segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Constantina - Haveno

Instrumental | Alternative | Experimental | Post Rock (?) | AWESOME!

1 - Monte Roraima
2 - Imobilidade Tônica
3 - Bagagem Extra
4 - Azul Marinho
5 - Pequenas Embarcações
6 - Juan, El Marinero
7 -Benjamin Guimarães


Como podem bem ver, estou empolgadíssimo com a volta do blog. Sempre que dá estou conferindo a quantidade de visitantes que estão vindo e a taxa de downloads que estão acontecendo aqui. E toda vez que entro na Taverna, fico chateado pelo fato de Guachass e GY!BE terem sidos postados em março do ano passado, que quero mudar essa página daqui logo e colocar coisas novas para vocês conferirem. Aproveitando que estou de férias, vou abusar desse site e sempre postar algo novo, sem, é claro, acabar com o estoque de sons inéditos para vocês.

Falando em inédito, acho que este disco que estou a resenhar aqui nem é novidade para tantas pessoas, pois Constantina está ganhando grande relevância no âmbito da música independente brasileira, principalmente no quesito instrumental. Além do mais, esse não é o primeiro disco deles que posto aqui, pois dois anos atrás estive num show deles juntamente com a banda ruído/mm e fui obrigado a resenhar o álbum de estreia deles (pode acessar clicando aqui). Além do mais, a banda é de Belo Horizonte, cidade aonde moro. Sendo assim, chato pra caramba como sou, espalhei o som dos caras pra todos meus amigos e conhecidos.


Cinco meses atrás eu participei de um dos shows mais incríveis da minha vida, numa colaboração entre Constantina e Labirinto, banda de post-rock instrumental de São Paulo. O show ocorreu no festival Pequenas Sessões, que é organizado por iniciativa própria do Constantina. Neste show, os músicos tocaram, na íntegra, o disco novo deles: Haveno. Desde então, fiquei com um fascínio que crescia a cada dia em relação ao entorto do disco. Até que então, algumas semanas atrás, fiquei sabendo que a banda irá tocar no festival do Verão de Arte Contemporânea, no dia 24, aqui em Belo Horizonte. A notícia me empolgou muito e, com a volta do blog, fiquei na dúvida entre resenhar este disco antes ou depois do show. Depois de pensar um pouco, fui pelo impulso e resolvi escrever aqui agora, antes do show, pois talvez eu consiga convencer alguém de largar a bunda da cadeira do computador e ir curtir uma boa música.

Antes de falar do disco, vem a banda... E nada melhor do que a própria banda falando dela mesma, não é? No site oficial deles, vem o seguinte:


"Constantina nasceu em 2003, de um desejo de fazer uma música que pudesse tocar as pessoas.
Somos uma banda instrumental interessada em criar músicas sem nos preocuparmos com rótulos. Nossa música é sincera e minimalista; as guitarras são usadas de forma inteligente, e costumam vir acompanhadas de delicadas interferências eletrônicas. Com influências que vão do pão de queijo aos caboclos de lança, o Constantina gosta dos regionalismos brasileiros e acha que música e imagens dão um bom casamento. Esse diálogo músico-visual sempre transparece na produção de todos os nossos trabalhos.

"



Com quatro álbuns lançados e uma gravação ao vivo com os caras do COLORIR, a sonoridade de Constantina transita distintamente entre um disco e outro, marcando fatores fundamentais para a compreensão do som da banda. As performances ao vivo são aliadas com imagens e vídeos que dialogam com a musicalidade dos integrantes. Além de tudo, várias curiosidades se tornam atrativas ao conhecer a banda, como o fato de que os instrumentos se alternam entre os integrantes e que o improviso é uma carta na manga sempre presente no leque de sons de Constantina.


Postais que vem juntos com o disco, com imagens e frases. Um pra cada música.


Haveno é um nome retirado do Esperanto, significando porto, abrigo. É um trabalho completo, desde a composição musical, a parte visual do trabalho físico e até mesmo na divulgação da obra. A banda criou um site com toda a temática do disco, com composições gráficas e desenhos intrinsecamente relacionados com o que Haveno trás. Na época da composição das músicas, estas eram upadas para o site oficial da banda após a gravação definitiva da faixa. Além do CD e do encarte com acabamento impecável, foram lançadas também camisas, posteres, e cartões-postais. Recentemente, Constantina enviou adesivos gratuitamente para todos os fans, agradecendo o suporte e retribuindo, de forma especial e singela, todo o favor que fizeram nesses nove anos de caminhada.

