quinta-feira, 18 de julho de 2013

Tim Maia - 1973


Soul | Funk | Samba | MPB | Groove Infinito | Deus

1 - Réu Confesso
2 - Compadre
3 - Over Again
4 - Até Que Enfim Encontrei Você
5 - O Balanço
6 - New Love
7 - Do Your Thing, Behave Yourself
8 - Gostava Tanto De Você
9 - Música No Ar
10 - A Paz No Meu Mundo É Você
11 - Preciso Ser Amado
12 - Amores
13 - Coragem -Trilha Sonora Dos Irmãos Coragem (Bônus)
14 - Chocolate (Bônus)
15 - Paz (Bônus)


     Boa tarde, Taverneiros! Como vão vocês? Eu cai na realidade um dia desses quando percebi que não tinha NENHUM disco do mestre Tim. Fiquei até meio triste por pensar que vocês podem acabar deixando beldades musicais como esse álbum fora do conhecimento de vocês, então eu estou aqui hoje pra fazer uma resenha rapidíssima desse maravilhoso disco que tem uma composição PERFEITA em toda e extensão da obra. Pra quem não conhece NADA de Tim Maia e não viu a belíssima animação feita para a comemoração do lançamento (póstumo, para a infelicidade do Tim) do primeiro disco com lançamento internacional dele, narrado pela voz de ninguém menos que Devendra Banhart, The Existential Soul of Tim Maia, vejam:




     Triste e bonito, não? Dá uma resumida bacana na vida dele, que era um cara sem comparações no seu estilo de vida louco. Mas ao mesmo tempo que existia essa loucura, existia também uma paz interior que é claramente vista nas suas composições, principalmente na era Racional. Tim Maia inventou esse estilo de buscar no Soul a sua voz para cantar na MPB, com fortes influências de samba e do funk norte-americano, principalmente nas linhas de baixo de suas músicas (que, convenhamos, são uma tetéia para os ouvidos). As linhas de baixo das músicas dele são tão importantes que ele começava a maioria de suas composições por elas. Tim teve vários baixistas na composição da sua banda, que era sempre inconstante devido ao comportamento imprevisível dele, mas todos eram muito habilidosos e Beto Cajueiro (que tem um projeto solo) acabou tomando a linha de frente no baixo da banda por vários anos, executando perfeitamente as linhas que o próprio Tim compunha. Tim tocava do baixo à cuíca, do violão à bateria (quase um Zappa brasileiro, não?) e compunha todos os instrumentos para que sua banda somente executasse, bem ao estilo Tim Maia.

     Tim ficou ultra famoso na década de 70, com a sua volta dos EUA e a gravação do seu disco no mesmo ano (um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos, em minha humilde opinião). Depois ele gravou um disco em cada ano: 71, 72 e 73. Três discos VIOLENTOS sonoramente. Acabarei, ao longo do tempo, postando todos aqui, que fazem parte do ápice da criatividade musical de Tim junto com algumas composições da sua era Racional (1974 ~1976) e do disco de 76 também. Poucos discos dele tem títulos, como o Tim Maia - Disco Club, de 78, que já é da época Dance dele, com baladinhas. O resto do discos vem com sua foto e a data, acompanhada em letras garrafais: TIM MAIA.




     Este disco, de 73, é um dos meus preferidos de toda a discografia de Tim. Você vai encontrar menos álbuns de qualidade a partir da década 80, devido a vários motivos: Tim ficou descontente com as gravadoras, mudou seu estilo de composição desse MPB/SOUL/FUNK para algo mais brega, entupido de arranjos de violinos e cellos, além dos problemas com drogas e obesidade. Por outro lado,  alguns LPs dessa época são excelentes, como Descobridor dos Sete Mares e algumas canções do seu disco de 1986. Mas essa época aqui que a gente está tratando, quase toda a década de 70, foi um berço para a criatividade musical de Tim. Foram tantas, mas tantas composições de uma qualidade nunca antes vista no Brasil que eu não consigo nem escolher as palavras certas pra poder tratar disso. Tim tem um estilo inconfundível. Aonde quer que toque alguma música dele, não é possível confundir com outro cantor. E eu aqui, treinando bastante no baixo pra poder tocar tranquilamente na minha futura banda de Funk, fico aprendendo as linhas de baixo das músicas dele e posso dizer: não existe nada mais gostoso do que tocar uma música do Síndico do Brasil, título que Jorge Ben deu pra Tim na canção W/Brasil.

