, tocar bateria ao lado dos seus maiores ídolos do Jazz. Nessa época, travou batalhas de bateria, com Max Roach (seu ídolo máximo), Art Blakey e muito mais. Foi ai, nesse ápice, que ele resolveu "do nada", mudar pra ÁFRICA. E morar 6 anos lá. E O MALUCO FOI DE CARRO. Atravessou o deserto do Saara e foi até a Nigéria, atrás do som que ele tava buscando.


     Nessa aventura, conheceu Fela Ransome-Kuti (nessa época ele ainda se chamava assim), e foi paixão a primeira vista. Os cara andavam pra todo lado juntos. Era GINGER BAKER pra lá e pra cá nos shows do Fela e disso surgiu a parceria desse álbum ao vivo.

     Já o Fela Kuti, é um cara que tem uma PUTA HISTÓRIA de vida. É difícil até de contar tudo por aqui. Pois o cara, era multi instrumentista, pioneiro do Afrobeat, ativista dos direitos humanos e político ainda por cima. Tentou por mais de 10 anos a candidatura pra presidência na Nigeria. Por isso é chamado por muitos de President ou Black President. 

     Este álbum tem quatro músicas que representam muito bem seu gênero: o Afrobeat. Este criado pelo Fela Kuti, é um gênero originário do leste africano, que contém pitadas de Funk, Highlife, Jazz e música Yorubá e consiste em performances energéticas de Big Bands. Muita percussão e muitos instrumentos de sopro. Dentro da Big band, Africa '70, destaco duas pessoas: Tony Allen, baterista que ajudou Fela na concepção do Afrobeat, o cara é um dicionário de groove e um dos melhores bateristas até hojeE Lekan Animashaun, um cara que eu não conhecia, mas me deu arrepios ao ouvir o jeito como ele toca o Sax Barítono. Por causa do Fela Kuti e do Charles Mingus, estou apaixonado com Barítonos.

    
     Como o disco tem apenas quatro faixas, é difícil destacar umas ou outras, mas, ouçam com carinho Ye Ye De Smell, por causa dos solos de sax bari e os solos de bateria do Tony Allen e do Ginger Baker. Let's Start também, por quê é uma música muito enérgica. Não vou colocar vídeo com alguma música porquê acho que nesse caso, o melhor é baixar mesmo, mas vou deixar um vídeo aqui que mostra como as apresentações do Fela Kuti eram, em um vídeo filmado pelo próprio Ginger.




Eis aqui:

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domingo, 28 de julho de 2013

Tim Maia - 1970


MPB | Soul | Groove | Épico | Funk | Deus

1 - Corone Antonio Bento
2 - Cristina
3 - Jurema
4 - Padre Cicero
5 - Flamengo
6 - Voce Fingiu
7 - Eu Amo Você
8 - Primavera (Vai Chuva)
9 - Risos
10 - Azul da Cor do Mar
11 - Cristina Nr. 2
12 - Tributo a Booker Pittman

Bônus:
13 - These Are The Songs (Bônus)
14 - Sentimento - Compacto 68
15 - Meu País - Compacto 68 CBS
16 - What You Want To Bet
17 - These Are The Songs


     Olá meus jovens! Estou aqui novamente pelo ânimo de trazer coisas novas aos seus ouvidos! Hoje lhes apresento o primeiro longplay do mestre Tim, o que transformou o seu nome em um mito e rendeu um dos melhores álbuns da história do mundo. Pra começar, vamos ouvir:



     Tito volta essa semana e nossa banda de funk finalmente vai ser encaminhada pra o SUCESSO. Muitas das coisas que pretendemos tocar são canções do Tim Maia. Obviamente que eu, sendo o baixista de uma banda de funk (puta responsabilidade, podemos dizer) piro nas linhas de baixo de muitas musicas do Tim Maia e confesso que essa postagem aqui na Taverna é uma das tentativas de forçar a minha banda a tocar mais músicas dele, hehe. Ele começava a compor suas músicas pelo baixo, o que realmente conseguimos perceber pelo destaque que o baixo tem em relação aos outros instrumentos. Esse álbum aqui é uma das pérolas musicais que eu guardo no fundo da minha alma, um daqueles discos que a gente ama de coração e não consegue abandonar ele independente do que aconteça.

     Tim Maia passou um tempo nos EUA absorvendo as influências dos verdadeiros soul e funk americanos, tentando gravar algumas coisas por lá, porém nunca conseguiu algo de concreto... Mas quando voltou para o Brasil foi indicado pelos Mutantes a gravar com a Polydor, selo da antiga gravadora Polygram. Foi um álbum com uma das melhores repercussões da história: 24 semanas consecutivas no topo das listas do Rio de Janeiro. Foi um dos álbuns mais vendidos no ano seguinte ao seu lançamento (competindo com lançamentos pesadíssimos de 1971). Posso garantir pra vocês que não é sem motivo que esse disco foi um sucesso, pois para um álbum de estréia, o nome TIM MAIA explodiu por todo o país através da qualidade sem precedentes de um Soul/Baião/Funk/MPB que ninguém aqui na terra tupiniquim tinha ouvido antes.



