sábado, 12 de março de 2011

Gilberto Gil - Gilberto Gil

Tropicália | Bossa Nova | MPB | Puta disco lindo do caralho

1 - Nega (Photograph Blues)
2 - Can't Find my Way Home
3 - The Three Mushrooms
4 - Babylon
5 - Volkswagen Blues
6 - Mamma
7 - One O'Clock Last Morning, 20th April 1970
8 - Crazy Pop Rock
9 - Can't Find my Way Home (live)
10 - Up From the Skies (live)
11 - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (live)


      Estamos de volta! Afinal, todo carnaval tem seu fim. E falando em carnaval, provavelmente a minoria dos leitores da Taverna deve ter tido a oportunidade de conhecer esta clássica festividade em sua época de ascenção, cerca de 50 a 40 anos atrás. O que vemos hoje como a "Velha Guarda" das escolas de samba era a ponta do iceberg de várias mudanças sociais que estavam acontecendo aqui em nossa nação. Não vou dar uma de professor de história e roubar minutos de sua leitura explicando isto, então resumirei a década de 60 em três momentos importantíssimos: A Ditadura Militar, a Invasão Britânica e a Tropicália.

      Do regime militar vocês estão cansados de estudar sobre isso e já sabem que durante tal época, ninguém podia abrir a boca senão acabaria embaixo de sete palmos de terra. Para os leigos, a Invasão Britânica não foi um grupo de barcos ingleses invadindo o Brasil com chás e canhões. A música se resumia ao blues e ao jazz em toda a mídia que divulgava música. Então os Beatles, Stones e aquela cambada toda que seu pai insiste para você ouvir (ouça) revolucionaram o cenário musical de todo o mundo, inclusive aqui na Terra do Pau-Brasil. No final da década de 50 o samba e a bossa nova dominavam os rádios. Porém estes mesmos rádios começaram, a partir de 1963, a tocar Twist And Shout e Route 66. O povo pirou. Os artistas e intelectuais piraram mais ainda, percebendo que a música tomava novos rumos e que o Brasil estava ficando sem identidade musical. Então o bicho pegou.

Um alfajor pra quem acertar o nome de todos.


      A quantidade de experimentações que começaram a ser feitas a partir de tal época foi incrível. Coincidentemente, a Ditadura Militar começou. A putaria que estava sendo feita com o povo fez com que manifestações de todo tipo começassem a ser feitas. A música foi um pivô crucial para a disseminação de protestos contra o governo. Porém em 1968 sái o AI-5. A repressão foi brutal. Os artistas que citei alí em cima, que protestavam em suas músicas contra o governo, tinham 3 rumos a tomar: se exilar, ser preso, ou trair o movimento (como o Roberto Carlos fez, rs). Chico Buarque e Caetano são os exemplos de exilados que todo mundo conhece, porém poucos sabem que nosso atual ex-ministro da cultura também esteve uns anos fora de nosso Brasil, se protegendo contra o regime militar e aprendendo durante sua convivência de três anos na Inglaterra.

      Gilberto gravou este disco em 1971. Como eu disse em alguma postagem bem antiga, 1971 foi um puta ano incrível da musica brasileira. Apesar de Gil estar na Inglaterra em tal ano (e cantar todo o disco em inglês), este álbum contribui significantemente para o acervo incrível de obras gravadas em tal ano. Eu até coloco uma tag nos álbuns de tal ano e pretendo ainda postar muitos outros, como o de Erasmo Carlos, Tim Maia, Elis Regina, Tom Zé e toda a trupe tropicalista que tocava o terror nos rádios e na TV. No fundo, este é um disco trabalhado em foco na voz e no violão de Gilberto, contendo, é claro, bateria, contra-baixo e uma guitarra bem nervosa às vezes, rs. Mas antes de ler qualquer coisa, tente tirar esta imagem de Gilberto da sua cabeça:


      Este é o Gilberto de 2009. O cara de que estou falando viveu há exatos quarenta anos atrás. Não tinha tererê no cabelo e não usava terno nem parecia com o Djavan. Este era nosso Gil que importa:



      Ok. Sabendo disso. Vamos ao disco, hehe! Baixei este disco ha muito tempo pelo excelente sacundibenblog (que sugiro que vocês acessem clicando aqui) e fiquei apaixonado de cara. Não só pela toda grandiosidade musical da obra, mas também pelas três faixas inclusas de um show que Gilberto fez no Brasil logo depois de voltar de seu exílio. Na verdade, "Gilberto Gil" tem oito faixas, mas as outras três são tão incríveis que vou mantê-las pra vocês ouvirem. Pra quem imaginava nosso Gilberto como ministro, de terno e sério, vai acabar conhecendo outro totalmente diferente, que toca Hendrix, Traffic e uma versão de Sgt. Peppers onde os saxs foram substituídos pela própria boca de nosso Gil, haha.

      "Nega (Photograph Blues)", resumida em violão, baixo, guitarra e a impecável voz de Gilberto, abre o disco dignamente, mostrando pra quem nunca ouviu o álbum que a qualidade do disco é mais do que alta. A versão gravada de "Can't Find my Way Home" é maravilhosa, apenas ouvindo pra poder tirar suas conclusões. Separo também a deliciosa "Babylon", onde Gil varia tanto o tom da voz que você se pergunta estar ouvindo ao mesmo cantor. Detalhe: você tem que ouvir tudo em um estéreo, senão vai perder a sensação de ouvir o violão em seu ouvido direito e um quase beat-box de Gilberto no outro ouvido. Também separo a bem humorada "Volkswagen Blues", contando a história de um fusquinha que quebrou o galho de Gilberto várias vezes e que, segundo ele, levou-o até a lua.


      Depois da longa aula de história, deixo-os livres para baixarem e curtirem esse álbum magnífico de um cara certamente mal interpretado musicalmente em nossa sociedade atual. Verei se consigo postar mais vezes na Taverna, mas a faculdade está comendo totalmente meu tempo, porém conseguirei vir aqui e mostrar algo bom pra vocês pelo menos uma vez por semana, rs. E não deixem de conferir o blog que citei, pra quem quer conhecer mais da música brasileira, é um pecado não conhecê-lo. Agora baixe, tire a bunda dessa cadeira e saia por aí assobiando Gilberto Gil por aí!


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