domingo, 20 de março de 2011

Godspeed You! Black Emperor - F♯A♯∞

Post Rock | Experimental/Clássic | Ambient | Instrumental

1 - The Dead Flag Blues
2 - East Hastings
3 - Providence


      Antes de mais nada, deixe-me listar certas aptidões necessárias para que você, desconhecedor desta banda, consiga apreciar as únicas três músicas contidas neste grande disco:
1º: você tem que gostar (bastante) de post rock;
2º: você tem que ser paciente pra caralho.

      Foi difícil acostumar com o som de Godspeed You! Black Emperor (inteligentemente simplificado em GY!BE) por fatores de fácil entendimento: há uns dois anos comecei a conhecer o tal do post rock. Fui atrás das bandas mais famosas como Mogwai, Explosions In The Sky e Sigur Rós. Acontece que meu amigo Last.FM foi me mostrando toneladas de bandas que seguiam os mesmos padrões sonoros dos grandes nomes do post rock. Apesar de tudo, não é ainda um gênero muito divulgado pelas mídias, então era meio difícil eu conseguir ouvir tudo o que eu queria. Acontece que, sem eu querer, acabei ouvindo GY!BE.


      Acho que o maior fator que contribuiu com o fato d'eu não gostar de GY!BE era que eu não ouvia música clássica. Cheguei a ouvir bastante de Chopin, Brahms, Bach, Beethoven e Mozart quando tocavam umas sessões alemãs numa rádio daqui de Belo Horizonte, exatamente ao meio dia. Isso deve ter uns 4 anos. No meio tempo em que não ouvi nada disso, me desacostumei com músicas de longa duração, típicas da música clássica. Acontece que a maioria das músicas do Godspeed You! tem, em média, vinte minutos. No encarte dos discos vinha, dividido por nome e duração, os "movimentos" de cada faixa. Só pra constar, neste disco são:

1 - "The Dead Flag Blues" — 16:27
      1 - "The Dead Flag Blues (Intro)" — 6:37
      2 - "Slow Moving Trains" — 3:33
      3 - "The Cowboy..." — 4:17
      4 - "The Dead Flag Blues (Outro)" — 2:00

2 - "East Hastings" — 17:58
      1 - "...Nothing's Alrite in Our Life..."/"The Dead Flag Blues" (Reprise) — 1:35
      2 - "The Sad Mafioso…" — 10:44
      3 - "Drugs in Tokyo" — 3:43
      4 - "Black Helicopter" — 1:56

3 - "Providence" — 29:02
      1 - "Divorce & Fever…" — 2:44
      2 - "Dead Metheny…" — 8:07
      3 - "Kicking Horse on Brokenhill" — 5:53
      4 - "String Loop Manufactured During Downpour..." — 4:36
      5 - (unlisted segment of silence) — 3:32
      6 - "J.L.H. Outro" — 4:08

      Antes de falar do disco, falemos da banda. Foi montada em Montreal, em 94. É praticamente uma orquestra, apesar de quando formada possuir apenas três membros, GY!BE já passou por formações que incluíam 20 pessoas tocando, mas desde 1998 foi oficializada com 9 integrantes. Apesar d'eu caracterizar o som como post rock, GY!BE se diferencia, principalmente, pela experimentação. Trechos de diálogos, sons feitos usando instrumentos atípicos e mash-ups são presentes em praticamente todas suas composições. Essa experimentação fez com que influencias que vem desde a música clássica até o progressivo infiltrassem em suas músicas e definissem o som de Godspeed You! Black Emperor, como uma coisa única... especial.


      Com nove membros, a questão instrumental é quase um mistério. Cada um toca um pouco de tudo, possuindo incrível flexibilidade musical. Além disso, as apresentações contam com efeitos artísticos criados por eles mesmo, chegando até mesmo a chocar o público devido suas tendências pessoais e artísticas refletidas nos shows. Suas letras, presentes em algumas músicas através de diálogos, gravações antigas ou até mesmo trechos de rádio, possúem uma certa inclinação política, já que vários integrantes se definem como anarquistas. A exemplo disto, a primeira faixa desde disco, logo no começo, já mostra o forte sentimento político presente nas composições do grupo. Godspeed You! Black Emperor entrou em hiato no final de 2002 devido a vários motivos, como a existência de projetos paralelos de integrantes do grupo, como "A Silver Mt. Zion", "Fly Pan Am", "Hrsta", e "Set Fire to Flames".