     Existe o mito de que quando esse disco foi gravado, ele passou por um processo chamado "envernização cremosa", aonde todas as notas gravadas são processadas por uma camada de CREMOSIDADE, dando uma textura única ao som, porque não é possível... Em toda a minha vida eu nunca ouvi um disco que tivesse um timbre tão único quanto esse. É tocar qualquer pedaço de qualquer música desse disco que você pode identificar, sem sombra de dúvidas, que se trata do primeiro disco do Tim Maia. É uma textura sonora muito difícil de explicar, de verdade... É como se esse disco fosse TODDYNHO e todos os outros fossem qualquer chocolate de caixinha que se vende por ai: são gostosos, mas o Toddynho tem alguma coisa especial que ninguém sabe direito o que é. É exatamente isso que acontece nesse disco.

     Esse disco tem quatro composições do mestre Cassiano, sendo que "Primavera (Vai Chuva)" é a mais famosa delas. Essa canção ficou tão famosa na voz de Tim Maia que Cassiano conseguiu verba suficiente, somente com os direitos autorais dessa música, pra poder financiar todo o seu disco de 73: Apresentamos o Nosso Cassiano. O álbum já abre com uma das músicas mais pauleras do disco, "Corone Antonio Bento", que é uma mistura de baião com funk que te chama a dançar. "Cristina" tem um groove pesadíssimo, mas é mais violento ainda na segunda versão da música, penúltima faixa do disco. Uma das minhas paixões nesse disco é a faixa "Flamengo", composta por Tim Maia. Tudo bem que a letra não é lá muito criativa, mas o groove é constante e imutável, dando uma vontade de dançar ou torcer pelo Flamengo. "Eu Amo Você" é, sem dúvidas, uma das músicas mais bonitas do disco: melancólica até não poder mais, sofrida de coração. Uma daquelas confissões amorosas narradas por Tim Maia que puxam, mais do que o necessário, o Soul verdadeiro que existe em sua voz. "Azul da Cor do Mar" foi o maior sucesso do disco, sendo composição própria dele. Separo também "Tributo a Booker Pittman", que é o único jazz e uma das minhas canções preferidas de todo o disco, com uma linha de baixo de chorar, uma linda letra e uma harmonia entre os instrumentos que fica até difícil de explicar.



     Coloquei alguns bônus de gravação pra vocês ouvirem também. Uma versão gravada por Tim Maia e Elis Regina da música "These Are The Songs". É um belíssimo dueto, contrastando a voz gravíssima de Tim e a suavidade da voz de Elis. Algumas músicas do compacto de 68 de Tim, uma das poucas gravações antes deste álbum de lançamento e mais uma versão de "These Are The Songs", dessa vez cantada apenas por ele. Não perca tempo leia o livro O Universo Em Desencanto e baixe logo esse álbum que deveria ser uma das 7 maravilhas musicais brasileiras. Ouçam e comentem! Abraços!

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Erasmo Carlos - Carlos, Erasmo... (1971)


MPB | Groove | Rock | Dificil de definir | Tiozão

1 - De Noite, Na Cama
2 - Gloriosa
3 - Masculino, Feminino
4 - É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo
5 - Dois Animais Na Selva Suja da Rua
6 - Gente Aberta
7 - Agora, Ninguém Chora Mais
8 - Sodoma E Gomorra
9 - Mundo Deserto
10 - Saudosismo
11 - Não Te Quero Santa
12 - Ciça, Cecília (Tema De Ciça)
13 - Em Busca das Canções Perdidas Nº2
14 - 26 Anos De Vida Normal
15 - Maria Joana
16 - A Semana Inteira
17 - Coqueiro Verde


Ouça isso:



     Não foi o suficiente pra te convencer a baixar esse álbum? Puts... Quando eu ouvi essa música pela primeira vez a única coisa que passou pela minha cabeça foi "COMO QUE EU NUNCA TINHA OUVIDO ISSO NA MINHA VIDA, MEU AMIGO?". E até hoje a maioria das pessoas pra quem eu mostro essa música (ou até mesmo o álbum inteiro) também pensa do mesmo jeito que eu. Como que tal qualidade musical feita aqui, no nosso país tupiniquim, não chega ao ouvido do público comum? É algo que sempre me intriga... Mas já que a mídia não mostra esse tipo de música, a Taverna existe. E estou aqui hoje pra resenhar um dos melhores discos que já ouvi na minha vida.

      "Erasmo Carlos? Quem é ele? É parente do Roberto Carlos?"

     Coincidentemente acabei conhecendo Erasmo pelo seu companheiro Roberto Carlos. A uns anos atrás eu escavava o excelente blog sacundinbenblog e descobri uma seleção feita pelo dono do blog sobre composições de ALTÍSSIMA qualidade gravadas na década de 70 pelo próprio Roberto Carlos. Eu me espantei por quebrar a cara em relação a um artista que eu tinha uma noção completamente diferente. Roberto é FUNK, é GROOVE. O que a gente conhece dele é, infelizmente, o pior do trabalho do Rei. Fiquei muito feliz de fazer tal descoberta e mais feliz ainda quando, vendo que Erasmo Carlos compunha junto com Roberto, tive a curiosidade de procurar sobre essa figura e me espantar mais uma vez, para a minha felicidade.



     Já não basta a surpresa de ouvir um som novo, quando a gente vai a fundo acaba descobrindo mais surpresas aonde achava impossível ter mais alguma. Erasmo era amigo de infância de Tim Maia, que chegou a ensinar Erasmo a tocar violão. Em 57, Tim Maia montou uma banda chamada The Sputniks, sendo que um dos integrantes da banda seria um dos maiores parceiros na carreira de Erasmo como arranjador e compositor: Roberto Carlos. Houve uma briga de proporções épicas entre Tim e Roberto e banda se desfez. Após o fim dos Sputniks, Erasmo formou, com mais alguns integrantes, o The Snakes, que acompanha tanto Tim Maia quanto Roberto Carlos, ambos em suas respectivas carreiras solo.