     O álbum já abre com um clássico dos clássicos: Réu Confesso, que resume muito bem o que você vai ouvir pela próxima hora: um groove com molejo, bem abrasileirado, com toques do Soul e do Funk norte americano, mas inconfundível na voz do mestre Tim. Eu nunca imaginei que seria possível sambar ouvindo Soul, mas isso é possível em "Compadre" (e várias outras músicas). Eu quero até separar mais algumas músicas marcantes desse disco, uma delas é "O Balanço", que segue com a linha de baixo mais deliciosa do disco, com a voz arrastadíssima de Tim Maia repetindo a seguinte estrofe:

Deixo de viver o compromisso,
Longe de qualquer opinião.
Farto de conselho e de chouriço,
Maltratando o velho coração.

Ovo de galinha magra, gora.
Todo mundo que eu conheço, chora.





     Uma das músicas deste disco que também explodiram de sucesso foi "Gostava Tanto De Você". Qual é... Quem nunca cantou essa música num buteco com mais 15 pessoas acompanhando ao som de um único violão da mesa? "Música No Ar" é um dilema na composição. Essa música não sabe o que ela quer ser: se é um bolerozinho romântico acompanhado de violinos ou se é uma carregada RECHEADA de groove, com arranjos na guitarra e gritos carregados do soul norte-americano, pois ela fica alternando entre os dois ritmos, trazendo uma sensação de satisfação completa só de ouvir essa música. "Preciso Ser Amado" quebra toda a composição do disco, ainda sendo uma bela música. É um desabafo na voz e violão, carregado de tristeza e saudade. Quase no fim do álbum a gente tem "Amores". Eu não sei nem o que vou comentar sobre essa música, na boa... PAULO PAULEIRA POWER no groove. Não tem voz, só a quebradeira de baixo, guitarra, bateria e um teclado. Quase três minutos só de improviso. Pra finalizar, separo também "Chocolate", que é um clássico também na voz de Tim. Detalhe para a linha do baixo que praticamente leva, junto com a voz, a música inteira.

     Pra lembrar que ele tem, também, um inglês impecável, Tim nos trás sua voz na língua do tio sam nas músicas "New Love", "Over Again" e "Do Your Thing, Behave Yourself", sendo que esta última é, com certeza, um dos maiores destaques do disco inteiro. Uma linha de baixo mais do que cremosa, uma voz mais do que carregada de Tim, um groove constante e imutável da bateria e os back vocais explodindo na hora do refrão. E pra quem não tinha botado fé do Tim tocando outros instrumentos, aí vai um vídeo dele cantando, ao vivo, "Do Your Thing, Behave Yourself" e com um bônus dele tocando bateria ao fim do vídeo (acompanhado de um percursionista mergulhado no ácido).



     Enfim... Não sei o que dizer mais sobre esse disco. Com certeza estarei resenhando o disco de 70 e mais alguns do Tim Maia. Praticamente não consigo ouvir outra coisa, hehe. Espero que vocês gostem dessa overdose de groove que vão encontrar nesse álbum. Ouçam, deleitem-se e comentem. Aproveitem! 

Download - 50MB

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, essse disco do Tim é meu preferido. Só alguns toques a música chocolate não é desse disco, e o percussionista que toca com ele no vídeo é o grande Naná Vasconceloa. Abração

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