sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Andrei Machado - Lacuna

Ambiente | Instrumental | Minimalismo | Piano | Para dias chuvosos

1 - Uma Breve História do Tempo
2 - La Mi Realidad
3 - Campo de Centeio
4 - Después de Muertos
5 - Sou, das Verdades, a Maior Farsa
6 - Eu Sei que Sou Fraco
7 - O Mundo em Meus Dedos
8 - Relapso


      Uma amiga me disse que se apaixonou por Bardella e que desejava um som parecido, porque apenas as seis faixas de Passagem não eram suficientes para encher um dia chuvoso por completo. Continuei minha busca por músicas minimalistas, calmas, que poderiam ser parecidas com o tal projeto. Também queria algo mais, diferente, não exatamente igual mas bem próximo. Então procurei bem a fundo e consegui encontrar alguns discos que poderiam até ser estagiários para o serviço, mas nenhum tão bom quanto Lacuna. Certamente este não seria estagiário.

      É divertido encontrar artistas desconhecidos e ficar surpreendido a cada nova faixa e se perguntar sobre a razão de tais pessoas não serem reconhecidas pela sua criatividade e criação. Às vezes fico tão fissurado pelos desconhecidos que acabo ignorando o pessoal que já está acima. Foi o que aconteceu desta vez. Andrei Machado não é famoso, mas também não é desconhecido. Eu, realmente, não tinha a mínima ideia de quem era, porém me surpreendi quando pesquisei sobre o cara e fiquei sabendo que ele já estava a algum tempo no meio musical e, não obstante, é bastante conhecido por sua música característica: simples e singela.



      De brasília, Andrei sái da capital brasileira e atinge todo o contigente de pessoas realmente apaixonadas por música. Posso tentar definir o tipo de som com algumas palavras, fica difícil, mas sairia algo como beleza, suavidade, simplicidade, calmaria, vento, chuva, sono, felicidade, amor e piano. Tristeza também, mas só pra quem a deseja. Sua música mistura o clássico ao novo, fazendo uso da tecnologia em suas belíssimas composições em piano. Há também o uso de instrumentos de sopro como a flauta e a escaleta (um dos motivos para estar postando).

      Não achei muita coisa sobre o cara. Em seu perfil no Last.fm, está a frase: "Andrei Machado é um compositor nascido em Brasília, Distrito Federal." e mais nada. Pouquíssimas fontes de referência sobre ele, porém possúi 13 mil ouvintes no site, tornando-o significantemente mais conhecido do que as bandas que postei nessa semana. Reconhecimento muitas vezes é a pior forma de se analisar alguém, mas Andrei está até bem na fita para um artista que faz uma música deste tipo e, além disso, disponibiliza seus discos para download gratuito. Este tipo de situação é algo que me agrada e me deixa satisfeito por saber que, apesar de não necessário, o reconhecimento é sempre um grande prêmio por um trabalho bem feito.


      É complicado falar sobre música, eu devia ter pensado nisso antes de fazer o blog, rs... Realmente complicado. É como tentar ler as mãos de alguém, tudo pode variar e mudar drasticamente por causa de um risco a mais ou a menos. O parecido acontece na música. Uma nota vã a mais pode mudar o ritmo da melodia e te levar para um ambiente totalmente diferente do que você estava cinco segundos atrás. Isso acontece com mais força ainda quando se trata de música minimalista, onde cada nota é tratada de modo importantíssimo, contribuindo para a construção de uma harmonia habitada por poucos instrumentos que, unindo-se uns aos outros, formam um som singularmente único.

      Este disco conseguiu se tornar algo extremamente difícil de disertar. Estou aqui tem mais ou menos uma hora e agora que consegui medir as palavras certas para descrevê-lo. Sabe aquela sequência correta de músicas que te preenche? Lacuna canta sobre os espaços vazios que a vida vai deixando e esquece de preencher. Ele realça toda a periferia de sentimentos que cai no esquecimento, como a própria saudade, e conversa com o ouvinte sobre isso. É um trabalho a ser escutado com cuidado e calma, para que você não o vejo como um disco auto-destrutivo, mas sim como um diálogo, uma experiência. Uma luz.

      O título das faixas são belíssimos. A música, então, fala por si própria. Só posso destacar a belíssima "Campo de Centeio", que é, de longe, uma das mais belas músicas que já ouvi por essas bandas brasileiras. Seu dedilhado preciso nas teclas do piano, o violino saindo devagar no fundo e a melodia que nasce aos cinquenta segundos são quase como uma luz, preenchendo o vazio entre o vazio. Também separo "Después de Muertos", uma composição incrível, extremamente simples e tocante. As calmas notas do piano unidas ao timbre singular da escaleta conseguem destruir qualquer muro pessoal e entrar (com o pé na porta) nos sentimentos de cada um. E por último mas não menos importante, fica "Eu Sei que Sou Fraco", uma música auto-explicativa que faz uso de uma flauta-mais-do-que-doce.





      O download é disponibilizado gratuitamente pelo sinewave (bendito seja!), deixarei também os links do myspace e trama virtual para quem quiser conferir. Então termino por aqui esta postagem e espero que todos vocês curtam o disco! É uma ótima dica para quem gosta de Yann Tiersen ou, simplesmente, um piano bem agradável, rs. Bom proveito!

Download - Link Direto

Andrei Machado - Myspace

Andrei Machado - Trama Virtual

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