    Erasmo Esteves adotou o nome artístico de Erasmo Carlos em homenagem ao amigo Roberto e o seu produtor Carlos Imperial. Conheceu Jorge Ben, Wilson Simonal e João Gilberto. Quando a Bossa Nova nasceu, Erasmo foi fortemente influenciado por ela ao mesmo tempo em que mantinha seus pés fixos no rock 'n roll e ao blues. Tais influências começaram a se mesclar quando, em 70, ele assina com a Polydor e, com a presença musical de Tim Maia e Cassiano, ambos trazendo o Soul para a MPB, Erasmo começa a gravar seus melhores trabalhos, trazendo uma mescla de MPB, Bossa Nova, Soul, Rock 'N Roll e Blues. E, como eu já falei em algumas outras resenhas aqui na Taverna, o ano de 1971 foi o ano mais fodelância da música brasileira, com lançamentos de discos INSANOS como o melhor disco do Gilberto Gil, o do Novos Bahianos e Baby Consuelo, Tim Maia, Chico Buarque, o melhor disco de Gal Costa, Caetano, Elis Regina e outros cantores.


Erasmo Carlos aprova este post.

     O disco já abre com uma canção de Caetano Veloso que foi composta especialmente pra Erasmo: "De Noite, Na Cama", que trás uma fortíssima apologia à maconha. Outro fator que poucos podem negar é que Erasmo gostava, até demais, da santa erva, tanto é que "Maria Joana" é uma declaração explicita do amor que Erasmo tinha em relação à maconha. "Masculino, Feminino" é uma belíssima canção na qual Marisa Fossa acompanha Erasmo no vocal, bem suavemente, quase como uma declaração de amor um para o outro, como um dueto. Não preciso nem falar sobre "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", não é? O groove dessa música é pesado demais, quase insuportável quando acompanhado pela letra melancólica. E quando você acha que a música não pode melhor, tem um solo de guitarra E um solo de sax. Pesadíssimo.

     Ouçam também "Gente Aberta", um sambinha com um groove tropical, uma belíssima letra e uns metais deliciosos que aparecem no fim da música, quando o rock 'n roll quebra e o baixo começa a fazer as linhas mais inusitadas. Pena que dura pouco mais de dois minutos de música... "Sodoma E Gomorra" é quase como uma canção religiosa, acompanhada numa harmonia medieval e uma letra arrastadíssima na voz de Erasmo. "Não Te Quero Santa" é uma daquelas canções da MPB que todos nós já ouvimos, que não sai da cabeça e, ainda por cima, é uma delícia de música! Finalizando a seleção fica "Coqueiro Verde", um puta samba arranjado no violão, no bongô e na cuíca, que é a última música do álbum só pra mostrar que Erasmo também conhece o samba.




Quem não tem nada com isso
Vê a vida e não o amor
Gente certa, gente aberta
Se o amor chamar, eu vou
Eu vou, eu vou, eu vou...

Ouçam essa delícia musical vinda diretamente do nosso Brasil da década 70 e me digam se só gostaram ou se estão apaixonados por esse álbum igual eu, HAHA. Espero que gostem! Até o próximo álbum!

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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Tim Maia - 1973


Soul | Funk | Samba | MPB | Groove Infinito | Deus

1 - Réu Confesso
2 - Compadre
3 - Over Again
4 - Até Que Enfim Encontrei Você
5 - O Balanço
6 - New Love
7 - Do Your Thing, Behave Yourself
8 - Gostava Tanto De Você
9 - Música No Ar
10 - A Paz No Meu Mundo É Você
11 - Preciso Ser Amado
12 - Amores
13 - Coragem -Trilha Sonora Dos Irmãos Coragem (Bônus)
14 - Chocolate (Bônus)
15 - Paz (Bônus)


     Boa tarde, Taverneiros! Como vão vocês? Eu cai na realidade um dia desses quando percebi que não tinha NENHUM disco do mestre Tim. Fiquei até meio triste por pensar que vocês podem acabar deixando beldades musicais como esse álbum fora do conhecimento de vocês, então eu estou aqui hoje pra fazer uma resenha rapidíssima desse maravilhoso disco que tem uma composição PERFEITA em toda e extensão da obra. Pra quem não conhece NADA de Tim Maia e não viu a belíssima animação feita para a comemoração do lançamento (póstumo, para a infelicidade do Tim) do primeiro disco com lançamento internacional dele, narrado pela voz de ninguém menos que Devendra Banhart, The Existential Soul of Tim Maia, vejam:




     Triste e bonito, não? Dá uma resumida bacana na vida dele, que era um cara sem comparações no seu estilo de vida louco. Mas ao mesmo tempo que existia essa loucura, existia também uma paz interior que é claramente vista nas suas composições, principalmente na era Racional. Tim Maia inventou esse estilo de buscar no Soul a sua voz para cantar na MPB, com fortes influências de samba e do funk norte-americano, principalmente nas linhas de baixo de suas músicas (que, convenhamos, são uma tetéia para os ouvidos). As linhas de baixo das músicas dele são tão importantes que ele começava a maioria de suas composições por elas. Tim teve vários baixistas na composição da sua banda, que era sempre inconstante devido ao comportamento imprevisível dele, mas todos eram muito habilidosos e Beto Cajueiro (que tem um projeto solo) acabou tomando a linha de frente no baixo da banda por vários anos, executando perfeitamente as linhas que o próprio Tim compunha. Tim tocava do baixo à cuíca, do violão à bateria (quase um Zappa brasileiro, não?) e compunha todos os instrumentos para que sua banda somente executasse, bem ao estilo Tim Maia.