Este álbum é, ouso dizer, uma das maiores obras primas da música nacional nestes últimos anos. Posso facilmente dizer que é um dos discos nacionais mais bem trabalhados da década e, talvez, o mais completo do ano de 2011. Com sete faixas, Haveno representa o que ele é: um porto, um abrigo. É uma estaca fixa na música, é harmônico e contínuo. Ele segue uma ideia, ele é um som apenas. Tráz diversos ritmos e culturas em forma de poesia cantada, trás saudade e nostalgia. No todo, é uma composição única, seguindo um tema bem claro sem, ao mesmo tempo, deixar de ser tocante. É cru e transparente, não omite nada e não se finge de outra coisa. Barulhista me perdoe, mas este disco aqui também quer ser um abraço, rs.




Um trompete preguiçoso e distante dá início ao disco, em Monte Roraima. A primeira vez que ouvi essa música, foi num show que houve na Praça do Papa, onde Constantina tocou com Wado. Naquela versão, Wado incluiu letras na música, o que me distraiu um pouco e me deixou meio alheio à parte instrumental, mas mantendo o âmago da canção intocado. Com um ritmo bem característico e uma melodia instigante, Monta Roraima segue em seus sete minutos com apito, trompete e vibrafone, guiados pela bateria de Daniel Nunes. Seguindo o curso, Imobilidade Tônica começa na bateria e termina no trompete, passando por inusitadas mudanças de ritmo, um baixo marcante e, não menos importantes, as palmas no momento em que as duas guitarras dividem o mesmo espaço, criando um ambiente totalmente único, especial.

Bagagem Extra foi a música que me fez apaixonar por Constantina. Eu fico sem palavras pra descrever o quão incrível ela é. Ao meu ver, ela passa por cinco momentos: O início harmônico, habitado por uma bateria eletrônica dividindo espaço com vibrafone, guitarras e baixo. O segundo momento é a desconstrução total, aonde a bateria se liberta juntamente com o bongô e dá espaço para o baixo destruir tudo. Após isso, o instrumental se consolida ao terceiro momento, mostrando uma textura carinhosa, dócil, aonde a harmonia dos instrumentos se divide sabiamente entre notas no vibrafone alternadas com uma guitarra. Após metade da música, há um momento de fôlego criado por apenas uma guitarra, para assim termos ouvidos para digerir o fim da composição. O último momento é um crescendo que poderá te lembrar de melodias antigas, nostálgicas e infantis, mas que vai engordando ao longo dos segundos e, por mim, explode em uma harmonia épica, repleta de vivacidade, para terminar em uma desconstrução de trompetes caóticos, alertas. Ao vivo, a banda transpõe as formalidades de estúdio e convida a todos para cantarolar essa música, dando vida a outra percepção.


Azul Marinho é calma como o mar, daqueles sem ondas por causa dos recifes distantes. Costurado por uma guitarra mergulhada no trêmolo, divide espaço com a melodia marcante do vibrafone e dos trompetes. Pequenas Embarcações é única que possui um violão, mantendo-o por toda a música, sendo intercalado por delicadas interferências eletrônicas, ganha título de uma das músicas mais calmas que já ouvi. A sexta faixa é a que possui a maior textura eletrônica de todo o disco, mas não deixa de exprimir um som orgânico e único. Por fim, fechando com chave de ouro, encontramos Benjamin Guimarães. É uma de minhas preferidas. Começa suave, na calma de uma guitarra um pouco saturada, dando espaço a minutos de harmonia perfeita entre bateria, guitarras, vibrafone e bateria. Mas apesar de tanta letra aqui em cima, a experiência se resume a ouvir o disco.

Para quem quiser saber mais sobre a banda, pode conferir no fim da postagem o link para o site oficial, aonde você pode ouvir as músicas separadas e baixa-las gratuitamente. No site oficial é possível, também, adquirir os posteres, postais e comprar o disco físico que, digo, vale muito a pena! Espero que gostem e que tenham paciência com Haveno, pois é algo que começa pequeno e que, como o próprio nome diz, se torna um abrigo para nossos ouvidos. E como diria Daniel Nunes: SARAVÁ!




3 comentários:

  1. Meu primeiro show de post-rock! Culpa da Taverna, que alias voltou num ótimo momento, três dias antes do meu Mp4 se revoltar e apagar quase tudo o que eu tinha. Obrigado Taverna!

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  2. Haha, pode culpar-me! Teremos mais postagens em breve!

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  3. aushuahsuahusha sem comentarios !!!

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