      GY!BE levou a alcunha de uma banda anti-social, pois no começo da carreira evitava entrevistas, mostrando uma certa ignorância com a mídia musical. Com o passar dos anos, adaptaram-se e mostraram-se mais vezes através do guitarrista e tecladista Efrim Menuck, que respondia às entrevistas. Porém, com essa aparição de um único integrante, acabou sendo levado como líder da banda, coisa que ele desmente e explica que todo o trabalho do GY!BE era feito em conjunto. Mas voltando ao som do grupo, possuem violino, cello, cravo e, às vezes, um trompete ou um metalofone. É essa variedade musical que diferencia GY!BE do típico post rock que existe por aí.


      F♯A♯∞ é o disco de estreia do GY!BE. Lançado em 1998, pirou a cabeça de todo mundo. É um disco denso. Pesado. Apocalíptico. Anuncia o fim do mundo e as desgraças provenientes de tal acontecimento. Cidades em ruínas. Sociedades destruídas e tudo do pior possível é descrito nas suaves linhas musicais de todo o disco. Não tão suaves, porém... Pois se trata de GY!BE. Sendo assim, o inesperado é a única coisa que você pode esperar deste disco. Como eu disse, possúi um aspecto negativo, apocalíptico, porém pode te surpreender a qualquer momento e te colocar numa situação, digamos... diferente.

      "The Dead Flag Blues" começa sob uma névoa de desconfiança. Então uma voz te leva até uma pequena viagem ao fim do mundo, onde, se você fechar os olhos e seguir a narração, poderá facilmente imaginar-se do lado do homem que narra a história. Depois de um tempo, o ambiente muda e você pode quase imaginar-se em uma praia. A surpresa mesmo fica para os dois minutos finais, que são, no mínimo, bem dançantes. "East Hastings" inicia com uma voz também, mas é uma voz de verdade. É possível ouvir os carros, as buzinas e até a fumaça que sai do ônibus e do cigarro do transeunte. A voz saí de um homem anunciando o fim dos tempos. É meio chocante e dá até uns calafrios. Mais calafrios vem quando a música encontra a voz e tudo se mescla em uma coisa apenas. "Providence" é tocante, divina. Te transpõe e te faz imaginar um lugar totalmente diferente desse seu quarto em que você está lendo isso agora.





      Coloco aqui a primeira música do disco, o começo e o fim, só pra vocês pereceberem que aquele meu papo de "inesperado" não era enrolaçao. Tente acompanhar a letra, que é bem simples e resumida. Ah, vou deixar de enrolação e deixo aqui o link pra download. Já digo: é bem provável que você não goste de cara, mas seja paciente e veja que no fim das contas você vai ouvir tudo e, quando acabar, vai dar play de novo. Um bom proveito!

Download - 87MB

2 comentários:

  1. eu gostei de cara, nao conheço post rock, mas pretendi conhecer.. to fazendo um blog, com toda preguiça do mundo ele tá surgindo, mas deve parar.. já tive uns dois antes, quando era beeeem mais nova e falaaava de coisas bem mais futeis...
    entao, perdi o animo, com outras coisas tbm, nao que isso te importe claro.. aushahus entao pararei de amolação
    estou sempre por aqui, o que achou do cd novo do strokes?

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  2. Post rock é amor. O que acho mais incrível é a facilidade de passar sentimentos sem a onipresença de voz. Vou postar outro disco deles aqui que exemplifica melhor ainda a beleza que é isso. Ouça depois o The Earth Is Not A Death And Cold Place, do Explosions In The Sky. É maravilhoso. Ah, e relaxa... Eu abandonei esse blog por uns meses e tô só voltando agora, tenho que conferir os links porque toda hora a DMCA vai lá e apaga. Acabo perdendo o ânimo também, rs. Achei interessante, porém meio que me broxou um pouco, tá cheio das coisinhas eletrônicas e eu não sou meio chegado nessa mudança que eles tiveram. Ouço pouco ultimanente mas anda prefiro o Is This It, rs. Valeu por acessar, btw (:

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