     Tim ficou ultra famoso na década de 70, com a sua volta dos EUA e a gravação do seu disco no mesmo ano (um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos, em minha humilde opinião). Depois ele gravou um disco em cada ano: 71, 72 e 73. Três discos VIOLENTOS sonoramente. Acabarei, ao longo do tempo, postando todos aqui, que fazem parte do ápice da criatividade musical de Tim junto com algumas composições da sua era Racional (1974 ~1976) e do disco de 76 também. Poucos discos dele tem títulos, como o Tim Maia - Disco Club, de 78, que já é da época Dance dele, com baladinhas. O resto do discos vem com sua foto e a data, acompanhada em letras garrafais: TIM MAIA.




     Este disco, de 73, é um dos meus preferidos de toda a discografia de Tim. Você vai encontrar menos álbuns de qualidade a partir da década 80, devido a vários motivos: Tim ficou descontente com as gravadoras, mudou seu estilo de composição desse MPB/SOUL/FUNK para algo mais brega, entupido de arranjos de violinos e cellos, além dos problemas com drogas e obesidade. Por outro lado,  alguns LPs dessa época são excelentes, como Descobridor dos Sete Mares e algumas canções do seu disco de 1986. Mas essa época aqui que a gente está tratando, quase toda a década de 70, foi um berço para a criatividade musical de Tim. Foram tantas, mas tantas composições de uma qualidade nunca antes vista no Brasil que eu não consigo nem escolher as palavras certas pra poder tratar disso. Tim tem um estilo inconfundível. Aonde quer que toque alguma música dele, não é possível confundir com outro cantor. E eu aqui, treinando bastante no baixo pra poder tocar tranquilamente na minha futura banda de Funk, fico aprendendo as linhas de baixo das músicas dele e posso dizer: não existe nada mais gostoso do que tocar uma música do Síndico do Brasil, título que Jorge Ben deu pra Tim na canção W/Brasil.

     O álbum já abre com um clássico dos clássicos: Réu Confesso, que resume muito bem o que você vai ouvir pela próxima hora: um groove com molejo, bem abrasileirado, com toques do Soul e do Funk norte americano, mas inconfundível na voz do mestre Tim. Eu nunca imaginei que seria possível sambar ouvindo Soul, mas isso é possível em "Compadre" (e várias outras músicas). Eu quero até separar mais algumas músicas marcantes desse disco, uma delas é "O Balanço", que segue com a linha de baixo mais deliciosa do disco, com a voz arrastadíssima de Tim Maia repetindo a seguinte estrofe:

Deixo de viver o compromisso,
Longe de qualquer opinião.
Farto de conselho e de chouriço,
Maltratando o velho coração.

Ovo de galinha magra, gora.
Todo mundo que eu conheço, chora.





     Uma das músicas deste disco que também explodiram de sucesso foi "Gostava Tanto De Você". Qual é... Quem nunca cantou essa música num buteco com mais 15 pessoas acompanhando ao som de um único violão da mesa? "Música No Ar" é um dilema na composição. Essa música não sabe o que ela quer ser: se é um bolerozinho romântico acompanhado de violinos ou se é uma carregada RECHEADA de groove, com arranjos na guitarra e gritos carregados do soul norte-americano, pois ela fica alternando entre os dois ritmos, trazendo uma sensação de satisfação completa só de ouvir essa música. "Preciso Ser Amado" quebra toda a composição do disco, ainda sendo uma bela música. É um desabafo na voz e violão, carregado de tristeza e saudade. Quase no fim do álbum a gente tem "Amores". Eu não sei nem o que vou comentar sobre essa música, na boa... PAULO PAULEIRA POWER no groove. Não tem voz, só a quebradeira de baixo, guitarra, bateria e um teclado. Quase três minutos só de improviso. Pra finalizar, separo também "Chocolate", que é um clássico também na voz de Tim. Detalhe para a linha do baixo que praticamente leva, junto com a voz, a música inteira.

     Pra lembrar que ele tem, também, um inglês impecável, Tim nos trás sua voz na língua do tio sam nas músicas "New Love", "Over Again" e "Do Your Thing, Behave Yourself", sendo que esta última é, com certeza, um dos maiores destaques do disco inteiro. Uma linha de baixo mais do que cremosa, uma voz mais do que carregada de Tim, um groove constante e imutável da bateria e os back vocais explodindo na hora do refrão. E pra quem não tinha botado fé do Tim tocando outros instrumentos, aí vai um vídeo dele cantando, ao vivo, "Do Your Thing, Behave Yourself" e com um bônus dele tocando bateria ao fim do vídeo (acompanhado de um percursionista mergulhado no ácido).



     Enfim... Não sei o que dizer mais sobre esse disco. Com certeza estarei resenhando o disco de 70 e mais alguns do Tim Maia. Praticamente não consigo ouvir outra coisa, hehe. Espero que vocês gostem dessa overdose de groove que vão encontrar nesse álbum. Ouçam, deleitem-se e comentem. Aproveitem! 

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Blind Faith - Blind Faith (1969)

Blues Rock | Clássico | Experimental (?) | Clapton & Baker

Disco 1:
1 - Had To Cry Today
2 - Can't Find My Way Home
3 - Well All Right
4 - Presence Of The Lord
5 - Sea Of Joy
6 - Do What You Like
7 - Sleeping In The Ground
8 - Can't Find My Way Home
9 - Acoustic Jam  [Bonus Track]
10 - Time Winds  [Bonus Track]
11 - Sleeping In The Ground #2

Disco 2:
1 - Jam No.1: ''Very Long & Good J
2 - Jam No.2: ''Slow Jam #1''
3 - Jam No.3: ''Change Of Address
4 - Jam No.4: ''Slow Jam #2''

       Para ler o resto do post, já deixo aqui um vídeo do Blind Faith tocando ao vivo em 69, na Inglaterra. Sintam-se a vontade para assistir o show inteiro (que é MUITO BOM!). Tem um videozinho falando sobre a banda no começo, então pulem para os 11 minutos que é aonde começa o som. 



       Olá Taverneiros! Desculpem pela demora a postar algo por aqui, é que fim de semestre na faculdade é foda. Vou postar rapidinho aqui hoje porque estou apaixonado, simplesmente, pelo meu baixo. Ando aprendendo a tocar umas linhas deliciosas no baixo e mês que vem a minha banda de funk finalmente vai sair, haha! Eu falei para o Tito postar algo por aqui, mas amanhã ele viaja pra Europa e só volta no fim do mês, então vou ter que abastecer melhor o conteúdo desse nosso querido blog.

       A verdade é que eu não iria resenhar esse álbum, o Tito iria, mas como já faz quase um mês desde a última postagem e ele viajou, resolvi escrever sobre esse álbum que é, sonoramente, um pedacinho da bunda de jesus. Vocês lembram do Wheels Of Fire, do Cream, que resenhei mês passado? Então, seguindo a mesma linha de som, apresento-lhes o Blind Faith, que era uma parada que eu não tinha conhecido até conhecer o Cream. Sim, eu  era um n00b nesse assunto até começar a gostar e conhecer de verdade. Blind Faith nasceu pelo acaso. Clapton convidou Steve Winwood (Traffic, The Spencer Davis Group, participações com Howling Wolf e altas galera) pra fazer umas jams na casa dele, só de zueira mesmo. Ginger Baker ficou sabendo da brincadeira dos dois e resolveu entrar, o que deixou Clapton meio relutante, já que com Baker ele tinha uma longa história no Cream e "aquilo ali" que eles estavam fazendo era uma reunião entre amigos. Mas por insistência dos dois, Baker entrou e juntos começaram a gravar umas parada la na casa do Clapton. Com a evolução dos ensaios, sentiram a necessidade de um baixista e chamaram Rick Grech, do Family, pra tocar com eles.

O avião do cover do álbum, no teclado de Winwood, no show no Hyde Park.

       A notícia de que esses 4 caras estavam tocando juntos vazou e, claro, houve uma expectativa imensa em cima do que seria lançado para o público. Inicialmente Clapton não queria lançar nada, apenas gravar seus jams e ficar de boa, só que todos acharam melhor o lançamento de um único, definitivo e epônimo álbum. Eis então que nasce o primeiro e único disco do que seria o primeiro supergrupo da história (se Cream não contar, né). O álbum teve a capa censurada nos EUA e lançada com a fotografia de Bob Seidemann na Inglaterra, que tem uma história curiosa sobre essa capa: Clapton encomendou uma capa para seu novo álbum e Seidemann disse que precisaria de uma garota virgem para fotografar junto a uma miniatura de um avião futurista recoberto da cor prata (embaladíssimo pela era espacial de 1969). Nem Clapton nem ele conheciam alguma garota virgem, ainda mais nessa altura da revolução sexual. Reza a lenda que Seidemann andava pelo metrô e viu uma garota de 13 anos usando uma roupa colegial, chegou para ela e entregou seu cartão e pediu para ela contactar ele pois ele queria fazer uma sessão de fotografia para uma "famosa banda de rock". A garota gostou da ideia e marcou um encontro de Seidemann com seus pais, que concordaram com a ideia (diz-se que os pais da garota eram amigos do Allen Ginsberg). Seidemann achava que a garota já era muito velha para o conceito que queria abordar na fotografia mas, a irmã dela, com apenas onze anos de idade, era perfeita para a capa do álbum. Seidemann batizou a foto de Blind Faith e enviou para Clapton, que adorou a ideia e aproveitou o nome para a banda. A gravadora, Atlantic, recusou a capa quando apresentaram a arte final mas Clapton, relutante, disse: "Sem capa, sem disco". O resultado: quase um milhão de cópias na Inglaterra com a capa original, sendo que lançaram uma versão tosca e censurada de uma foto dos 4 músicas reunidos para a versão da capa norte americana. Aqui no Brasil, o álbum só chegou com a capa original na década de 80. Quem quiser dar uma conferida na história do próprio Bob Seidemann sobre essa capa, confiram no site oficial dele: http://www.bobseidemann.com/blind_faith_doc.html


Capa lançada nos EUA

       O álbum lançado originalmente tinha apenas quatro músicas no lado A e duas no lado B, sendo que "Do What You Like" (composta por baker) tem 15 minutos. Todas as outras músicas são gravações avulsas de excelente qualidade selecionadas pelos próprios músicos, que foram lançadas numa versão de luxo posteriormente. É um lindo disco, de verdade. Muito bem arranjado e produzido. Foi marcado, no lançamento e até hoje, pelas faixas "Presence Of The Lord" e "Can't Find My Way Home". Essa última foi tão foda que até o nosso ex-ministro e músico fodão da tropicália Gilberto Gil gravou uma versão no disco de 71 dele. "Presence Of The Lord" tem um solo violentíssimo rechado de wah-wah, um exibicionismo puro da virtuosidade e improviso do Clapton de encaixar um solo em QUALQUER COISA. 

       O disco 2 são quatro jams de aproximadamente 15 minutos cada uma. Paciência ao ouvir essas faixas, são longas e com muitos detalhes. Os improvisos são sensacionais, ora uma base de blues calma, ora um solo de teclado do meio do nada e, claro, uma guitarra violenta do Clapton descendo dos céus. É isso ai então, gente, espero que os que não conheçam comecem a gostar e quem já conhece ouça um pouquinho mais desse relicário musical. Coloquei um arquivo um pouquinho grande, mas sem choro porque a qualidade tá impecável, tudo bem? Haha! Abraço!

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Hurtmold - Cozido


Experimental | Instrumental | Post - Rock (?) | Math Rock (?)

1 - Kampala
2 - Fontanka
3 - Bulawayo
4 - Desisto
5 - Credenciais
6 - Mike Tyson
7 - Dois Pés e Ingrato
8 - Filas Longas Taxas Altas
9 - Chepa
10 - Mais uma vez desanimou
11 - Ciesta


     Olá meus jovens. Tranquilidade? Desculpem o atraso nas postagens, mas meu tempo livre fez bem, já que  todos os álbuns já resenhados na Taverna estão upados e nessa semana atualizarei tudo. Essa semana também estava rolando um evento que acontece todo ano promovido, principalmente, pelo Constantina (banda que está aqui no acervo da Taverna) que chama Pequenas Sessões. Entre várias atrações interessantes como dosh e ThisQuietArmy, tive a oportunidade incrível de ver os paulistas do Hurtmold ao vivo e, como vocês podem estar vendo, foi tão bom ao ponto de querer mostrar mais um pouco do som desses caras. 

     Hurtmold, que já tem 15 anos de estrada, nasceu em São Paulo depois do fim de uma banda chamada Pudding Lane. Os caras acabaram conhecendo Mário Cappi e Maurício Takara (que é outro destaque pra mais tarde) e começaram a fazer um som. Conseguiram uma notoriedade em SP circulando duas fitas cassetes durante 98 e o ano seguinte. Em 2000 sai o primeiro disco deles, Et Cetera, que é, também, uma paulera sonora. O disco tem traços fortes da influência de bandas como Sonic Youth e Fugazi, banda com a qual o baterista, Takara, já teve participações. Mas não espere baixar esse disco e ouvir dissonâncias e experimentalismos extremistas ao estilo de Thurston Moore e Kim Gordon, porque o Hurtmold é uma das bandas que tiveram um dos maiores amadurecimentos musicais que ja vi.



      Se você ouvir a timeline dos discos do Hurtmold você vai parar e falar: "porra, heim? Que parada doida isso ai, cara!" - Et Cetera, Cozido, Hurtmold & The Eternals, Mestro, Hurtmold e Mils Crianças. 2000, 2002, 2003, 2004, 2008 e 2012, respectivamente. Os caras transitaram de uma sonoridade post-hardcore, punk, para uma composição sonora arranjada, como se Igor Stravinsky injetasse heroína e montasse uma banda de jazz com dois guitarristas. No show que presenciei nesta semana, eles tocaram praticamente toda a composição do disco lançado no ano passado e, meu irmão, os caras faziam umas quebras de tempo, uns arranjos dissonantes, mas ainda assim harmônicos, incríveis! Eu e o Tito (que voltará resenhando um puta disco nesta semana) ficamos pasmos com a complexidade dos arranjos, o sustain dos rifs repetidos, o feeling que todos os músicos exalavam em forma de música. Realmente sublime. E foi impossível perder tal oportunidade pois, pelo que eu saiba, Hurtmold tinha passado aqui em Belo Horizonte apenas na mini-turnê que fez com o The Eternals, para a divulgação do split que eles fizeram em 2003 e, nesse ano, meus jovens, eu nem lembro de sequer ter ouvido falar neles.

     Cozido é um dos trabalhos do Hurtmold que eu mais ouço. Ele é o marco do nascimento do som característico do grupo paulista, com uma levada menos punk e com experimentações que vibram pro lado de bandas como Tortoise, com toques da instrumentação de bandas do recém nascido post-rock, mas sem abdicar do tom brazuca que existe no som dos caras. É realmente um álbum de transição, passando de pauleras como "Mais Uma Vez Desanimou" para grooves controladíssimos como em "Kampala", que abre o disco. Apesar d'eu ter falado que Hurtmold se trata de uma banda instrumental, algumas músicas, neste e no primeiro disco (e algumas exceções espalhadas por outros álbuns) contem voz. Nesse disco, tudo é cantado em português, mas em outros Guilherme Granado também canta em inglês.




     Já deixei ai em cima o disco inteiro, pra os medrosos quem quiser conferir o som antes de baixar o disco. Mas já falo: Hurtmold é quebradeira. Acho que nunca vi um músico que diz que não gosta, de verdade, dessa banda, porque músico que é músico admira qualidade do trabalho dos outros e, qualidade no Hurtmold, é o que não falta. O disco abre com 3 músicas que são, na verdade, uma. Sempre que uma acaba já entra no ritmo da outra, naquele melhor estilo do Dark Side Of The Moon e Cia. As faixas cantadas são "Desisto", "Dois Pés e Ingrato" e "Mais uma vez desanimou" que, na minha opinião, são incríveis remanescências da produção do primeiro disco, não sendo piores que as outras mas, muito pelo contrário, são umas das minhas faixas preferidas do disco. Atenção pros arranjos da guitarra e do baixo em "Ciesta", aonde o groove vai te levando e, quando você percebe, está ouvindo os caras da banda discutindo entre suco de tangerina e laranja (sério).

     Interessante também citar, para quem se interessa, que Hurtmold está sendo, desde o disco Nós/Sou, a banda que toca, arranja, produz e se apresenta junto com o Marcelo Camelo. Não é atoa que esse disco tem um arranjo lindíssimo e muito bem feito. Se você se dedicar um pouco a ouvir Hurtmold e dar uma olhadinha no trabalho solo do Camelo, você vai acabar se surpreendendo. É realmente reconhecível os timbres do Hurtmold. Além do Marcelo Camelo, alguns integrantes da banda tem uns projetos interessantes também. Maurício Takara, o baterista, tem álbuns de estúdio de um som eletrônico/experimental ao nome de M. Takara e m. takara. 3, além de participar do São Paulo Underground. É uma característica intrigante dos membros do grupo participar de projetos paralelos. Entre os projetos estão MDM, Chankas, Bodes & Elefantes, Againe, Van Damien, Polara e Instituto.


     Hurtmold foi, e sempre será, minha banda preferida pra ouvir no centro de BH. Numa entrevista que eles deram, disseram que o som deles é muito influenciado pelo ritmo urbano e imparável de São Paulo. Claro que Belo Horizonte não se compara nesse quesito com São Paulo, mas mesmo assim é um sentimento caótico e cômodo ouvir Hurtmold na multidão, quase um anonimato urbano. Eu tinha o costume de parar no canteiro central de uma das avenidas mais movimentadas do centro da cidade, colocar Hurtmold nos fones de ouvido e olhar para o outro lado do cruzamento, assistir por dez minutos a ópera caótica que é o meio urbano de uma cidade grande ao som desse disco (Filas Longas Taxas Altas é a melhor para este ritual) . É uma experiência e tanto, quem sabe algum de vocês faz isso e gosta? Haha!

Então segurem esse som aí e aproveitem!

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Cream - Wheels of Fire


Blues Rock | Psicodélico | Clássico | Clapton é Deus

Disco 1:
1 - White Room
2 - Sitting on Top of the World
3 - Passing the Time
4 - As You Said
5 - Pressed Rat and Warthog
6 - Politician
7 - Those Were the Days
8 - Born Under a Bad Sign
9 - Deserted Cities of the Heart

Disco 2:
1 - Crossroads
2 - Spoonful
3 - Traintime
4 - Toad


     Olá taverneiros! Eis aqui nos encontrando novamente. Como vão vocês? Tô na correria daquela deliciosa semana de provas na faculdade, centenas de textos pra ler, etc. Arranjei um tempinho e vim deixar vocês por dentro do que está rolando. Estou upando TODOS os álbuns já resenhados aqui na Taverna lá no MEGA (antigo megaupload). O servidor parece muito bom e cabe 50GB pra membros gratuitos, então vai conseguir suportar por muito tempo a Taverna. O processo é lento, mas já estou acabando e acho que até semana que vem todos os links vão estar positivos, operantes e estáveis. Darei notícias! Além disso, comprarei meu baixo semana que vem e vou migrar um pouco da guitarra para ele pelo amor ao Funk, hehe.  Qualquer produção que a gente fizer na banda de funk que comentei com vocês, postarei aqui para críticas dos leitores mais criteriosos deste blog.

     De um, dois mêses pra cá, mais ou menos, eu e o Tito (que voltará a postar aqui também!) entramos numa onda de Cream indescritível. A gente se encontrava e colocava o LP desse disco pra tocar na vitrola da Budweiser que ele tem lá na república. Só conseguimos ouvir isso desde então, o que é muito engraçado porque eu não conhecia NADA do Cream, realmente NADICA. O conhecimento que eu tinha sobre Eric Clapton foi daquelas coisas que ele fez a partir dos anos 80 que, na minha opinião, é lixo sonoro. Pouquíssimas seleções da produção dele nessa época são boas. Esse pré-conceito que tive dele me fez não detestar, mas simplesmente não ter vontade de conhecer e escutar com cuidado. Nunca fiquei tão feliz de estar errado.



     Do Cream só conhecia mesmo o primeiro disco, Fresh Cream, que não é lá um dos melhores álbuns dos anos 60, mas é divertido, tem um ritmo gostoso, mas parava por ai para mim. Eis que então eu ouço o segundo disco do Wheels Of Fire, que é todo gravado ao vivo, aonde Crossroads tem uma das quebradeiras mais insanas e calculadas que eu já ouvi em toda a minha vida. Minha mente literalmente explodiu. Foi uma revelação deliciosa e com poucos precedentes. Foi como deixar algo passar em branco por toda a vida e descobrir, quase que por querer, anos depois, só pra alegrar sua semana. Depois disso, fui atrás de uma escavação completa sobre o Cream, suas raízes e precedentes históricos de cada integrante desse super-trio que inaugurou a cena do rock da década de 60 de uma maneira cremosa e, claro, inteiramente improvisada.


     Eric Clapton entrou nos Yardbirds em 63. Ficou lá até 65, quando a banda tava mudando a direção do seu som mais para o pop, o que desagradou Clapton, que era muito fiel às suas raízes do blues. Posteriormente, Jeff Beck e Jimmy Page foram tocar nos Yardbirds. Após sair da banda, Clapton entrou para a John Mayall & The Bluesbreakers, aonde pôde desembolar seu estilo único, agressivo e travadão. Ficou famoso por toda a Inglaterra por sua guitarra, ganhando a alcunha de melhor guitarrista de blues do país, levando até um fã a criar a clássica pixação "Clapton is God" na parede de uma estação de metrô, cuja qual logo se espalhou por toda a cidade. Ele largou a John Mayall em 66, querendo montar um grupo com mais liberdade para sua virtuosidade e para a experimentação.



     Clapton encontrou Ginger Baker, que na época tocava na Graham Bond Organization, que também tinha Jack Bruce no baixo. Baker se sentia muito sufocado tocando na GBO, também com a ideia de montar um novo grupo. Então Baker foi ver Clapton tocar em um show da John Mayall. Depois do show Baker deu uma carona pra ele e os dois foram trocando a ideia sobre a criação de uma banda, já que os dois estavam impressionados com a habilidade um do outro. Clapton convidou Baker  pra se juntar na banda nova que ele estava pensando em montar. Ele aceitou na hora, só que com a condição de que Jack Bruce fosse o baixista . Reza a lenda que Baker quase bateu o carro ao ouvir o pedido. O que Clapton não sabia era que Bruce e Baker tinham um histórico de desentendimentos bem grande, quase caindo na porrada, incluindo sabotagem dos instrumentos um do outro, brigas no palco, etc. Porém eles resolveram colocar as brigas de lado para que o projeto novo de Baker, Bruce e Clapton saísse do mundo das ideias e finalmente fosse posto em prática.

      Cream foi o nome escolhido, porque o trio já era considerado o  "creme da cobertura" dos músicos de jazz e blues da Inglaterra. Bruce, além de ser um notório baixista de jazz, tinha um vocal agressivo e pesado, perfeito para os blues que o trio tinha em mente, além de ser um dos baixistas mais virtuosos que já pisaram nesse planeta. Além disso, Jack Bruce também DESTRÓI na gaita e tem um conhecimento mais do que notável no violoncelo, violino e piano. Clapton também canta em algumas músicas e faz back-vocals, só que ele é tímido demais e fica mais travado ainda ao vivo por causa da quantidade de drogas que ele tomava para os shows. A participação dele no show é de um espectro divino, imóvel e em sua viagem psicodélica própria, deslizando os dedos pela guitarra e fazendo a mágica acontecer.


Clapton: tão chapado que não consegue controlar sua mandíbula nem acompanhar o playback.

     Wheels Of Fire veio em 1968, é o terceiro álbum de estúdio deles e posterior ao Disraeli Gears, de 67, que deslanchou Cream com grande sucesso. Wheels Of Fire foi lançado como Vinil duplo, sendo o segundo disco apenas apresentações ao vivo do Cream. É um disco com altos e baixos, com a guitarra de Clapton cortando todo o espaço em que não há a voz de Bruce cantando em seu timbre agressivo. O álbum abre com White Room, que é uma paulera de groove, com um meio que dueto entre a voz de Jack e a guitarra de Clapton. Seguindo com uma versão do famoso e antigo blues, Sitting on Top of the World, com a pitada dos gritos sonoros da Les Paul de Clapton. Separo também Pressed Rat and Warthog, que é cantada, ou digo, quase que falada, por Ginger Baker, tendo uma levada tranquila, com uns trompetes e flautas, até o fim da música, aonde a guitarra EXPLODE do nada junto com a bateria e o baixo.

     Politician não tem uma das harmonias preferidas minhas, mas tem, com certeza, um dos melhores solos do disco. Um solo duplo, na verdade, com as guitarras sobrepostas uma em cima da outra, levando a um clímax sonoro indescritível, sublime da maestria de Clapton. Born Under a Bad Sign é, sem sombra de dúvida, a música mais badass do disco, mas tem uma levada tranquila e constante, um groove delicioso pra se ouvir viajando. Pra finalizar, separo a última música do disco, Deserted Cities of the Heart, que abriga o solo mais destruidor de todo o disco. Um solo cheio, recheado de tremolos e uma agressividade que nunca vi em outro guitarrista. Só ouvindo mesmo.




     O Disco 2 não vou escrever sobre ele não... Quero só que ouçam Crossroads e deliciem-se com a poderosidade do improviso do trio inteiro. Quem tiver interessado, deem uma olhada no DVD que existe do Farewell Concert, que eles tocaram no Albert Hall em  novembro de 1968, que tem em qualidade excelente no youtube e mostra com perfeição a atuação do Cream ao vivo, com as improvisações de dez minutos que viajam de influências do jazz até o blues mais puro que existe. Aqui, Sunshine Of Yout Love nesse show: http://www.youtube.com/watch?v=pwDo0JUeKqM

     Espero que aproveitem e não deixem de ouvir o disco com cuidado e com o volume bem alto. Deixem a guitarra de Clapton entrar cremosamente pelos tímpanos, sendo guiada pelo baixo de Jack Bruce ao ritmo da bateria paulateira de Baker. Até mais!

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